[Maria do Rosário Pedreira]

Quando comecei a publicar, houve um poeta consagrado que me disse que o meu nome não era grande coisa como nome literário; tinha razão, claro (Maria do Rosário?), e ainda equacionei a hipótese de usar outro com que, de resto, assinei uns poemas nos idos de oitenta de que já mal me lembro. Depois, porém, quando me tornei escritora juvenil (com prémio e tudo) num tempo em que era professora, a editorial Verbo pediu que mantivesse o meu nome verdadeiro para que os alunos o reconhecessem na capa dos livros. Achei então que dois nomes eram demais para alguém com metro e meio e resolvi usar o mesmo para tudo. Mas ainda tenho saudades daquele pseudónimo. Por vezes, porém, os pseudónimos causam algumas situações inesperadas e acho que já vos contei aquela vez, há muitos anos, em que Mia Couto foi convidado para um encontro sobre feminismo na África do Sul e todos estavavam à espera de uma mulher negra (Mia e moçambique...) quando lhes apareceu à frente aquele homem de olhos claros e pele branca. Mas também me lembro de um ano em que as duas autoras da colecção Uma Aventura não puderam receber logo o seu pocket money num festival em Genebra porque nenhuma delas tinha o apelido com que assinava os livros. Alçada e Magalhães eram, na verdade, os apelidos dos ex-maridos das escritoras, mas, como a colecção já ia de vento em popa, não fazia sentido alterá-los.