O misterioso caso de Amanda e Fátima
Por Flávio Bittencourt Em: 19/03/2011, às 04H10
[Flávio Bittencourt]
O misterioso caso de Amanda e Fátima
Trata-se de outro conto de Guilherme.
HÁ MAIS DE DEZ ANOS CIRCULA, NA INTERNET,
A SEGUINTE ESTÓRIA, QUE PERTENCE AO DOMÍNIO PÚBLICO
"PRATO DE ARROZ - Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Desculpe-me, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, geralmente na mesma hora em que o seu virá cheirar as flores!"
Segunda experiência. No soalho, tocando os pés do Sr. Manoel Tavares, está a mão aparecida na experiência anterior. O Sr. Tavares acusou a pressão dos dedos do Espírito, apertando-lhe os pés."
(http://www.espiritismogi.com.br/mortos/mortos.htm)
Espaçotrio Et Corpo:
"Who doesn’t like aliens? Gordobmx20 has created a cute little green E.T. for us using an OBJ Generator. His polygon count is nice and low, so this model could easily be used in a game. Hide your reece’s pieces! (If you haven’t seen the movie E.T., you have to… it’s a classic!)"
(http://www.3dvia.com/blog/3dvia-top-10-actually-5-3d-models-096/)
Poster Signs (2002). Original British Quad Movie Poster. 30" x 40" Single sided. 2002. Actors: Mel Gibson, Joaquin Phoenix, Rory Culkin Item Number S-0049 Price £20.00 Condition Near Mint 9.8 Rolled. |
(http://sci-fimovieposters.co.uk/movie-posters-s/signs-original-british-quad-movie-poster-2.htm)
(http://astronomy.br.tripod.com/ufologia2.htm)
"Gravura 6
A fotografia do Espírito do Marujo"
(http://www.espiritismogi.com.br/mortos/mortos.htm)
19.3.2011 - Nesse outro conto de Guilherme, de outubro do ano passado [OUT. / 2010], há menção à profecia maia sobre o ano de 2012 - Um ser diferente que na nossa frente aparece não precisa ser, necessariamente, "verde", como um "marciano", "marrom", como o ET de Varginha, nem cem por cento despossuído de corpo, como acontece com uma kardecista alma, é o que, de forma surpreendente, se pode sorver na leitura desse outro conto de Guilherme Carvalho da Silva. F. A. L Bittencourt ([email protected])
21/10/2010
A tarde vinha tensa, a linha do horizonte iria se arrebentar a qualquer momento e dar vez à liquefeita noite anunciada pelo espetáculo milagroso dos raios de sol amarelando as frestas das nuvens carregadas.
– Essa hora é meio milagrosa. Disse Amanda deitada no colo de Fátima.
– Milagrosa? Perguntou Fátima enquanto acariciava os lisos e loiros cabelos de Amanda.
– É, parece que das nuvens, no meio dessas luzes que atravessam elas, vai surgir um camarada de barba branca, cabelo grisalho e dizer alguma coisa reveladora…
– Tipo “Amanda, essa vida de devassidão irá matá-la”! Ironizou Fátima em tom coquete.
– É tipo assim mesmo. Quando criança eu tinha um tanto de medo disso. Às vezes pensava que poderia vir Maria, e me convocar para alguma missão. Tinha um medo danado de acontecer um milagre comigo e ter que virar santa ou algo assim…
– Você é engraçada, sabia?
– Já me disseram que eu poderia trabalhar no circo uma vez…
– De quê?
– De macaca…
– Sério?! Perguntou Fátima rindo um tanto.
– O pior é que é sério… Disse Amanda afundando o rosto no colo de Fátima.
A tarde ainda tinha alguns breves momentos antes de ser coberta por um negro lençol. Ao redor das duas só um ermo parque, algumas árvores tortuosamente cerradinas, o ar enfim úmido de final de ano e cigarras frenéticas prontas a amar até a morte.
– Você tem alguma fé? Perguntou Fátima.
– Fé? Acho que tenho. Sei lá. Faz tempo que não penso nisso, ou sinto, vai saber qual é a dimensão da fé. E você?
– Eu? Bem, eu acredito nas pedras, sou uma petrocentrista, mineriocentrista…
– Sério? Então você é uma dessas que curtem cristais e tal?
– Não! Cristais não! As pedras é que têm razão.
– Essa é boa, você é do culto à Gaia então?
– Pode ser, sou defensora do gaialismo, mas não de Gaia a deusa-mãe, mas de gaia, do verbo gaiar… Tipo o que estou fazendo agora, gaiando o Gil…
– É flor, não esquenta que se você continuar pensando assim, vai acabar despertando o seu espírito cristão de culpa.
– Pode crer, então me beija que pra eu não ficar pensando mais nisso…
Ficaram as duas ali se beijando, enquanto a noite pousava em suas têmporas. Alguns mosquitinhos perturbavam, vários bichos começavam a conversar. Um leve frio acompanhava. Fátima já estava com as costas doloridas e Amanda um tanto desconjuntada, afinal, passaram a tarde toda ali. Fátima estava apertada e foi ao mato se aliviar, enquanto Amanda ficou dobrando a canga e colhendo algum lixo que elas tinham juntado. O horizonte era calmo e Amanda viu a primeira estrela no céu aparecer.
Fátima demorava e Amanda começava a ficar impaciente. Olhou para o mato e não viu nenhum sinal da companheira. Chamou-a três vezes e nada. Pensou que Fátima poderia estar fazendo uma brincadeira e resolveu ir atrás dela. Adentrou à mesma trilha que Fátima havia ido. Enquanto caminhava, chamava por Fátima. Nada de resposta. Como começava a se afastar muito da pracinha do parque e a noite ficava mais forte, resolveu voltar. Ligou para Fátima, mas percebeu que sua bolsa estava ali junto à dela. Começou a se preocupar. Sentou-se um pouco olhou para o horizonte, as últimas luzes do sol ainda se infiltravam pelas nuvens. Do meio de uma delas algo parecia se mover, ficou reparando na coisa um tempo até que desapareceu.
Amanda realmente não sabia o que fazer, se saia logo do parque, se ia atrás de Fátima. Começou então a gritar compulsivamente pela colega, mas nenhuma voz retornava.
Perto da trilha em que Fátima havia entrado para mijar, Amanda viu uma luz vindo em direção a ela. Pensou que agora estava perdida, o milagre tantas vezes temido iria acontecer àquele momento. Meditou alguns segundos e entendeu que o momento era único, como tinha levado a máquina fotográfica para guardar algumas imagens de seu encontro com Fátima, resolveu tirar uma foto da luz. Assim que seu flash disparou uma voz em tom de falsete a alertou:
– Desligue essa luz!
Amanda se mijou toda quando escutou a voz. Não conseguia se mover, estava paralisada. Não entendia o que era a luz e não compreendia aquela voz. Pensava que se fosse um anjo, um santo, ou mesmo o filho do “cara”, deveria ter uma voz um pouco mais empostada e não aquele timbre de moleque na puberdade.
– Calma, disse a voz novamente, se quer me ver de verdade ligue a filmadora da câmera. Minha forma não pode ser captada pelas suas retinas, é necessário algum tipo de artifício tecnológico para poder me ver.
Amanda não pensou duas vezes, ligou o vídeo na câmera e conseguiu distinguir uma feição humanóide em meio a uma luz meio esverdeada. A sensação era estranha, pois fora do visor da câmera a luz era branca e forte, mas no vídeo a imagem era opaca, esverdeada e no meio do que parecia ser um rosto havia dois círculos vermelhos brilhantes.
– O que você quer? Perguntou Amanda após criar coragem de falar algo.
– Eu quero que vocês obtenham conhecimento. Disse a coisa do meio do mato.
– Conhecimento? Mas que conhecimento?
– Todo tipo de conhecimento.
Amanda ficou confusa, se não era anjo, santo, espírito-santo, deveria ser um ET, mas a resposta que foi dada não lhe contentou.
– Olha só, você é um ET?
– Eu? Eu sou o que sou, uma coisa que existe para além dessa dimensão.
– Ah, então você é um espírito…
– Algumas pessoas dizem isso, mas eu não sou só espírito, ainda tenho uma dimensão corporal.
– Hum… Sei… Mas você não é daqui da Terra, é?
– Já fui, pelos meus cálculos eu posso ter sido inclusive você…
– Caracas, sério?!
– Sim.
– Mas então você é do futuro?
– Sim e não, um dia, quando vocês tiverem “conhecimento”, vocês entenderão que tempo e espaço são apenas uma ilusões.
– Puts, você é filósofo e budista também?
Assim que Amanda falou isso um raio caiu do céu bem próximo ao parque. Amanda entendeu que havia sido o ET que enviara.
– Desculpe, disse Amanda um tanto afoita.
– Tudo bem, mas que isso não se repita.
– Ok, mas então, como você se chama?
– Milu.
– Milu?! Perguntou Amanda dando uma grande gargalhada.
Novamente outro raio mais forte ainda que o primeiro.
– Opa, foi mal, não me contive…
– Qual o problema com meu nome? Milu representa toda a essência cósmica.
– Ok, ok, não falo mais nada do seu nome. Mas, vem cá Milu, você é parente do ET de Varginha?
Quando o céu inteiro parecia que ia virar um grande raio, Amanda se adiantou:
– Certo, certo, foi mal, é que eu tenho essa coisa impetuosa de falar (m.) constantemente…
– Vou lhe desculpar só porque eu sei que você é uma humana ainda estágio inferior.
– Pô, não precisa desconsiderar também…
– Mas é a verdade.
– Tudo bem, mas, Milu, me diga uma coisa, porque você tem essa voz fininha?
– Ah sim, problemas com o meu condensador de luz em ondas audíveis à sua frequência primitiva.
– Primitiva?! Pensei que fosse porque você é um ET novinho e coisa e tal.
– Vocês humanos e a questão de tempo ainda…
– Primitivos, certo?
– Exato.
– Bom, Milu, mas e esse lance de “conhecimento”, o que eu tenho que conhecer afinal? É muita coisa pra pouco “tempo” de vida…
– Conheça o máximo possível, ainda mais porque logo tudo aqui acabará.
– Logo?
– Exato.
– Logo quando? Tipo, 2012?
– Exato. Aliás, como você sabe disso?
– Sério?! Pô, tem um tempo já que tem uma galera doidona dizendo isso, que vai mudar os pólos da Terra, que o sol vai lançar uma tempestade aqui, que o eixo da Terra vai se deslocar, que ela vai começar a girar pro outro lado, que um meteoro vai cair, que o sistema financeiro vai entrar em colapso total, enfim, são várias teorias…
– Subestimei seu conhecimento. De fato irá acontecer tudo isso mesmo.
– Tudo isso? Tipo, tudo de uma vez?
– Exato.
– Caracas, e você me fala isso numa boa?
– Claro.
– É porque não vai ser como você, né? Malandrão…
Mais um imenso raio.
– Desculpa, esqueci que você é nervosinho.
– O segredo é adquirir muito conhecimento enquanto a Terra não acaba.
– Muito conhecimento…
– Exato.
– E o que diabos a gente vai fazer com tanto conhecimento se tudo vai acabar?
– Bom, então, é…
De repente a luz apagou. Amanda ficou atônita com o ocorrido. Olhou para os lados, nada. Nenhuma sombra de Milu, aliás, nenhuma luz de Milu à volta. Não conseguia acreditar muito no que passara. Sentou-se no chão e se lembrou de Fátima. Não fazia ideia de que horas seriam, mas já era noite plena. Quando estava se levantando para ir embora, a luz aparece de novo e fala:
– Desculpe ir embora assim, é que me minha mãe me chamou. Mas agora sim, adeus! E lembre-se: adquira conhecimento!
Imediatamente a luz desapareceu e a noite ficou mais clara do que antes, parecia o final da tarde novamente. Amanda ficou meio zonza e reparou que estava mijada. Quando finalmente resolveu ir embora escutou um grito de Fátima falando para lhe esperar. Amanda parou e olhou muito desconfiada para Fátima.
– Você viu aquilo? Perguntou Fátima.
– Bizarro. Eu vi.
– Muito louco, como pode aquilo?
– Não sei flor, não sei… E o maluco se chamava Milu!
– Milu?
– É, Milu… Você não escutou quando ele disse?
– Peraí, eu acabei de ter uma longa conversa com Krishna ali no mato.
– Krishna? Ele era uma coisa de luz que só se via com filmadoras?
– Não! Era Krishna, tinha uma pele meio azulada e tal, mas ele me disse claramente que era Krishna, tinha até umas roupinhas douradas esquisitas…
– Maluco, maluco…
– É sério.
– Cara, passei muito tempo conversando com um ET-de-luz-espírito-evoluído-que-talvez-já-foi-eu chamado Milu…
– Sério?
– Sério.
– E o que ele disse?
– Que o mundo acaba em 2012…
– Sério?! Krishna também falou isso!
– (P. Q. P.), vai ser assim mesmo então?
– É, acho que sim…
– E o que Krishna disse pra você fazer?
– Que era pra eu desaprender tudo que já havia aprendido e não aprender mais nada a partir de então… E Bidu?
– Milu…
– É, Milu…
– Na boa flor, sei lá… Só sei que a gente tem mais dois anos para tentar ser feliz…". (GUILHERME CARVALHO DA SILVA)
LEIA OUTROS CONTOS DE GUILHERME EM:
http://catandocontos.wordpress.com/
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