OS NOVOS MATUSALÉNS
Por Elmar Carvalho Em: 14/07/2012, às 16H53
ELMAR CARVALHO
Faz poucos dias dias, entretive uma conversa com o professor Felisardo sobre assuntos diversos, mas versando principalmente cultura e ciência. É ele um polivalente, já tendo lecionado quase todas as disciplinas, entre as quais matemática, física, química, história e biologia. De maneira especial, gosta de ler obras literárias e sobre ciência. Além disso, garimpa na internet documentários científicos e as novidades sobre inventos e descobertas científicas.
Na palestra, falamos sobre astrofísica e mecânica quântica. Como não poderia deixar de ser, o sutilíssimo neutrino, que nada pode deter, entrou na conversa, e se foi sutilmente, da mesma forma como viera, ou seja, sem se fazer notar. Tratamos da matéria e da antimatéria, e terminou uma anulando a outra, pelo que passamos a falar nas coisas espirituais e abstratas. O professor estava afiado, e discorreu sobre as mais recentes novidades do mundo científico e eletrônico, sem descurar da medicina.
Tempos atrás, tomei conhecimento de que uma pesquisadora escrevera uma dissertação ou tese de mestrado sobre a longevidade de membros da Academia Piauiense de Letras. Alguns já ultrapassaram os noventa anos de idade, muitos estão na faixa dos oitentanos, e outros já estão no último quartel da sétima década, se não estou enganado com as designações matemáticas e etárias. Em discurso, referindo-me a um dos valorosos confrades, disse que talvez fosse ele o primeiro imortal a ter o seu centenário comemorado em vida. Assim disse, assim espero e assim seja.
A Bíblia fala em alguns personagens que atingiram provectas idades. Sete deles teriam atingido mais de nove séculos, e entre estes o recordista foi Matusalém, que teria morrido aos 969 anos. Especula-se, hoje, que com as descobertas da medicina, da ciência e da farmacologia muitos seres humanos irão além dos 130 anos, com uma boa qualidade de vida. Vale dizer, com lucidez e com razoável agilidade. Muitos acreditam que as próximas gerações poderão ir além de dois séculos de idade. Não sei até onde vai a verdade e onde começa a fantasia. Mas o fato é que a expectativa de vida vem aumentando a olhos vistos. E é vero que a ciência em geral e a Medicina em particular vêm evoluindo de forma assombrosa.
Muitos acreditam que o Éden voltará a existir no planeta Terra. Nesse particular, outros tanto duvidam, uma vez que o homem vem degradando em alta velocidade este habitat, na luta egoística por mais e mais riqueza. Contudo, com o avançar da ciência, acredito que novas invenções, novas tecnologias, novos insumos possam reverter a marcha autodestrutiva do homem. Poderosos medicamentos ajudam a psicologia e a psiquiatria. Ou seja, atuam no espírito ou na mente humana. Alguns deles servem para combater a chamada dependência química.
Os ambientalistas afirmam que o homem está a exaurir o planeta. Apregoam que a fauna e a flora estão degradadas, que muitas espécies estão ameaçadas de extinção, que muitas florestas já foram devastadas de modo talvez irreversível. Grandes glebas de terras foram desertificadas, com a exploração predatória, e não racional e sustentável. Tenho dito que somente Deus pode criar do nada ou de si mesmo. Mas, será se o homem não irá descobrir a tecnologia capaz de reproduzir e multiplicar a matéria já existente, e dessa forma deter o exaurimento dos recursos da terra? As substâncias poderiam sofrer transformações que as tornassem mais úteis, mais eficazes e mais baratas.
Diante desse quadro, em que a ciência e a tecnologia se desenvolvem em progressão geométrica e a evolução espiritual segue a passo de cágado, parece surgir um impasse, com o homem despreparado para receber os avanços científicos e materiais. Mas, quem sabe, novas substâncias medicamentosas não poderiam contribuir para o combate dos desvios comportamentais e das mazelas psíquicas e espirituais dos atribulados dias hodiernos. Creio que, por trás desse avanço célere da ciência, está Deus a liberar esses novos conhecimentos e invenções. Será se a maldade poderia ser eliminada através de algum “medicamento” ou de alguma intervenção cirúrgica no cérebro ou no DNA, no futuro?
Dessa forma, com a ajuda da divina Providência, mas através das descobertas científicas e de avançadas tecnologias, o homem conquistaria a sua própria imortalidade e reconstruiria o Paraíso perdido, aqui mesmo, na terra. Longe de mim querer ser ousado ou herege, mas levanto essa possibilidade porque Deus atua no homem através do próprio homem. Assim, iríamos além, muito além do próprio Matusalém.