Pescadores de Autazes-AM resgataram um filhote de peixe-boi fêmea
 

O portal G-1 divulgou a auspiciosa informação, às 21h58 de ontem, segunda-feira, 5.7.2010.

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

ESTAMPA EUCALOL: a pesca do peixe-boi

era praticada em série no passado e hoje

residualmente ainda existe, em escala felizmente

muito menor, graças aos esforços dos defensores

desse fabuloso mamífero aquático; no ombro do

caboclo que, no desenho, está no primeiro plano,

há um pirarucu (peixe) sendo pelo mesmo pescador

carregado 

(Sem a legenda acima redigida, a reprodução da imagem da estampa pode ser encontrada, na Web, em: http://www.brasilcult.pro.br/brasil_antigo/viajandobr/viajandobr18.htm,

sendo a legenda (ecologicamente incorreta) original a seguinte:

'Peixe-boi'  é um mamífero aquático que habita as costas norte do país e a Amazônia. Mede, normalmente, dois metros e meio de comprimento e alimenta-se de capim dos rios e lagos. Sua carne é muito saborosa. Com a carne e as tripas do 'peixe-boi' fazem-se saborosos assados conhecidos na Amazônia como 'Mixira' ").

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TEREZA COLLOR: CELEBRIDADE QUE LUTA

PELA PRESERVAÇÃO DOS PEIXES-BOIS

(Só a foto, sem a legenda lida logo acima: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/peltier/2002/04/26/jorcolpel20020426001.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Richard Rasmussen interage, na mesma altura,

com um simpático e comunicativo pinguim

(Só a foto, sem a legenda desta "Recontando...":

http://brtelevisao.blogspot.com/2009/08/richard-rasmussen-o-selvagem-da-record.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rasmussen entrevista tratador no momento mesmo

de maternal aleitamento de pequerrucho "manati

amazônico": TRABALHO PRECIOSO DA REDE RECORD

DE TELEVISÃO ENFOCADO POR COMPETENTES FOTÓGRAFA

E REPÓRTER DO DIÁRIO DE PERNAMBUCO (Júlia Kacowicz,

TEXTO; Clara Cavalcanti , FOTO)

(Sem a legenda lida acima:

http://blogs.diariodepernambuco.com.br/meio_ambiente/?p=2696)

 

 

 

mixirac01f04
As águas do Lago Badajós, no rio Solimões, estão bem baixas no final do verão.
Tão baixas que nem o casquinho passa”, diz o caboclo.
Esta casa na beira do lago é flutuante e no inverno, no pico da cheia, estara flutuando no alto do barranco que se vê a esquerda na foto.
Enquanto a mulher prepara as tripas do peixe-boi para fazer a mixira, a linguiça cabocla, para conservar a carne por mais tempo, os homens separam a banha da carne que ocupa quase todo o tablado de madeira.
Esta é a amazônia real, invisível e ainda não compreendida pela maioria dos habitantes dos gabinetes, debruçados sobre fotografias de satélite, fazendo contas do mato derrubado, calculando  a temperatura do planeta.
Como fazer o lago Badajós que esta a 30 horas de barco de Manaus ser auto-sustentável?"
 
(PEDRO MARTINELLI, em seu blog,
 
 
 

"Saiba quem é Pedro Martinelli - Pedrão é um foto jornalista que anda, andou muito, continua andando, navegando, há 30 anos, registrando histórias da Amazônia".

Pedro Martinelli

 

 

 

 

 

 

 

(PEDRO MARTINELLI,

 
 
 
 
 
 
 
 
Séfora Antela/Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TRATADOR DEMONSTRA FELICIDADE PLENA AO CUIDAR BEM DE PEIXE-BOI NA

TENRA INFÂNCIA, com o providencial apoio da benemérita PETROBRAS, que financia

a proteção do "manati amazônico" (emblema da empresa está na manga do braço direito 

do uniforme desse trabalhador,

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,peixe-boi-e-encontrado-ferido-no-amazonas,537743,0.htm)

 

 

 

 

 

"Para explicar a origem do peixe-boi os índios contavam uma lenda que dizia que em uma certa tribo indígena, habitante do vale do Rio Solimões, no Amazonas, foi realizada uma grande festa da moça nova e pela ação de Curumi.
 
O pajé mandou que a moça nova e o Curumi mergulhassem nas águas do rio. Quando mergulharam o pajé jogou, em cima de cada um deles, uma tala de canarana. Quando voltaram à tona já haviam se transformado em peixes-bois.
 
A partir desse casal nasceram todos os outros peixes-bois. É por esse motivo que eles se alimentam de canarana [ESPÉCIE DE CAPIM AQUÁTICO QUE MUITAS VEZES CAUSA PROBLEMAS EM HÉLICES DE EMBARCAÇÕES FLUVIAIS]".
 

(SEM INDICAÇÃO DO RECONTADOR, a lenda acima transcrita pode ser lida, na Web, em:

http://contoselendas.blogspot.com/2004/11/peixe-boi.html)

 

 

 

 

"(...) O principal período de alimentação de peixe-boi ocorre na estação chuvosa, quando a obtenção de alimentos é facilitada, permitindo à espécie acumular gordura. O forrageamento é feito em áreas sazonalmente inundáveis. O Trichechus inunguis pode mover-se cerca de 2,7 km/dia nas áreas de alimentação. Com isso controlam o crescimento das plantas aquáticas e fertilizam com suas fezes as águas que freqüentam, contribuindo para a produtividade pesqueira.

A Amazônia é uma floresta tropical, e seus ecossistemas são extremamente complexos e delicados. O perfeito equilíbrio da biodiversidade de espécies da fauna e da flora são responsáveis pelas trocas de energia e a manutenção da vida
.

Fontes:
www.saudeanimal.com.br/peixe_boi.htm

www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agua/
doce/index.html&conteudo=./a gua/doce/artigos/peixe.html
"

(http://www.brasilcult.pro.br/brasil_antigo/viajandobr/viajandobr18.htm)

 

 

 

 

 

 

                                               Homenageando os pescadores da Amazônia,

                                               os cientistas do INPA (Manaus), do IGHA (Instituto Geográfico e

                                               Historico do Amazonas), do Museu Goeldi (Belém) e das

                                               universidades da Região Norte do Brasil,

                                                os jornalistas do portal G-1, os fotógrafos

                                                Clara Cavalcanti, Pedro Martinelli e Eduardo Gomes, sendo

                                                este último do Instituto Nacional de Pesquisas da

                                                Amazônia, a jornalista Júlia Kacowicz, do Diário de Pernambuco,

                                                Tereza Collor - que ajuda movimentos de proteção do "manati amazônico" -,

                                                o biólogo e repórter Richard Rasmussen - um amigo verdadeiro dos animais

                                                (que trabalhava na Rede Record, tendo sido depois

                                                contratado pelo SBT)  -  como também amigos dos animais silvestres

                                                são os seguintes cientístas, que tratam o  peixe-boi da Amazônia com o

                                                interesse de quem ESTUDA E SALVA UMA ESPÉCIE EM PERIGO

                                                DE EXTINÇÃO:

                                                Vera M. F. da Silva, do CPBA/INPA,

                                                Cláudio Alvarenga, da USP

                                                Zenia M. Rodriguez-Chácon, do INPA

                                               J. Anselmo d’Affonseca Neto, do INPA

                                               Renata S. Souza-Lima, da UFMG

                                               Germana P. Pimentel, da UFPE

                                               Redna M. Faraco, do INPA

                                               Gália Ely Mattos, do INPA

                                               Hedylamar O. Marques, do HEMOAM

                                               Elvira Guerra Shinohara, da USP

                                               Maria Inês de O. Pereira, do CPAQ/ INPA,

                                               Edson Lessi, do CPTA/INPA e os

                                               amorosos e felizes TRATATADORES DE PEIXES-BOIS

 

 

 

 

 

6.7.2010 - No mundo, atualmente, há grande interesse na salvação de micos-leões-dourados, pandas grandes e pequenos, salamandras gigantes da China, peixes-bois, tartarugas, jabotis e grandes primatas como gorilas, bonobos, chimpanzés, seres humanos e orangotantos (tanto os machos, quanto as fêmeas) - No Amazonas, pescadores de Autazes fizeram benemérita ação que agrada não apenas os defensores da natureza, mas toda a humanidade de nosso tão agredido planeta. F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

05/07/2010 21h58 - Atualizado em 05/07/2010 22h05

Filhote de peixe-boi é resgatado no Amazonas

 

Fêmea tem aproximadamente dois meses, segundo Inpa.
Animal foi encontrado por pescadores em Autazes.

Do G1, em São Paulo

Peixe-boi é resgatado no AmazonasFilhote de peixe-boi, com aproximadamente dois meses, é resgatado no Amazonas  (Foto: Eduardo Gomes/Inpa/Divulgação)

Um filhote de peixe-boi, com aproximadamente dois meses, chegou ao Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) em Manaus, nesta segunda-feira (5).

A fêmea foi encontrada por pescadores em Autazes (AM), na sexta-feira (2), e resgatada por uma equipe da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa). Na comunidade, ela recebeu o nome de Iara, que será mantido".

(http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/filhote-de-peixe-boi-e-resgatado-no-amazonas05072010.html)

 

(http://architectureforhumanity.org/updates/2010-04-01-architecture-for-humanity-announces-new-spokesanimal)

 

 

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UM FILHOTE DE PEIXE-BOI, OBJETO DE INTERESSE MIDIÁTICO:

TRABALHO JORNALÍSTICO DA REDE RECORD DE TELEVISÃO como

objeto de cobertura metajornalística do DIÁRIO DE PERNAMBUCO 

(TEXTO DE JÚLIA KACOWICZ, repórter do Diário de Pernambuco;

FOTO DE CLARA CAVALCANTI)

 

"Peixes-bois ganham fama nacional

Foto de Clara Cavalcanti. Divulgação do PPB“Nossos queridos” peixes-bois ganharão repercussão nacional neste domingo. Digo “nossos” pela consideração de proximidade, já que o Projeto Peixe-Boi está sediado em Itamaracá. ”Queridos” porque, pelo menos para mim, esses conterrâneos são encantadores. E repercussão nacional porque estarão no quadro “Selvagem ao Extremo”, exibido pela Record.

O programa, comandado pelo biólogo Richard Rasmussen no Domingo Espetacular, será dedicado à atuação do Projeto Peixe-boi (PPB) para conservar a espécie no país. Logo, parte das imagens foi grava na sede nacional do PPB, no litoral Norte de Pernambuco, onde são reabilitados os animais resgatados de encalhes.

Toda a história de luta no resgate, recuperação e readaptação dos animais à natureza será contada a partir das 18h15. Vamos ver se eles também cativam moradores de áreas mais distantes. Na foto, de Clara Cavalcanti, podemos ver um pouco dos bastidores das filmagens quando Richard conversava com os tratadores do projeto.

Tags: , , , , ".

(http://blogs.diariodepernambuco.com.br/meio_ambiente/?p=2696)

 

 

 

FAÇA COMO A PETROBRAS, O GOVERNO BRASILEIRO E, dentro de suas possibilidades, 

ESTA COLUNA "Recontando estórias do domínio público":

PRESTIGIE A AMPA!

 

(http://www.universohq.com/quadrinhos/2006/imagens/logo-ampa.jpg)

 

 

 

 

(http://www.amigosdopeixe-boi.org.br/)

 

 

===

 

 

ABAIXO TRANSCRITOS ESTÃO

ARTIGOS CIENTÍFICOS CUJA EXCELÊNCIA

ACADÊMICA E PRÁTICA É DECORRENTE DA

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL NA DEFESA

DOS ANIMAIS SILVESTRES E DOS CONHECIMENTOS

ADQUIRIDOS, DURANTE MUITOS ANOS DE ABNEGADOS

ESTUDOS, PELOS INVESTIGADORES CIENTÍFICOS

ABAIXO RELACIONADOS, a quem este espaço de crítica,

discussão e defesa dos ecossistemas naturais do planeta

presta homenagem em forma de divulgação massiva

em espaço de REVISTA ELETRÔNICA DE ARTE E CULTURA

de (por assim dizer) grande circulação ou, mais precisamente,

como se diz na atualidade, de expressivo índice mundial de

acessos.

 

EQUIPE CIENTÍFICA

(autores dos artigos adiante transcritos

em benefício da divulgação dos trabalhos

úteis à salvação da espécie dos peixes-bois

da Amazônia [trichechus inunguis])

COORDENADORA: Drª. Vera M. F. da Silva CPBA/INPA

PESQUISADORES: Dr. Cláudio Alvarenga, USP/SP

M.Sc. Zenia M. Rodriguez-Chácon. INPA

MD.Vet. J. Anselmo d’Affonseca Neto, INPA

M.Sc. Renata S. Souza-Lima, UFMG

M.Sc. Germana P. Pimentel, UFPE

Bel. Redna. M. Faraco, INPA

Bel. Gália Ely Mattos, INPA

COLABORADORES: Drª. Hedylamar O. Marques, HEMOAM

Drª. Elvira Guerra Shinohara USP/SP

Maria Inês de O. Pereira CPAQ/ INPA

Dr. Edson Lessi CPTA/INPA

  

 === em edição ===

 

"O peixe-boi da Amazônia teve um importante papel no desenvolvimento

da região e é um animal bastante importante na cultura amazônica. Sua caça

remonta de 1542 quando era abatido pelas tribos indígenas para utilização da

sua carne (Best, 1984) até os nosso dias, como caça de subsistência das população

ribeirinhas. Entre 1935 e 1954, mais de 200.000 couros de peixe-boi foram

exportados da Amazônia para utilização industrial (Domning, 1982). O peixeboi

encontra-se classificado como espécie da fauna brasileira ameaçada de

extinção e protegido por lei desde 1967.

O Projeto Conservação e manejo do Peixe-boi da Amazônia

inunguis

estudo simultâneo de diferentes aspectos vitais da biologia (saúde/nutrição/

reprodução-comportamento) dessa espécie em cativeiro. Os resultados obtidos

neste projeto deverão gerar informações que permitirão estabelecer um programa

piloto de criação em cativeiro, visando uma maior produção e manejo adequado

dos estoques existentes para a conservação da espécie. Os principais

aspectos propostos nesse projeto foram:

1] Controle do estado de saúde, com objetivo de determinar os padrões

normais de hematócrito, hemoglobina, hemograma completo, proteínas totais e

conteúdo mineral no soro; Avaliar a variação do número de hemáceas e demais

parâmetros hematológicos nos animais com suplementação alimentar e prevenir

doenças por carência de nutrientes.

2] Estudos nutricionais que viessem a determinar as características

bromatológicas das planta mais utilizadas pelo peixe-boi, conhecer suas preferências

alimentares, determinar a digestibilidade, níveis protéicos mais adequados

para a espécie e testar diferentes dietas nos adultos e diferentes fórmulas

lácteas no desenvolvimento dos filhotes.

3] Estudos de dosagens hormonais para determinação do ciclo estral das

fêmeas e as concentrações de testosterona nos machos. Nesse mesmo item foi

proposto que estudos comparativos de extração e dosagem de hormônios a partir

de diferentes materiais biológicos (fezes, urina, saliva e mucosa) fossem

efetuados para estabelecer um método para determinação do ciclo reprodutivo

por meio de métodos não invasivos.

A correlação das dosagens de hormônios esteroides com os padrões de

comportamento foram sugeridos de forma a distinguir os comportamentos sociais

daqueles de contexto reprodutivo, e examinar os efeitos da condição

reprodutiva na estrutura do grupo.

Trichechusem cativeiro (PPD-G7 08050-95), foi proposto de forma a permitir um

Conservação e manejo do

peixe-boi da Amazônia

(

 

trichechus inunguis) em cativeiro 

 

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (trichechus inunguis) em cativeiro T. inunguis (dois machosad libitum (Fig. 1). trichechus inunguis) em cativeiro ad libitum. O desmame, trichechus inunguis) em cativeiro T. manatus (Bachman&Irvine, 1979) eT. inunguis trichechus inunguis) em cativeiro T. manatus,T. inunguis, resultantes da caça ilegal na Amazônia (Best, 1982; trichechus inunguis) em cativeiro T. manatus não teria habilidade

Na natureza, os peixes-bois consomem uma grande variedade de

macrófitas aquáticas e semi-aquáticas cuja abundância e qualidade nutricional

é sazonal, dependendo da subida e descida da água durante a cheia e seca na

região.

219

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

No INPA, os peixes-bois mantidos em cativeiro recebem como parte da

alimentação cerca de 50% de capim colônia ou capim angola (

Brachiara mutica)

que não faz parte da alimentação natural da espécie. Considerando a importância

desta gramínea na alimentação dos peixes-bois em cativeiro no INPA e a

falta de informações sobre a digestibilidade dessas plantas, foram analisadas as

principais características físico-químicas das fezes de peixes-bois alimentados

com capim colônia.

O conhecimento das características alimentares do peixe-boi em cativeiro

é indispensável para a manutenção destes animais em boas condições de saúde.

Portanto as características da composição centesimal tanto das plantas

consumidas quanto das fezes, vem sendo estudadas para obtermos subsídios

que permitam elaborar dietas apropriadas para a espécie.

Material e Métodos

Durante dois meses uma fêmea mantida isolada dos outros animais, foi

alimentada exclusivamente com capim colônia (

libitum

A coleta das fezes iniciou-se após 15 dias de adaptação. Cada coleta era

realizada até no máximo uma hora após cada defecação e congelada até o momento

das análises laboratoriais.

As análises, na matéria seca (105ºC), realizadas de acordo com as “normas

analíticas do Instituto Adolfo Lutz” (1985) são: umidade, lipídios, protídios,

carboidratos, cinza, fibra total, bases voláteis totais (N-BVT) e cinza insolúvel

em HCL.

Brachiara mutica), fornecido ad, e coletado normalmente 3 vezes na semana.

Resultados e Discussão

Os resultados das análises são apresentado na Tabela 1. Verifica-se que os

teores de proteína obtidos foram ligeiramente inferiores aos valores apresentados

por Lomolino (1977) para as fezes do peixe-boi marinho (

com outros herbívoros terrestres (cervo, ovelha e novilho), observa-se

que as fezes dos peixes-bois apresentam maior teor de umidade e lipídios.

O alto conteúdo de lipídios sugere que o processo fisiológico digestivo

dessa espécie transforma o alimento consumido (do qual acima de 40% é representado

por carboidratos, (NPNAA, 1992), produzindo grandes quantidades de

lipídios, parte dos quais é absorvido, enquanto que outra parte é excretada nas

fezes como produtos metabólicos.

Os teores de fibra são ligeiramente mais baixos quando comparado com

outras espécies, e pode ser devido a uma maior efici6encia na digestibilidade da

fibra como sugerido por Burn (1986).

A percentagem de cinzas insolúveis em ácido clorídrico é levada em relação

ao total de cinzas presentes nas fezes. Isso indica que esse parâmetro poderia

ser utilizado para determinação da digestibilidade do capim colônia.

220

T. manatus). Comparado

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

O hábito de coprofagia existente nessa espécie poderia ser explicada,

pelo alto teor de lipídios nas fezes, como uma estratégia para maximizar esses

nutrientes.

Experimentos de digestibilidade vem sendo desenvolvidos com outros

animais e outras plantas, para conseguir formular dietas cada vez mais apropriadas

e estabelecer padrões de normalidade que possam ajudar nos estudos de

saúde e nutrição desses animais.

Preferência alimentar do peixe-boi em cativeiro

Z M, Rodriguez Chacon, V. M. F. da Silva

Experimentos para testar a preferência alimentar do peixe-boi Amazônico

em cativeiro foram efetuados utilizando-se 8 animais de diferentes idades. Um

total de 8 plantas (3 cultivadas, 4 plantas comuns na dieta dos peixes-bois na

natureza e 1 planta terrestre, coletada nas proximidades do INPA). Foram utilizadas:

alface, Cabomba sp., capim colônia, couve, Eichhornia sp., Pistia sp.,

repolho e Salvinia sp.

Resultados preliminares mostraram a seguinte ordem de preferência pelas

plantas oferecidas:

1- Alface

2- Cabomba sp

3- Pistia sp

4- Repolho

5- Couve

6- Salvinia sp

7- Eichhornia sp

8- Capim (Gramínea).

Testes estatísticos mostraram haver diferenças significativas na preferência

alimentar entre individual entre os adultos e entre adultos e filhotes.

REPRODUÇÃO DO PEIXE-BOI

Uma das metas do Projeto PPD-G7 05080-95, é desenvolver métodos nãoinvasivos

que permitam determinar e monitorar o ciclo reprodutivo dos peixesbois

da Amazônia. Os métodos convencionais para a obtenção de informações

de origem endócrina em animais domésticos são baseados em coleta seriada de

sangue. Este procedimento não é aconselhável para espécies susceptíveis ao

estresse como é o caso do peixe-boi. Análises de diferentes materiais biológicos

usando-se métodos não-invasivos que mensuram os metabólitos hormonais

excretados como fezes e urina, saliva e muco vaginal foram propostos para

comparação com os níveis hormonais no sangue.

221

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

Extração de hormônios reprodutivos

de fezes em peixe-boi macho

Germana P. Pimentel

Durante doze meses fezes de três fêmeas adultas, três machos adultos,

um casal de jovens e um casal de filhotes, mantidos em cativeiro no INPA foram

coletadas e mantidas congelado a -20°C até análise. Entre março/96 a abril/97

um total de 1031 amostras de fezes foram coletadas, sendo 135 de Tupi, 134 de

Arandú e 87 de Yanomami, três machos adultos mantidos em cativeiro no INPA.

Destas, apenas 59 amostras (21 do Tupi, 21 do Arandú e 17 do Yanomami),

correspondendo ao período de coleta de agosto-dezembro/1996 e abril-maio/

1997 foram analisadas.

Nesse estudo, utilizou-se a técnica de radioimunoensaio (RIE), comum

na determinação de compostos com baixo peso molecular, como os hormônios

esteróides. A determinação hormonal foi feita no Laboratório de Biofísica Celular

e Molecular, Departamento de Biofísica e Radiobiologia, da Universidade

Federal de Pernambuco (UFPE).

Em machos, o controle hormonal da reprodução parece ser relativamente

simples. Os hormônios esteróides exercem efeitos significativos no comportamento

e a testosterona uma vez secretada, mantém o desejo sexual nos machos e

inicia a libido, desencadeando o período reprodutivo. A relação entre o

excitamento sexual e a liberação de testosterona é um indicador de atividade

reprodutiva (Austin & Short, 1984), assim, esse esteróide foi o escolhido para a

determinação do ciclo reprodutivo nos peixes-bois machos, através das fezes. A

mensuração da abundância dos esteróides metabólicos predominantemente

excretados nas fezes de uma espécie em perigo de extinção é importante como

base para um melhor conhecimento da sua biologia e auxiliar no manejo e conservação

da espécie.

Resultados

Os níveis de testosterona fecal dos três machos (Tupy, Arandú e

Yanomami) avaliados durante o período de agosto-dezembro/96 e abril-maio/

97 são mostrados nas Figuras 1, 2 e 3.

222

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

Figura 1 - Concentração de testosterona de Arandú durante o período de ago-dez

96 e abr-mai/97.Observa-se três momentos de elevação do nível de testosterona.

Por ordem decrescente de valores, o primeiro ocorrendo no início do mês de dezembro

(02/12; 31,2 ng/ml), logo após no final de agosto (30/08; 25,9 ng/ml) e por

último em outubro (07/10 ;23,3 ng/ml).

Figura 2 - Concentração de testosterona de Tupi durante o período de ago-dez/96 e

abr/97. Apresenta cinco momentos de elevação do nível de testosterona.. Por ordem

decrescente de valores são em: dezembro (27/12; 38,3 ng/ml e 14/12 (34.3 ng/

ml), setembro (12/09; 34,5 ng/ml), novembro (22/11;31,7 ng/ml), e em abril (23/

04;30,6 ng/ml).

223

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

Os três peixes-bois apresentaram os maiores níveis de produção de

testosterona durante o período chuvoso: Arandú em dezembro e outubro; Tupi

em novembro e dezembro e o Yanomami em outubro e dezembro, quando a

precipitação pluviométrica foi superior a 150 mm. Os primeiros picos aparecem

com o início das chuvas (agosto e setembro.), coincidindo com um período de

pós-estiagem (julho - ~10 mm) e se mantêm com maior freqüência e intensidade

no período chuvoso (outubro, novembro e dezembro). No final do período de

grande precipitação (fevereiro e março /97 - > 340 mm), as concentrações de

testosterona parecem também decair (abril e maio). As análises feitas com as

concentrações médias mensais corroboram esses resultados (Fig. 4).

Figura 3 - Mostra a concentração de testosterona (ng/ml) de Yanomami durante o

período de ago-dez/96 e abril/97. Pode-se observar quatro picos de elevação do

nível de testosterona que, em ordem decrescente de valores são: dezembro (27/

12;43,0 ng/ml e em 14/12;34.3 ng/ml), outubro (14/10;41,9 ng/ml), e setembro (06/

08;37,5 ng/ml).

Figura 4 - Média mensal de concentração de testosterona (ng/ml) por indivíduo em

relação ao índice de precipitação pluviométrica (mm).

224

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

Ao longo do período de estudo (agosto-dezembro/96 e abril-maio/97),

não foi observada diferença significativa entre as concentrações de testosterona

dos três indivíduos analisados (ANOVA; n=59;

Ao analisar separadamente a concentração de testosterona dos três indivíduos

em cada período (agosto-dezembro/96 e abril-maio/97), foi verificado

que, embora apresentem padrões semelhantes, apenas no período de final da

temporada de chuvas (1997) os três indivíduos se comportavam diferentemente

(p = 0,0132); o Teste de Tukey (subrotina da ANOVA), indicou que essa diferença

era causada pelas concentrações apresentadas pelo Tupi (Fig. 5).

p = 0,0851).

Figura 5 - Variação da concentração de testosterona durante os períodos sem chuva

(sc/96) e com chuva de 1996 (cc/96) e final da temporada de chuvas de 1997 (sc/97)

por indivíduo.

O teste de Kruskal-Wallis não indicou diferenças significativas entre os

períodos sem chuvas (1996), com chuvas (1996) e final da temporada de chuvas

(1997) (

diferença sazonal na produção deste hormônio no período de agosto-dezembro/

96 e abril-maio/97.

Correlações entre a produção deste hormônio com outros fatores

ambientais foram verificadas, indicando uma forte influência no ciclo biológico

dos animais e uma provável sazonalidade no ciclo reprodutivo do peixe-boi.

Observa-se que, durante o período chuvoso (outubro, novembro e dezembro),

a concentração média de testosterona nos indivíduos foi maior, a exceção

do Tupi, que apresentou o valor de testosterona mais elevado no período final da

temporada de chuvas (Julho -Fig. 5 e 6).

Os valores da precipitação pluviométrica e temperatura mensais são apresentados

na Fig. 7. O maior valor de temperatura e de precipitação, dentro do

período de estudo, foi encontrado no mês de Setembro/96 e em Abril/97 respectivamente.

Esses dois fatores comportam-se de maneira inversa ao longo do ano.

225

p = 0,0965), demonstrando que para a amostra analisada não existe

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

Figura 7 - Dados de precipitação pluviométrica (mm) e temperatura (

partir de julho/96 a julho/97.

oC) anual a

Discussão

Nesse trabalho os testes estatísticos não apresentaram correlação significativa

entre a precipitação pluviométrica e a produção de testosterona, mas nos

gráficos obtidos, observa-se uma relação direta entre essas duas variáveis. Os

testes estatísticos entretanto, confirmam a existência de forte correlação entre a

temperatura e as concentrações de testosterona (relação inversa), mostrando

que mesmo em indivíduos confinados existe uma forte influência climática, tanto

da precipitação como da temperatura.

As análises feitas para o período entre outubro -dezembro mostraram que

as maiores concentrações de testosterona foram encontradas no período posterior

ao início das chuvas (agosto-setembro). Coincidindo neste trimestre, com o

Figura 6 - Concentração de testosterona por indivíduo para cada período sem chuva

(sc/96), com chuva (cc/96) e final da temporada de chuvas (sc/97)

226

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

período em que a precipitação se manteve de forma elevada, resultando no aumento

do nível das águas (dezembro), época em que, segundo Best (1982), se

inicia o período reprodutivo (dezembro a junho), da espécie em vida livre.

Confirma-se, assim, que a subida do nível das águas e o abaixamento da

temperatura, decorrentes das chuvas, são o gatilho para o processo reprodutivo

do peixe-boi amazônico, embora estes fatores atuem em momentos diferentes

nos indivíduos em vida livre e naqueles em cativeiro.

Em ambientes com mudanças regulares e extremas, espécies com gestação

longa, como é o caso do peixe-boi, precisam determinar a estação ótima de

nascimento. Nesse caso é imperativo usar algum evento regular e repetitivo que

acontece no ambiente como um gatilho para a estação reprodutiva (Conaway,

1971). Isso poderia ser caracterizado pela ocorrência das chuvas, que na Amazônia

possui um período bem definido, acarretando no aumento do nível das

águas (ca.12-15m) e consequentemente uma maior produção de macrófitas aquáticas

garantindo maior disponibilidade e abundância de alimento. Best (1982)

comenta que a disponibilidade de comida regularia a reprodução em T. inunguis,

considerando que um longo período com redução de alimento pode levar a uma

regressão testicular em mamíferos não hibernantes. Assim, o aspecto nutricional

seria o fator mais importante entre as condições ambientais que engatilhariam o

processo reprodutivo, em detrimento das variações de temperatura e fotoperíodo.

Ou seja, se o estro é controlado pelo status nutricional, então, em anos de pouco

alimento, algumas fêmeas permaneceriam em anestro, evitando o gasto energético

na gravidez e lactação (Best, 1982).

O regime pluvial e todo ciclo hidrológico que regulam a abundância de

alimento seria, possivelmente, o fator proximal para o ciclo reprodutivo, como

observado neste trabalho.

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO PEIXE-BOI EM CATIVEIRO

Identificação das características e funções das vocalizações nos

peixes-bois.

Renata Santoro Souza-Lima

O s sinais utilizados na comunicação animal são estudados com o intuito

de identificar a qualidade e quantidade de informação trocada pelos indivíduos.

Eles emitem diferentes tipos de mensagens: informação sobre sua identidade,

posição no grupo e estado emocional; informando sobre o comportamento

que estão prestes a executar, sobre seus predadores e relacionadas ao ambiente

(Bradbury&Vehrencamp, 1998).

Gravações dos sons de peixes-bois em cativeiro foram feitas entre agosto

e setembro de 1998. Os adultos colocados em tanques forrados com borracha

para evitar a contaminação sonora dos tanques contíguos e os filhotes em uma

piscina redonda e pequena, de fibra de vidro. O isolamento acústico possibilitou

227

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

a obtenção de amostras confiáveis de sons de cada um dos indivíduos, em contextos

similares. O comportamento de cada indivíduo isolado foi registrado continuamente

ao longo de toda sessão de gravação.

A Figura 1 ilustra a diferença entre as classes etárias no número total de

vocalizações obtidas durante os 25 minutos de gravação. Filhotes vocalizam

significativamente mais (aproximadamente seis vocalizações por minuto) do

que outros indivíduos (aproximadamente uma vocalização por minuto). Todavia,

não houve diferença significativa no número total de vocalizações emitidas

por machos (n=11) e fêmeas (n=10) (Tab. 1). Portanto, o ritmo de emissão é similar

entre os sexos (aproximadamente três vocalizações por minuto).

Provavelmente, peixes-boi amazônicos adultos, em isolamento, vocalizam

menos do que filhotes porque não buscam a proximidade de um conspecífico, já

que não mais dependem de outros indivíduos para sua sobrevivência.

Tabela 1: Valores dos testes

grupos de peixe-boi da Amazônia.

Figura 1: Médias do número total de vocalizações gravadas nas duas classes etárias

(filhotes e outros) em

t de Student paraTrichechus inunguis.

Foram identificados dois tipos básicos de som. Estalos ou

pulsos de freqüências transitórias variando entre 1 a 10 kHz, mas que

podem atingir até 17 kHz.

clicks, que constituem

Classe etária

Número de vocalizações

-20

20

60

100

140

180

220

260

300

Filhotes Outros

n=9

n=12

+DP

-DP

Média

228

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

As vocalizações do peixe-boi da Amazônia são compostas de 1 a 4 notas

com duração média igual a 190 ± 129 ms e limites de 30 e 500 ms. O intervalo

médio entre duas notas é igual a 12 ± 20 ms e tem valor máximo igual a 80 ms de

duração. A duração total média das vocalizações (notas mais intervalos) é de

242 ± 107 ms com limites de 50 e 500 ms. A freqüência fundamental média é de

4 ± 1,2 kHz.

Dentre todos os parâmetros vocais medidos, foi verificada uma relação

inversa somente entre a variação da freqüência fundamental (VF) e o comprimento

total (CT) (F

da variação dos dados, possuindo, portanto um baixo valor de predição (Fig. 2).

Indivíduos menores (filhotes) tendem a apresentar uma maior variação na

freqüência fundamental (VF). Estes indivíduos possuem valores da freqüência

fundamental menos definidos do que indivíduos maiores. Portanto, a freqüência

fundamental das vocalizações dos peixes-boi tende a se definir ao longo do

crescimento dos indivíduos.

1,12 = 4,9; r = -0,54; p = 0,046). A regressão explica apenas 30%

Figura 2: Regressão entre comprimento total e a variação da freqüência fundamental

(CT x VF) em

Trichechus inunguis.

O número reduzido de vocalizações emitidas pelos adultos de peixe-boi

da Amazônia é um dado muito importante para decisões de investimentos em

censos acústicos na região. O custo/benefício da operação só seria viável na

época de nascimento de filhotes. Fora da época de ocorrência de filhotes, mesmo

que os adultos estivessem visitando o local, eles não seriam registrados acusticamente.

Consequentemente, os dados coletados levariam a conclusões equivocadas

sobre ausência de indivíduos na área monitorada.

A análise de vários de indivíduos de peixes-bois da Amazônia permitiu

englobar todas as informações previamente descritas na literatura. Portanto, as

Comprimento total (cm)

Varia

ção da frequência fundamental (kHz)

0.4

0.8

1.2

1.6

2

2.4

2.8

3.2

80 100 120 140 160 180 200

r = -0,5

p = 0,0

229

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

vocalizações dos peixes-boi (sons curtos e agudos) tem a função de atração

conspecífica e de localização do emissor. A utilização destes sons promovem a

manutenção de contato entre os indivíduos, marcadamente entre mãe e filhote.

Reconhecimento Individual

Com o objetivo de controlar variações nos parâmetros vocais relacionadas

ao contexto, somente as vocalizações que ocorreram num contexto

comportamental similar entre todos os indivíduos (movimento lento pelo recinto,

geralmente em círculos) foram selecionadas para esta análise.

A ordenação dos dados, obtida através da análise de componentes principais

(PCA) da matriz de correlação das variáveis físicas das vocalizações,

apresentou agrupamentos distintos por indivíduo e por sexo (Fig. 3). Os dois

primeiros eixos (componentes) do PCA resumiram 75,42% da variação total dos

dados. O eixo 1 pode ser interpretado como “freqüência fundamental” e o eixo 2,

como “duração do sinal”.

A segregação sexual dos indivíduos através do padrão vocal foi determinada

pela freqüência fundamental das vocalizações (eixo 1 do PCA). Existe uma

tendência das fêmeas apresentarem vocalizações cuja freqüência fundamental é

maior do que a dos machos (tom mais agudo). O eixo 2 do PCA segregou dois

indivíduos dos demais,

altos do que os do restante dos indivíduos (Fig. 3). A proximidade de seus pontos

indica uma maior semelhança vocal entre estes dois indivíduos (mãe e filhote)

em relação aos demais. A similaridade entre os padrões vocais de parentes é

provavelmente determinada geneticamente. Porém, é possível que um processo

de aprendizagem molde as características vocais determinadas pela herança

genética.

Considerando-se que a maior parte do poder explicativo da variação total

dos dados está no eixo 1 do PCA (quase 50%), as diferenças sexuais e etárias

foram examinadas com base nos valores deste eixo. A diferença entre as

vocalizações das duas classes etárias foi verificada através do teste

que indicou que a diferença entre estes dois grupos de animais não é significativa

(t = 0,38; gl = 12;

diferença significativa (t = -3,04; gl = 12;

e machos (Fig. 4). As vocalização das fêmeas apresentam maiores valores de

freqüência fundamental (como já indicado pelo agrupamento dos dados na figura

3).

230

Boo e Erê, com valores de duração do sinal bem maist de Studentp = 0,71). Contudo, usando o mesmo teste, foi verificada umap = 0,01) entre as vocalizações de fêmeas

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

Figura 3:

principais (PCA) em

Anamã; Mar= Marcelo; Gu= Guarani; St= Santinha; Ui= Uiara; Cb= Carimbó;

Mn= Manacá; Mx= Macuxi; Ar= Ariá.

Representação gráfica dos dois eixos principais da análise de componentesTrichechus inunguis. Pu= Purú; Aç= Açaí; Pt= Preto; An=

Figura 4:

Médias dos valores do eixo 1 do PCA por sexo em Trichechus inunguis.

Eixo 1 (Freq. Fundamental)

Eixo 2 (Dura

ção do sinal)

Mx

Mx

Mx

Mx

Mx

Mx

Mx

Ere

Ere Ere

Ere Ere Ere

Ere Ere

Cb

CbCb CbCb

Cb

Boo

Boo

BooBoo

An

An

An

An

AnAnAn

Pt

Pt Pt

Pt

Pt

Pt

Pt

St

StSSt t SSt t St

Mn

Mn

Mn

Mn

GGuu Gu

Pu

Pu

Pu

Pu

Pu

Pu

Ar ArAr

ArAr

Ar

Mar

Mar

Mar

Mar

Ui

Ui Ui

Ui

Ui

Ui

Ui

Ui

Ui

-2

-1

0

1

2

3

4

-2.5 -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5

F

Mac

êm

Sexo

Eixo 1 do PCA

-1,8

-1,2

-0,6

0,0

0,6

1,2

1,8

Machos F

+DP

M

-DP

n=8

n=6

êmeasé d i a

231

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

A discriminação vocal entre sexos pode ter função reprodutiva. As fêmeas

apresentam valores de freqüência fundamental maiores do que os machos, ou

seja, tendem a emitir vocalizações mais agudas, o que poderia determinar uma

discriminação sexual nesta espécie. Porém a escolha preferencial de parceiros

pode estar mais relacionada à padrões individuais de vocalização do que a

diferenças sexuais.

A relação inversa entre o tamanho corporal e a variação da freqüência

fundamental indica que a maturidade pode ter influência na diminuição desta

variável. O valor da freqüência fundamental, parâmetro que confere a identidade

nas vocalizações, seria melhor definido ao longo do desenvolvimento do

indivíduo.

REFERÊNCIAS

Bachaman, K. C. & Irvine, A . B. 1979. Composition of milk from the Flórida

manatee,

267.

Best, R. C. 1982 Seasonal breeding in the Amazonian manatee,

Trichechus manatus latirostris. Comp. Biochem. Physiol. 62 A, 263-Trichechus inunguis

(Mammalia: Sirenia). Biotropica, 14 (1):76-78.

Best, R. C. 1984. The aquatic mammals and reptiles on the Amazon. In: the

Amazon Limnology and Landscape Ecology of a mighty tropical river and

its basin. H. Sioli (Ed.). Netherlands. Pp 370-412.

Bradbury, J. W. & Vehrenchamp, S. L. 1998. Capitulo 1 - Introdução. In: Principles

of Animal Communication. Bradbury, J. W. & Vehrenchamp, S. L. (Eds.).

Massachusetts, Sinauer Associates Inc. Publisher, pp.1-14.

Burn, D. M. 1986. The digestive strategy and eficiency of the West indian manatee

Trichechus manatus

Colares, I. & Colares, E. 1987. Variação anual de vegetais que servem de alimentação

para o peixe- boi amazônico (Mammalia- Sirenia). Anais da 2

de Trabalho de Especialistas em Mamíferos Aquáticos da América do Sul.

Rio de Janeiro, 4-8 agosto 1986.

Domining, D. P. 1982. Commercial exploitation of manatees

c. 1785-1973. Biological Conservation, 22: 101-126.

Lomolino, M. V. 1977. The ecological role of the Flórida manatee (

manatus manatus

University of Florida. 169p.

NPNAA (Normas e Padrões de Nutrição e Alimentação Animal. 1992. Nutrição

Editora e publicitária Ltda. Curitiba, Paraná. 146p.

Rodríguez Chacon, Z. M., Da Silva, V. M. F. , d’Affonseca Neto, J. A. . (1997). Teste

de fórmula láctea na alimentação de filhotes órfãos de peixe-boi da Amazônia

(

de fauna silvestre de la Amazônia. Santa Cruz de LA Sierra, 3-7 de dezembro

de 1997. Santa Cruz, Bolivia.

232

. Comp. Biochem. Physiol. 85A(1):139-142.a ReuniãoTrichechus in BrazilTrichechus) in waterhyacinth-dominated ecosystems. M.Sc. Thesis.Trichechus inunguis). Anais do III Congresso Internacional sobre manejo

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

trichechus inunguis) em cativeiro

EQUIPE

COORDENADOR: Dr. Vera M. F. da Silva CPBA/INPA

PESQUISADORES: Dr. Cláudio Alvarenga, USP/SP

M.Sc. Zenia M. Rodriguez-Chácon. INPA

MD.Vet. J. Anselmo d’Affonseca Neto, INPA

M.Sc. Renata S. Souza-Lima, UFMG

M.Sc. Germana P. Pimentel, UFPE

Bel. Redna. M. Faraco, INPA

Bel. Gália Ely Mattos, INPA

COLABORADORES: Dra. Hedylamar O. Marques, HEMOAM

Dra. Elvira Guerra Shinohara USP/SP

Maria Inês de O. Pereira CPAQ/ INPA

Dr. Edson Lessi CPTA/INPA".

(http://ibcperu.org/doc/isis/7271.pdf)

 

 

 

NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DO PEIXE-BOI

Fórmulas lácteas para alimentação de filhotes órfãos de peixeboi

da Amazônia.

 

Z. M. Rodriguez Chacon, V. M.F. da Silva e J. A. d’Affonseca Neto.

 

Introdução

 

Embora protegido por lei, o peixe-boi ainda é caçado ilegalmente na Amazônia.

As fêmeas com filhotes, vem mais freqüentemente à superfície para auxiliar

o filhote a respirar tornando-se uma presa mais fácil. O filhote sozinho não

tem condições de sobreviver, e aqueles que chegam ao INPA, recebem os cuidados

necessários à sua sobrevivência. A elaboração de dietas lácteas artificiais

que suprissem as necessidades nutricionais desses filhotes, proporcionando a

baixo custo um crescimento adequado, foram desenvolvidas e testadas.

 

Materiais e métodos

 

A fórmula láctea testada em 4 filhotes órfãos de

e duas fêmeas) de aproximadamente 30kg cada, por um período de 16 semanas

era composta, para o preparo de 1litro, de: leite em pó integral (120g), manteiga

(40g), melão (80g), 1 gema de ovo e uma colher de (15ml) de complexo vitamínico

Poliplex®, na primeira mamadeira. A mamadeira era oferecida a cada hora e o

consumo

 

Fig. 1

 

 

 

 

Conservação e manejo do peixe-boi

 

da Amazônia (

 

A oferta de diferentes plantas aquáticas, de vegetais cultivados e de

gramíneas foi constante durante o experimento e o consumo

independentemente da idade, foi iniciado ao ultrapassarem os 50kg de

peso corporal.

 

Resultados

 

As médias dos resultados obtidos para consumo, ganho de peso, conversão

alimentar, consumo ml/kg- Peso vivo/dia e ganho de peso total no período

de 16 semanas para os 4 filhotes utilizados no experimento, são apresentados

na Tabela 1.

 

Tabela 1. Valores de consumo (l/semana), ganho de peso (kg/semana), conversão

alimentar, consumo (ml/kg- Peso Vivo/dia) e ganho de peso total no período (kg)

 

O ganho de peso variou entre os animais independentemente do sexo. O

consumo da fórmula láctea preparada, não acompanhou essa variação no ganho

de peso, sendo que o animal 1, com maior ganho de peso, apresentou um

consumo inferior ao animal 3. A conversão alimentar do animal 1 foi melhor do

que para o animal 3. O animal 4 apresentou a pior taxa de conversão alimentar,

isto é, consumiu maior quantidade de alimento para cada 1kg de peso adquirido.

O consumo e o peso foram avaliados utilizando regressões lineares (Figuras.

2 e 3).

 

Discussão

 

Os ganhos de peso obtidos no presente experimento (média de 1,11 kg)

foram superiores aos obtidos em trabalhos anteriores realizados nas mesmas

condições. Best (1982), obteve um ganho de peso médio/semanal de 1,0 Kg e

Colares et al.(1987) obtiveram um ganho máximo de 0,037 kg/semana com filhote

de peso inicial de 25,6 kg. O consumo de médio (2,2 L/dia) ao contrário, foi

inferior ao obtido por Best (1982) com o máximo de 8 litros por dia. O consumo

médio máximo de leite obtido por Colares et al. (1987) foi de 70,1 ml/kg peso

vivo/dia contra 66,45 no presente trabalho. Esses resultados mostram que a

dieta testada nesse trabalho foi melhor assimilada pelos animais. Isso se deve

216

 

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

 

Fig. 2 – Representação gráfica da equação de consumo:

y= 12,156 + (0,381 x semanas), r= 0,966.

Fig. 3 - Representação gráfica da equação de peso:

y= 29,613 + (1,115 x semanas), r= 0,999.

 

provavelmente ao uso de gordura animal (manteiga) na preparação da fórmula

proporcionando um maior ganho de peso (Best,1982 e esse trabalho) do que

quando utilizado gordura vegetal (Colares et al., 1987).

Não se verificou problemas de diarréia com o aumento de gordura na

dieta: 40g/l contra 25g nas formulas elaboradas por Best (1982). A adição da

gema de ovo ajudou a elevar os níveis de proteína e gordura animal sem

aumentar a lactose, ausente no leite de

que causa problemas digestivos quando ministrada ao filhotes de

 

(Best, 1982). Não foi observada diferença no aumento de peso e consumo médio

entre os sexos na etapa de 30 até 50kg de peso.

217

 

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

 

Caracterização das fezes de filhotes de peixe-boi da Amazônia

 

Z M, Rodriguez Chacon, V. M. F. da Silva, M. Pereira, I. Pereira e W. Garcia. 

 

Introdução

 

O estudo da alimentação de filhotes de peixes-bois em cativeiro com dietas

artificiais é recente. Até 1979 não existiam registros sobre a composição do

leite de nenhuma das espécies de sirenios. No primeiro estudo com

Bachman& Irvine (1979) encontraram um alto teor de gordura, baixo teor de

carboidratos e ausência de lactose no leite.

Vária fórmulas lácteas artificiais foram testadas na alimentação de filhotes

órfãos de

Colares et al, 1987, e Rodríguez-Chacon et al., 1997).

Com o objetivo de conhecer melhor as características alimentares dos

filhotes estudados e de obter maiores informações sobre o alimento fornecido,

que pudesse ajudar na formulação de substitutos lácteos mais adequados, analisou-

se bromatológicamente as fezes dos filhotes alimentados com a fórmula

láctea artificial visando utilizar o dados obtidos em um estudo posterior de

digestibilidade.

 

Fig. 4– Apresenta os pesos para os quatro filhotes ao

longo das 16 semanas experimentais.

 

218

 

Conservação e manejo do peixe-boi

da Amazônia (

 

Material e Métodos 

 

O experimento foi aplicado em dois filhotes fêmeas de peixe-boi com

peso de cerca de 20 kg, alimentadas somente com a fórmula láctea artificial

elaborada por Rodríguez-Chacon et al. (1997), adicionada de óxido de cromo

como marcador externo, para análise posterior de digestibilidade. O teste foi

repetido 2 vezes em períodos alternados para uma das fêmeas e uma vez para

a outra.

Coletas diárias de fezes foram iniciadas após 15 dias de adaptação à

dieta e no máximo uma hora após cada defecação durante 15 dias. As amostras

foram mantidas congeladas a -20ºC até análise.

Previamente às análises, o material foi liofilizado. As análises

bromatológicas

foram feitas utilizando-se o método Wende, incluindo as determinações

de umidade, lipídios, protídios, carboidratos e cinzas. Foi obtido a média e

desvio padrão do resultado das amostras analisadas para cada uma das determinações

laboratoriais.

 

Resultados e Discussão

 

Os resultados obtidos na matéria seca (105ºC) são em média: umidade

60%; lipídios 43%; protídios 11%; carboidratos 13% e cinza 31%. Comparandose

as percentagens de carboidratos nas fezes e na fórmula láctea. Verifica-se que

houve uma redução de quase 41% em relação ao carboidrato ingerido.

Considerando-se que a literatura indica que

para assimilar o lactose e teria pouca capacidade para digerir outros

carboidratos (Bachaman & Irvine, 1979; Best, 1982), os valores de carboidratos

obtidos neste estudo são consideravelmente mais baixos. Análise de

digestibilidade está sendo realizada, bem como a determinação dos teores de

lactose e outros carboidratos na fórmula láctea e nas fezes, para determinar se

existe a assimilação do carboidrato no trato gastro intestinal desses animais ou

se este é transformado em composto secundário posteriormente liberado nas

fezes.

 

Caracterização das fezes de um adulto

de peixe-boi da Amazônia.

 

Z. M. Rodrigues Chacón, V.M.F. da Silva, Lessi, E., Silveira, J.

Introdução