o rio desta aldeia amazônica

[Luciana Nobre]

 

o rio desta aldeia, donde fiz o meu lugar,

é caudaloso e imenso, de poesia sobejo...

possui toda a beleza que em Pessoa vejo
no verso dado a seu inglório eternizar!

 

vivo e bondoso, a este verde Alentejo

abraça com seus braços de doce rio-mar!

de tanto amá-lo, foi que me pus a sonhar

em memorá-lo nas notas de um arpejo...

 

por inspiração do Imortal, que ao ver o Tejo,

fez ode às águas que molham seu quintalejo,

me banharam estas outras, de lacrimejo...

 

ave, Caeiro! mas teu rio não invejo!

se mil vidas tiver, renascer neste almejo

pois cada morte me honrará o seu cortejo!