[Flávio Bittencourt]

O repórter brasileiro que perdeu uma perna na Guerra do Vietnã

José Hamilton Ribeiro é uma lenda viva do jornalismo mundial.

 

 

 

 

 

 

 

 

 PREMIO ESSO DE FOTOJORNAISMO 2009 ESCOLA FOCUS ENIO LEITE CURSOS DE FOTOJORNALISMO DIGITAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://focusfoto.com.br/fotografia-digital/blog2.php/premio-esso-de-jornalismo-anuncia-vencedores-de-2009)

 

 

 

 

 

(http://orebate-eduardoritter.blogspot.com/2010_12_01_archive.html)

 

 

 

 

 

(http://blogs.abril.com.br/divadomasini/2009/12/confira-lista-dos-vencedores-premio-esso-2009.html)

 

 

 

 

 

 

Foto: Divulgação
http://www.unibrasil.com.br/fotos/jose_ham_ribeiro.jpg
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

José Hamilton Ribeiro

(http://news.unibrasil.com.br/?p=721)

 

 

 

 

 

                    HOMENAGEANDO JOSÉ HAMILTON RIBEIRO,

                    A QUEM SE DESEJA MUITA SAÚDE E VIDA LONGA

 

 

 

 

2.4.2011 - Há mitos humanos, vários: Alexandre (o Grande), Cleópatra, Danton, Robespierre, Napoleão Bonaparte, Joseph Pulitzer, Franz Kafka, Albert Einstein, Gandhi, Golda Meir, John Kennedy, Che Guevara e José Hamilton Ribeiro, por exemplo - José Hamilton Ribeiro (felizmente) ainda está vivo, o que o distingue de Alexandre (o grande), Cleópatra, Danton, Robespierre, Napoleão, Kafka, Einstein, Gandhi, Golda Meir, Kennedy e o Comandante Guevara, que já não estão mais entre nós. (Joel Silveira e Rubem Braga estavam, como correspondentes de grandes jornais brasileiros, ao lado de pracinhas brasileiros, na Segunda Guerra Mundial e felizmente não morreram nem foram feridos no grande conflito acontecido entre 1939 e 1945, na Europa.)  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

  

"Entrevista com José Hamilton Ribeiro

José Hamilton Ribeiro

Jornalista. Ex-correspondente de guerra, vencedor de 7 Prêmios Esso de Jornalismo

Entrevista realizada por José Reinaldo Marques em 30/09/2005

Título: Repórter por vocação

Fonte: Site da ABI

Link: http://www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=628

 

ABI OnlineA guerra do Vietnã, que o senhor cobriu pela revista Realidade, em 1968, foi o fato mais marcante dos seus 50 anos de carreira profissional?
José Hamilton Ribeiro — A reportagem da guerra do Vietnã foi a mais marcante do ponto de vista anatômico. Mesmo assim, sucederam-se momentos de alegria e regozijo, entre uma tristeza e outra.

ABI OnlineQual deve ser o comportamento do repórter num campo de batalha?

José Hamilton — Ser repórter é estar de olho aberto e consciente de sua missão de denunciar o abuso, o preconceito, a atrocidade, a violência e o poder mal-utilizado, seja no campo de batalha, ou na “vidinha mais ou menos” de cada um de nós.

ABI OnlineComo aconteceu seu acidente no Vietnã?

José Hamilton — O livro “Diário da guerra”, que acabei de lançar pela Editora Objetiva (RJ), trata disso. Contém um “diário” da guerra, do ano de 1968, e um capítulo novo, referente à viagem de volta que fiz ao Vietnã , há nove anos, num ambiente de paz. O que aquele povo heróico, que venceu os norte-americanos, fez com o seu país é de doer. Doeu mais do que o estrago da mina.

ABI OnlineHavia outros jornalistas com o senhor no momento da explosão?

José Hamilton — Sim, o fotógrafo japonês Kei Shimamoto. Ele ficou ao meu lado nos dias dolorosos que passei nos hospitais de guerra. Shimamoto vinha trabalhar no Brasil assim que terminasse a cobertura que fazia no Vietnã para uma publicação japonesa. Mas não deu tempo. O helicóptero em que viajava foi alvejado, durante uma ação, e explodiu no ar. Infelizmente Kei Shimamoto virou apenas uma página no livro norte-americano “Réquiem”, que conta a história dos repórteres-fotográficos que morreram no front
.

ABI OnlineO que o senhor acha da decisão do Governo Bush de tentar proibir a mídia norte-americana de mostrar imagens dos seus soldados mortos no Iraque, bem como da devastação provocada pelo furacão Katrina, em Nova Orleans?

José Hamilton — Tudo que for proibição do trabalho da imprensa, sou contra.

ABI OnlineNão é estranho que esse controle ocorra numa nação tida como democrática?

José Hamilton — O jornalismo livre e independente é uma dádiva e um parâmetro da democracia — diferentemente da ditadura, em que o produto final da imprensa figura como um aleijão. Um velho professor de Jornalismo dizia que os três piores jornais do mundo — Pravda (da antiga União Soviética), Gramma (de Cuba) e L’Osservatore Romano
(do Vaticano) — eram fruto de ditaduras. Conclusão: onde se tenta controlar a imprensa, não há democracia.

ABI OnlineRecentemente, o Presidente Lula disse que fazia o papel de “rádio peão”, porque a maioria do povo não lê jornal. O senhor concorda?

José Hamilton — Infelizmente, está correto. O País tem mais de 100 milhões de pessoas semi-analfabetas e outros tantos analfabetos por inteiro. O jeito de mudar isso é investir em escola de ensino básico e não apenas na universidade, como faz o Governo.

ABI Online — Depois que foi eleito Presidente da República, Lula tem reclamado muito da imprensa...
José Hamilton — Não adianta xingar a imprensa. Quando ele fez birra para comprar o avião novo, eu ouvi o Brizola dizer na televisão: “Mas, companheiro Lula, comprar avião? Logo você que em um ano e meio de Governo não fez uma sala de aula?”

ABI OnlineComo o senhor iniciou sua carreira jornalística?

José Hamilton — Dos meus 50 anos de reportagem, 25 foram atuando no jornalismo impresso, tanto em jornal como em revista. A outra metade eu tenho passado na TV, grande parte desse tempo trabalhando no programa “Globo rural”, da Rede Globo. Mas comecei na Rádio Bandeirantes, em São Paulo.

ABI OnlineQue outra profissão o senhor teria escolhido se não tivesse abraçado a carreira jornalística?

José Hamilton — O jornalismo de reportagem é vocação impositiva. Se eu fosse fazer outra coisa, na certa não seria feliz.

ABI OnlineNo mês que vem, o senhor participará de um Congresso na ABI sobre jornalismo investigativo. Qual será sua abordagem sobre o tema?

José Hamilton — Vou fazer um balanço da minha vida de jornalista, com o cuidado de não balançar muito para ninguém marear.

ABI OnlineO senhor acha que a imprensa brasileira — como escreveu o jornalista Sérgio Augusto num artigo para o Estado de S. Paulo — sofre de uma crise de qualidade?

José Hamilton — O jornalismo brasileiro não passa por um bom momento e não é por falta de bons jornalistas e projetos de reportagem de qualidade. Acho que a causa reside na gestão das empresas, muitas delas enroladas com investimentos temerários fora de sua área.

ABI OnlineQuem são os grandes jornalistas da sua geração?

José Hamilton — Narciso Kalili, Eurico Andrade, João Antônio, Hamilton Almeida Jr., Evandro Carlos de Andrade e Cláudio Abramo. Citei somente os que já morreram. Do contrário, a relação seria longa demais.

ABI OnlineEm todo o País, pessoas têm recorrido à Justiça para ameaçar com processos órgãos de imprensa e jornalistas por causa de matérias com as quais se sentem ofendidos. Qual a sua opinião sobre esse assunto?

José Hamilton — É justo e saudável que pessoas atingidas pela imprensa recorram à Justiça para reparar danos causados por injustiça, injúria, calúnia, difamação. O mau uso da liberdade de imprensa pode fazer muito mal à sociedade. E mais: não devia haver prisão especial para jornalista. Condenado num processo regular, com todo o direito de defesa, ele deve sim ir beber café de canequinha.

ABI OnlinePor que o senhor é um defensor de altos salários para parlamentares?

José Hamilton — Porque o deputado federal e o senador, ao lado do Presidente da República, são as maiores autoridades do País. Precisam ganhar o suficiente para exercer o mandato sem pressão de nenhuma ordem. Quando eles não ganham o suficiente, são tentados a arranjar meios — como mensalão, mensalinho, valeriodutos, caixa dois etc. — para não terminarem o mandato na miséria. 

ABI OnlineO seu livro “Jornalistas, 37/97” é um resgate da história do sindicalismo no estado de São Paulo?
José Hamilton — Esse livro não é exatamente sobre sindicalismo. É uma publicação que reflete sobre a história da imprensa ao longo dos 60 anos de existência do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (fundado em 1937) mais sob o ponto de vista dos profissionais da área do que pela representação sindical. 

ABI OnlineQuantos livros o senhor já escreveu?

José Hamilton — Se me lembro bem, são 14, e todos eles foram conseqüência de alguma reportagem. O primeiro, “O gosto da guerra”, aconteceu em função da reportagem sobre a guerra do Vietnã que eu fiz para a revista Realidade. O segundo teve como tema uma cobertura que eu fiz sobre o Pantanal. Meus livros são o resultado de pesquisas para matérias especiais.

ABI OnlineO senhor está envolvido em algum outro projeto de livro no momento?

José Hamilton — Estou terminando agora um livro sobre música caipira, com uma seleção das 260 melhores modas de viola de todos os tempos, de Raul Torres às Irmãs Galvão, de Carreirinho a Rolando Boldrin. O prefácio é do Cícero Sandroni, escritor e jornalista carioca, ex-diretor da ABI e atualmente membro da ABL. A matéria-prima é coisa fina, vamos ver a obra.

ABI OnlineQual é a principal característica de um programa como o “Globo rural”, dirigido ao telespectador cuja vida é o campo?

José Hamilton — É fundamental que ele não seja um programa agrotécnico, mas que, ao mesmo tempo, cubra o mundo de quem vive na roça, abordando aspectos como trabalho, angústia existencial, política, culinária, dança, cultura e diversão. É um programa cuja dimensão é a alma humana".
 

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