Paulo José Cunha

Da Redação

Eram 11 horas quando o poeta e jornalista José Paulo Cunha se propôs a conversar com Entretextos, no bairro São Cristóvão, em Teresina; alheio às exigências do tempo. Antes da entrevista propriamente dita, ele conversou descontraidamente sobre as influências, sobre a recepção da obra dele, sobre o Piauí, por quem nutre o carinho de um filho que idolatra o pai.
 
Jornalista de larga atuação e renome, além de professor vocacionado e autor de várias livros, Paulo José lançou neste ano Perfume de Resedá, livro com que marca a estréia no gênero poema. A obra consiste em longo poema em que constrói um “ethos” de Teresina e do Piauí. Nela, são recorrentes imagens de uma Teresina ainda provinciana e alusões a episódios e figuras marcantes da História do Piauí.
 
Teresina é a cidade “onde cada pedra de calçamento/escondida sob o asfalto/ é uma ferida na memória”. O Piauí, onde “miram-se desde ontem/ os matutos rebeldes do Jenipapo/ os seus cajados e foices/ machados e lazarinas/ facões de arrasto e coragem/ e na distância/ em meio à fumaça dos canhões de Fidié/ miram-me à tropelia de cascos nos seixos ensangüentados/ os mastros das carnaubeiras/ frotas de barcos silenciosos sobre as águas/ na distância horizontal/ de campo maior/ e o velame enfunado/ dos tassalhos de carne de sol/ embalados ao vento nordeste”.
 
Confessando ter sua poesia influência de Gerardo de Melo Mourão e Ferreira Gullar, ele diz que Perfume de Resedá é o livro de que mais gosta entre os que já publicou. É o livro em que exalta suas raízes e aquilo que mais o revigora, O Piauí.
 
Ouça a entrevista concedida ao editor de Entretextos, Dílson Lages Monteiro: