Certos homens se mostram plenamente satisfeitos após uma simples jornada de trabalho: são os imediatistas. Outros sentem que cumpriram sua missão como indivíduo produtivo quando lhes bate à porta a aposentadoria: são os conformados. Alguns, no entanto, enquanto lhes corre sangue nas veias ou vislumbram uma oportunidade de se fazerem úteis à sociedade e a seus irmãos, lá estão eles, procurando dar sua parcela de colaboração ou tentando resolver problemas dos demais: são os abnegados.
      Abraham Lincoln, um dos maiores presidentes que os Estados Unidos tiveram, disse, com muita propriedade, que quem não vive para servir, não serve para viver.
Dentre todos os seres vivos, talvez seja o homem o mais dependente dos outros. Dos primeiros dias de sua vida, em que não é capaz, sequer, de se autoalimentar, até o final dela, quando física, mental e, mesmo, moralmente, definha, ele depende de alguém para auxiliá-lo, orientá-lo, fazer determinadas tarefas que exigem força maior do que a de que dispõe.
     Portanto, ninguém pode nem deve se sentir completo, realizado, apenas porque conseguiu uma condição intelectual que o coloca num patamar superior a muitos de seus pares; ou por ter construído uma carreira de sucesso; constituído uma grande família, criado e educado, confortavelmente, os filhos que a vida lhe deu, ou por ocupar um seleto e diferenciado nicho da sociedade. A vida não aceita que abdiquemos de servir: precisamos fazer isso, ininterruptamente. Existe sempre um meio de realizarmos serviços, que cabe e combina com nossas peculiaridades individuais.
     Há homens que se voltam para a religião ao findar-se sua fase produtiva ou profissional; outros passam a criar a partir do ócio em que mergulham, voluntariamente ou não; um número considerável se dedica a praticar o altruísmo de forma mais efusiva. Não são poucos os que optam por se entregar à vida política. Qualquer que seja a vocação, o que se espera de cada um é que abrace a causa com honestidade, seriedade, senso de justiça; não, simplesmente, fazendo dessa nova ocupação uma válvula para escapar do marasmo, um mero modo de suprir o tempo vago. Enfim, que eles façam da opção escolhida um moto-contínuo do bem servir.
     Em razão das vicissitudes que parecem inerentes à carreira política, deve-se louvar a coragem daquele homem que sentiu ter chegado seu momento de abraçá-la, por entender que tem disposição, saúde e vontade suficientes para tanto. É que deve ter pesado na escolha dessa nova direção a mesma certeza que o teria levado a assumir todas as outras empreitadas existenciais: de que não há como não dar certo aquilo que se busca, incessantemente ou se quer, verdadeiramente. Atento ao que acontece no local onde vive e com as pessoas cuja missão é cuidar, acredita que pode ajudar de várias formas, dentre elas, como representante do povo. Haja vista não ter dúvida de que continua um homem ilibado e honesto, sente-se preparado e pronto para oferecer à sociedade que o acolheu na condição de membro, agora como seu porta-voz, muito trabalho e prestação de serviços.
      A esse prezado cidadão, um conselho: segue em frente, atende ao chamado da tua consciência. Os que torcem por ti sabem que és capaz de mudar a percepção dos que estão incrédulos diante dos péssimos exemplos que representantes do povo nos têm dado. Há sempre luz no final do túnel, e o dia de amanhã não deixará de existir. E é nele que eles creem que estarás para fazer de modo diferente.
     Vai lá e prova, homem, para quem ainda esteja descrente, que viver é servir.
      Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal e escritor piauiense ([email protected])