O domador da montanha
Por Obras integrais Em: 22/11/2009, às 14H25
Capítulo 2: O FILHO DE ODIYANA
Naquele tempo, no reino de Odiyana, o Segundo Rei Indrabodhi, residia no seu palácio com sua rainha e uma centena de ministros.
Na realidade tinha o rei cento e oito esposas, mas somente uma rainha.
Porém o rei não tinha nenhum filho.
Por causa disso, e como o rei não tinha nenh um filho, ele fez grandes oferecimentos para os deuses de sua religião com muitas recitações sagradas do livro sagrado jainista, no intuito de conseguir um filho.
Por fim, a conselho de seus sacerdotes e de seu mestre espiritual, abriu a porta de seus três grandes tesouros e distribuiu generosas esmolas para todos os pobres e necessitados.
Aquela notícia se espalhou por toda terra: “O rei Indrabodhi está distribuindo sua riqueza!”
Multidões de mendigos, pobres e falsos pobres vieram de toda parte.
Todos os dias as filas cresciam, intermináveis, e o rei lhes dava alimentação e moedas de ouro, de sorte que a multidão não parava nunca de crescer, e tanto cresceu a fila que a riqueza do rei Indrabodhi acabou.
Um dia o tesoureiro do rei veio à sala do trono e lhe disse:
— Os cofres do palácio estão vazios.
Depois que toda a sua riqueza acabou, ele exclamou:
— Eu não tenho mais a oferecer, e mesmo assim não se acabaram os mendigos e necessitados!
E o rei Indrabodhi chorou copiosamente, porque era um homem bom e compassivo, e não tinha podido acabar com a pobreza da face da terra.
Mas os mendigos só aumentavam e permaneciam na porta do seu palácio, à espera.
Então, disseram os mendigos ao Rei Indrabodhi:
— Ó glorioso Rei, se você não proporcionar esmolas para todos nós que viemos e que esperamos receber, todo mérito anteriormente recolhido por você não terá nenhum resultado ou valor, e terá sido completamente em vão. Porque assim é que devem ser os oferecimentos: se começar para todos, todos é que se beneficiem!
E até hoje é assim que se fazem essas coisas: ou para todos, ou para apenas um.
O Rei escutou aquelas palavras com tristeza e pesar no seu coração e resolveu adquirir uma riqueza imensa, abundante, inesgotável, que pudesse beneficiar a todos os pobres deste mundo.
E para conseguir, apesar dos conselhos dos ministros, sacerdotes, de seus próprios conselheiros e da dúvida do seu mestre espiritual, ele decidiu viajar ao grande oceano a fim de trazer a “jóia-que-realiza-todos-os-desejos”, que era uma surpreendente jóia que existia no cimo da coroa da poderosa deidade marítima chamada Charumati, filha do Rei dos Nagas, e cujo reino existia no fundo do mar.