O que ando a ler

[Maria do Rosário Pedreira]

Não sei muito bem explicar porque deitei a mão a este livro, até porque praticamente não tinha lido nada sobre ele, a não ser que fora finalista do Man Booker Prize (o que, de há uns anos a esta parte, também deixou de ser uma referência para mim). Talvez tenha sido um lado guloso escondido que me atraiu para o título, embora eu já não fique com água na boca por causa de doces, como acontecia na infância, comendo, aliás, cada vez menos guloseimas. O que é certo é que, assim que foi publicado, quis ler este Açúcar Queimado, da escritora norte-americana, de família indiana (e os costumes indianos aqui, bem como as comidas, são muito importantes), Avni Doshi, que já tinha escrito para a revista Granta (o que não é para todos) e feito uma especialização na Universidade de East Anglia, em Inglaterra, donde saíram escritores de renome como Ishiguro ou McEwan. Trata-se de mais um livro que fala da relação entre mãe e filha, mas aqui a mãe especializou-se em dar uma vida difícil à sua criança desde muito cedo, pelo que há muitíssima raiva latente, embora também uma grande preocupação, já que Tara (a mãe) começou a esquecer-se de tudo de repente (o lume aceso, por exemplo) e é, de facto, preciso que alguém cuide dela, mesmo que isso possa significar o fim do casamento de Antara (a filha). Mas a história presente alterna com as memórias que Antara tem de como ambas foram construindo a sua relação, ora rodeadas por familiares e amigos, ora pelos vários amantes de Tara. Vamos lá ver se isto não acaba mal...