Poemas do livro "Urdidura de Sonhos e Assombros"

 

LONDRES, 07 DE JULHO DE 2005

 

o dia amanheceu mais triste.

Londres com suas cabines

e seus ônibus vermelhos,

ainda mais vermelho.

 

 

INSTANTES, APENAS

 

que sabemos nós do tempo,

se a cada momento deixamos

de ser o que somos?

 

do silêncio nada sabemos.

a cada instante somos, apenas.

 

 

BOUTEILLE

 

em letras garrafais

te sinto

e

te desejo

como a uma botelha de absinto

 

 

ANFITRITE

 

em teus largos mares azuis, velejei.

hoje, diviso apenas

meu barco encalacrado em teu porto.

 

 

CAPINA

 

o vazio do sopro na esteira do dia

calcina o corte na minha pálida pele

enquanto

submeto ao martelo da noite

a líquida lembrança de sua retina.

 

foi-se. como foice, em capim.