Por Maria do Rosário Pedreira
 
Assim que vi que ia sair em Portugal mais um romance de Julian Barnes – o autor que ficou famoso com O Papagaio de Flaubert e que venceu o Man Booker Prize em 2011 com o magnífico O Sentido do Fim, sobre o qual escrevi aqui no blogue –, afiei o dente e guardei espaço (ou melhor: tempo). E é mesmo o novo Barnes que ando agora a ler, o romance intitulado A Única História, traduzido por Helena Cardoso e publicado pela Quetzal, que tem vindo a dar à estampa quase todos os anos um romance deste escritor britânico aplaudido dentro e fora de portas. Pois bem: A Única História conta o primeiro amor de Casey Paul, um rapaz de classe média cuja mãe metediça o inscreve no clube de ténis para ver se ele encontra noiva de estrato superior, o que daria bastante jeito. Mas, ao contrário do desejo materno, Casey apaixona-se por uma parceira de ténis quarentona (com duas filhas universitárias e um marido gordo e instalado esquecido do sexo) que vê obviamente no rapaz de 19 anos uma luz que faz brilhar o seu amor-próprio (e não só). A história – única, claro – é contada pelo próprio Casey com uma desfaçatez desconcertante, como se em nada o atingisse o adultério da sua mais-que-tudo (ele convive com a família de Susan nunca sentindo que os atraiçoa), até ao momento em que, «por razões óbvias» (palavras de um bilhetinho que chega por correio), ambos são expulsos do clube. E é nesta parte que vou – ansiosa por logo à noite ler mais um bocadinho, claro. Até agora, tenho-me divertido muito.