Quando morreu o irmão do Fritz da papelaria
Por Flávio Bittencourt Em: 24/03/2010, às 07H55
Quando morreu o irmão do Fritz da papelaria
O escritor gaúcho Álvaro Moreyra publicou essa estória no livro As amargas, não.
(http://www2.metodista.br/unesco/luizbeltrao/premio.patrocinador.htm)
D. MARCOS BARBOSA, monge
do Mosteiro de São Bento,
radialista e poeta católico - RJ
(http://vieiradominho.olx.pt/radio-antigo-iid-16487837)
(http://www.sebodomessias.com.br/sebo/(S(3vwjhybzkbgjflidmvbglj55))/detalheproduto.aspx?idItem=250758)
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
(http://agrandefraternidadebrancauniversal.blogspot.com/2009/02/mestre-kuthumi-lanto-e-confucio.html)
(http://www.mundodosfilosofos.com.br/foto17.htm)
Da esquerda para a direita: Brecheret, Di Cavalcanti,
Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Helios Seelinger
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/modernismo/arte-moderna-6.php)
Anita Malfatti, Alvaro Moreyra, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/modernismo/arte-moderna-6.php)
EUGÊNIA MOREYRA (líder feminista e
agitadora cultural de linha marxista,
primeira esposa de Álvaro Moreyra,
de quem este infelizmente enviuvou)
E ÁLVARO, EM CARICATURA
(http://www.isabelvasconcellos.com.br/Eug%C3%AAnia%20Moreira.jpg)
ÁLVARO MOREYRA
(http://www.mauricio.bastos.nom.br/noticias/2746-escritor-lembrar.html)
Para a profissionalmente impecável e muito estimada jornalista
Sandra Moreyra,
com saudade de seu avô, o grande escritor gaúcho Álvaro Moreyra,
daqui de uma lan house copacabanense que fica a dois
quarteirões de onde ele e sua esposa Syla moravam, na
R. Francisco Sá, entre Av. N. Sra. Copacabana e R. Raul Pompéia,
no Posto Seis (Rio), e também em memória de
Eugênia Moreyra,
Cecília "Syla" Moreyra,
Dom Marcos Barbosa,
Alziro Zarur,
Sandro Moreyra,
Benjamin Lima e
Ulysses Bittencourt
24.3.2010 (Rio de Janeiro-RJ) - Ele foi um grande mestre na arte de contar estórias - Álvaro Moreyra contava estórias, também pelo rádio. O escritor faleceu em dezembro de 1964, talvez de tristeza, por ter visto, meses antes, o país mergulhar em nova ditadura (*). Sérgio Porto muito o citava. Há uma biografia de Alvaro Moreyra publicada pela Editora Tchê, de Porto Alegre. Foi jornalista e radialista de programas de curta duração, como D. Marcos Barbosa e Alziro Zarur (*). D. Marcos Barbosa, como Alvaro Moreyra (pai do falecido jornalista Sandro Moreyra e avô da repórter Sandra Moreyra, da Tv Globo), também foi membro da ABL (***). Eles fazem muita falta, no Brasil, hoje. Alvaro Moreyra foi amigo dileto de meu avô Benjamin Lima, teatrólogo - um dos fundadores da Academia Amazonense de Letras - nascido em Óbidos-PA, e de meu pai, Ulysses Bittencourt, médico veterinário, jornalista e servidor público amazonense que me levou - mais de uma vez - à sua residência, em Copacabana, quando eu tinha 6 anos de idade. F. A. L. Bittencourt ([email protected])
(*) - Ele e sua esposa Eugenia Moreyra foram presos durante o Estado Novo do truculento ditador Getúlio Vargas.
(**) - Personalidades célebres, como D. Marcos Barbosa (católico), Alziro Zarur (kardecista) e Alvaro Moreyra (marxista/devoto de S. Francisco de Assis), entre vários outros, apresentavam seus próprios textos, no rádio. Era comum ouvirmos, quando tocava o telefone: "- Fulano, avisa que não posso atender, estou ouvindo Dom Marcos!", "- Cicrano, pode dizer que eu fui à padaria: estou ouvindo o Zarur!". "- Por favor, agora não, estou ouvindo o Alvinho".
(***) - Em dez./1964, seu corpo foi sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Baptista, no Rio.
"Guilherme e Fritz eram donos de uma papelaria em São Leopoldo [cidade do estado do Rio Grande do Sul, Brasil]. Todos os domingos, meu pai ia me buscar no colégio e, de volta, entrava na casa de negócio dos dois irmãos. Uma vez, só estava o Fritz. E vestido de preto. - Que é isso? Está de luto? - Sim. O Guilherme... - O Guilherme morreu? - Verdaderramente. - Como!? - Terça Feira. Ficou muito pálido, muito pálido. Deu um grito. Eu cori. Sentei ele naquela caderra, perguntei: que tens? Respondeu: na peito, na peito. Eu disse: esperra um pouco. Fui corendo chamar o doutor Kessler. Endon, o doutor Kessler veio. E endon o Guilherme moreu".
(ÁLVARO MOREYRA, As amargas, não... (lembranças), Rio de Janeiro, Editora Lux, 1954, p. 24)
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MAURÍCIO BASTOS MOSTRA EM SEU SITE UM
TEXTO DE JORGE ADELAR FINATTO SOBRE
ÁLVARO MOREYRA
Alvaro Moreyra
Jorge Adelar Finatto *.
O escritor gaúcho Alvaro Moreyra (Porto Alegre, 1888 - Rio de Janeiro, 1964) faz parte de uma galeria de autores brasileiros que estão muito esquecidos. Poeta, cronista, homem de teatro, apresentador de programas culturais de rádio,*derramou-se em várias frentes do trabalho cultural. A literatura, no entanto, foi o centro de sua atividade criativa. É de justiça recordar o lugar único e luminoso que lhe pertence na nossa vida artística e literária.
Moreyra foi um comunista devoto de São Francisco de Assis e um acadêmico que, ao ver-se no fardão de imortal da Academia Brasileira de Letras, achou-se parecido com um porteiro de edifício. Eleito em 1959 para a ABL, ocupou a cadeira 21, sucedendo a Olegário Mariano. O fardão foi doado pelo Estado do*Rio Grande do Sul, sendo então governador Leonel Brizola.
Depois que morreu formou-se sobre a sua pessoa e a sua*obra*um injusto silêncio. Os mais jovens não têm sequer a oportunidade de conhecê-lo pois não há reedição de seus livros. A crônica brasileira deve muito a Alvaro Moreyra, que influenciou autores do gênero como Rubem Braga e Fernando Sabino. *
Dirigiu revistas como Para Todos e Ilustração Brasileira através das quais lançou poetas e escritores. Com Eugênia Alvaro Moreyra, sua mulher (a primeira repórter brasileira), criou o Teatro de Brinquedo, em 1927, movimento que marcou o início da renovação da arte cênica no Brasil.
Alvaro deixou uma obra notável em qualidade e delicadeza, na qual figuram, entre outros livros, Elegia da bruma, Um sorriso para tudo, Havia uma oliveira no jardim e as Amargas, não.
Sobre ele assim manifestou-se Carlos Drummond de Andrade: “Entre os modelos nacionais que se ofereciam ao aprendiz de literatura, este marcou mais do que todos. As primeiras adorações intelectuais manifestam-se pela imitação, e parecia fácil imitar os flagrantes, as anotações mínimas, de cenas e estados de espírito, a atitude graciosa e descomprometida de Alvaro Moreyra. Não que eu o pretendesse conscientemente, mas deslizava nesse rumo como aquele frade que ouviu cantar o passarinho e se deixou levar na esteira de sua voz. Não consegui, porém, o que outros também não terão conseguido. A fórmula irônico-sentimental de Alvaro era exclusiva, as modulações alheias soavam falso. Quem sabe se não será mais cômodo copiar um estilo empavesado? De qualquer modo, devo admitir que da experiência se apurou o saldo de uma lição de simplicidade, válida para sempre”. (Cadeira de Balanço,* Livraria José Olympio Editora, 8ª ed., Rio de Janeiro, 1976).
Para quem ama a boa literatura, recomendo procurar a obra do autor em bibliotecas e sebos.
* Lembro que Alvaro Moreyra foi, além de tudo, um ser humano dotado de imensa generosidade.
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Um texto de Alvaro Moreyra.
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Nunca tirei do coração a cidade onde nasci, a cidade que me viu menino por tantas ruas que ainda existem, debaixo do céu mais bonito do mundo, ruas remotas como aquelas avós que estão dormindo lá em cima, entre os muros brancos da ladeira da Azenha. Na manhã de primavera, que em Porto Alegre é mesmo primavera (eu tinha os olhos cheios de rosas), parei diante do rio, largo, longo, a se perder de vista. Estendi-lhe as minhas mãos: - Bom-dia, Guaíba! Como você é bonito! - *E bem da terra, bem da gente, senti que ele me respondeu: - Não… não sou eu… são essas ilhas… *- Você é a água que passa e leva a luz do sol, a luz da lua e das estrelas, os clarins da madrugada, os ecos da Ave-Maria, todas as serenatas. Rumores, claridades, ressonâncias, reflexos, em você, se transformam no silêncio puro, na sombra profunda. Que importam as margens! O rio segue para a frente! O rio é um caminho sem fim… (As amargas, não, Instituto Estadual do Livro, Porto Alegre, 1989).
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Foto de Alvaro Moreyra: site da Academia Brasileira de Letras".
(http://www.mauricio.bastos.nom.br/noticias/2746-escritor-lembrar.html)
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SANDRA MOREYRA, da Tv Globo,
neta de Alvaro e Eugenia Moreyra
(http://portalparedao.blogspot.com/2008/10/sandra-moreyra-e-marcelo-gorodicht.html)
Na SALA ALVARO MOREYRA (Porto Alegre-RS), A Cia. Espaço em Branco apresentou Teresa e o Aquário
"Quarta-feira, Março 04, 2009
TERESA E O AQUARIO 2009
2009 a peça volta a cartaz no Espaço Ox do Bar Ocidente, nas quartas-feiras de 11 a 25 de março às 21h, e em seguida na Sala Álvaro Moreyra, de 10 de abril a 10 de maio, sextas e sábados às 21h e domingos às 20h