A Bíblia e o João de Barro

 

Antonio Carlos Rocha*

 

Recebi um pps interessante, um conjunto de fotos feitas por um cinegrafista amador. Ele teve a sorte de ver em seu quintal o casal de pássaros esculpindo (isso mesmo, esculpir de escultura, arte) o futuro ninho, logo no início da obra.

 

Ligou a câmera 24 horas por dia para documentar tudo. Demorou dois meses e pouco, finais de setembro até 30 de novembro e em dezembro nasceram os rebentos.

 

Mas, o que chamou a atenção do fotógrafo é que o casal trabalhava entre 8 e 10 horas por dia. E, aos domingos, não trabalhavam, isso tudo documentado, porque a câmera registrava tudo. Ele pergunta quem sabe o motivo.

 

Eis a minha reflexão:

 

Lembrei da Bíblia, Gênesis 2.3: “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda obra que, como Criador fizera”. Aliás, diga-se de passagem, toda esta parte inicial é de uma beleza poética formidável. A Bíblia é um conjunto de textos da Literatura Oral da Humanidade recolhido ao longo de quase mil anos. E assim, quem escreveu este versículo, percebeu que a Natureza descansa, repousa, relaxa.

 

Entendo Deus como a Natureza, como o Ecossistema, como Criação, sempre se recriando em todo o Cosmos infinito, indo de um planeta para o outro.  Deus é Vida, sim e a vida não é primazia desse pequeno planeta. A Vida é ampla, diversas dimensões, visíveis e invisíveis. Contudo, respeito as opiniões e interpretações em contrário.

 

Foi o ser humano, em sua ganância ou neurose, que inventou o  excesso de trabalho, o estresse pelo trabalho. Se até a Natureza descansa, por que nós, que fazemos parte desta mesma natureza temos dificuldade em descansar, relaxar?

 

Aos poucos, sem muita pressa, penso; mais seres humanos retornarão ao bom convívio com a Natureza e assim re-aprenderão a descansar, repousar.

 

(*) http://estudoliteraturas.blogspot.com.br