POR TRÁS DO ABORTO ESTÁ O MACHISMO

Miguel Carqueija

 

Sendo o aborto ou feticídio um crime mais do homem que da mulher (e muita gente não percebe isso) é óbvio que se trata de uma arma dos machistas espalhadfos pelo planeta. O pai ou o marido que espanca a filha ou esposa, para obrigá-la a abortar (e alguns chegam a chutar ou dar pancadas no ventre grávido para provocar o aborto na marra), o libertino que engravida a namorada de ocasião, que pode até ser menor de idade, e depois diz para ela “tirar fora” (tirar = matar, nesse caso), isso quando não some simplesmente do mapa — é o machismo agindo da maneira mais torpe.

Nesse último caso — do sedutor que, satisfeito o seu desejo, desaparece no mundo — há um caso assim no célebre romance “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto.

Afinal de contas, em volta de um abortamento não existe apenas a gestante e a criança a ser sacrificada. Há toda uma legião de pessoas (da família ou não) que participam da monstruosidade, inclusive os maus aconselhadores além da equipe médica. Vocês verão que há mais homens que mulheres na maioria dos casos; não sei de estatística mas temos mais notícia de médicos aborteiros (esses os maiores culpados, pois desonra a própria Medicina) homens, que médicas aborteiras.

Para coroar a tese temos o aborto seletivo contra mulheres. De fato, a maior parte das vítimas fatais do aborto — e não falo das gestantes que morrem em abortórios tanto clandestinos como legalizados, representam a minoria das vítimas; falo obviamente dos bebês — são mulheres. Talvez o movimento feminista não goste que se fale nisso, mas é a pura verdade, e é aqui que os extremos se tocam, pois tanto machistas quant feministas são ferozmente a favor do abortamento e sua total legalização.

Esse aborto seletivo ocorre amplamente em países da Ásia mas também em menor escala no Ocidente. Funciona assim: primeiro detectam o sexo da criança em gestação. Aí, se for menina, abortam.

As pessoas pró-vida são decididamente contra tais atrocidades não por serem “do contra” mas por serem favoráveis à sacraldade da vida humana, da concepção à morte natural, recusando o descarte dos inocente. Matar, só em legítima defesa.

Quanto ao aborto seletivo, reflitam nisso: as meninas são assassinadas pelo “crime” de serem meninas.

É possível aceitar essa aberração?

 

Rio de Janeiro, 3 de maio de 2019.