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O jardineiro do palácio acordava muito antes do sol nascer para ver as flores do rei.

O rei era Indrabodhi, o segundo, rei de Odiyana, que tinha muito ciúme de suas flores e do seu lago de lótus, chamado Danakosha, formado pelas águas do rio Sindhu, que nasce no monte Khailás, nos Himalayas.

 

O jardineiro trabalhava num jardim privativo da família real, embora gigantesco, que tinha florestas e canteiros em disposição retangular de diferentes plantas. Mas isso se passou num tempo muito diferente do nosso, e não no passado, mas no futuro. Sim, não estamos nem no passado nem no presente, mas no futuro.

 

O jardineiro velho se arrastou até as mais novas glicínias das margens do lago, o Danakosha, que tinha o apelido de “oceano de leite”, porque os caules dos lótus produziam um suco branco, lácteo, bem doce.

 

Amanhecia.

 

De repente, um som apareceu no céu, um som de “Shriiii!”, e alguma coisa despencou de lá sobre um daqueles lótus, através de uma luz vermelha e brilhante, e o lótus se acendeu como se fosse uma luminária de luz vermelha, e foi assim que lá apareceu uma criança de cerca de oito anos, segurando um lótus e um vajra nas mãos.

 

Essa criança era ANL.

 

O velho parou por um instante imóvel e pasmo, e aterrorizado, mas como viu que era um menino novo e que o menino falava como gente grande e como que fazia um discurso, dirigindo-se talvez para os seres invisíveis do lago, discurso esse que para o velho era completamente ininteligível, o velho perdeu o medo e decidiu averiguar.

Mas o menino era muito bonito e sorria, e assim o velho tomou o barco e foi buscar o menino, no meio do lago.

 

Logo apareceram jardineiros e soldados, atraídos pelo estrondo, e ficaram animados com aquela aparição.

 

O menino foi levado ao palácio.

 

Mas o rei não estava.

 

O rei Indrabodhi estava em viagem.