ANA MARIA BERNARDELLI
ANA MARIA BERNARDELLI

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O ESCREVENTE DO CHÃO 

 

Por Ana Maria Bernardelli

 

Recebi um presente especial: "O escrevente do chão" (Editora Litteralux, 2025) - de Diego Mendes Sousa.


O livro "O escrevente do chão", de Diego Mendes Sousa, abre-se como quem varre delicadamente o solo para revelar o brilho oculto das coisas mínimas. Há nele uma vocação para a escuta do ínfimo — essa atenção que lembra o modo como Ana Maria Bernardelli costuma acender claridades onde antes se via apenas penumbra.

Assim, a palavra se faz suave e, ao mesmo tempo, densa, como se cada verso escavasse camadas da existência até encontrar um nervo de verdade. A escrita, sempre delicada e melodiosa, inclina-se para o chão não por submissão, mas por sabedoria: é ali que pulsa o essencial.

O poeta recolhe gestos, restos, murmúrios — transformando tudo em revelação tênue, serena, quase ritualística. Há uma espécie de lampejo bernardelliano quando a simplicidade se converte em inteligência sensível, quando o cotidiano, de tão bem ouvido, ganha estatuto de epifania.

No fim, o chão não é apenas cenário: é origem, é destino, é leitura. E Diego, com sua lírica humilde e vertical, nos lembra que só encontra o alto quem sabe, primeiro, tocar a terra.

Ana Maria Bernardelli, crítica de literatura.