O cônego que ajudou a organizar a Inconfidência Mineira
Por Flávio Bittencourt Em: 29/04/2010, às 16H04
O cônego que ajudou a organizar a Inconfidência Mineira
Eduardo Frieiro (1889 - 1982), da UFMG, escreveu sobre um líderes da Inconfidência Mineira, o Cônego Luís Vieira da Silva.
"A SENTENÇA
Assinada no Rio de Janeiro, no dia 19 de abril de 1792, esta foi a sentença do Tribunal de Alçada relativa a Tiradentes:
'Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, aonde em o lugar mais público dela será pregada em um poste alto até que o tempo a consuma; o seu corpo será dividido em quatro quartos e pregados em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e de Cebolas, aonde o réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma. Declaram ao ré infame, e infames seus filhos e netos, tendo-os, e seus bens aplicam para o fisco e câmara real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, e que nunca mais no chão se edifique, e não sendo próprias, serão avaliadas e pagas ao seu dono pelos bens confiscados, e no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável réu' ".
(http://orbita.starmedia.com/achouhp/historia/inconfidencia_mineira.htm)
O ALFERES TIRADENTES
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inconfidencia-mineira/inconfidencia-mineira-2.php)
Julgamento dos inconfidentes
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inconfidencia-mineira/inconfidencia-mineira-2.php)
"Os inconfidentes presos são levados a julgamento,
Tiradentes será posteriormente considerado um mártir"
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/inconfidencia-mineira/inconfidencia-mineira-2.php)
(http://br.gojaba.com/book/4692770/O-Diabo-na-Livraria-do-C%C3%B4nego-Eduardo-Frieiro)
(http://blogdeouropreto.blogspot.com/2009/11/5-ou-6-bons-livros-sobre-ouro-preto.html)
O idealizador da Biblioteca Pública [DO ESTADO DE MG, em Belo Horizonte, fundada pelo então governador JK], Eduardo Frieiro, é homenageado em mostra que começa nesta quarta-feira, 29 de outubro
Arquivo Superintendência de Bibliotecas Públicas
Eduardo Frieiro, de terno escuro à frente, e Hélio Gravatá, ao fundo, cercados por colegas em evento de despedida na Biblioteca Pública Estadual, em 1963”,
na Web em
http://www.cultura.mg.gov.br/?task=interna&sec=4&cat=29&con=1592&all_not=y&limitstart=60)
"(...) Volumes de Voltaire foram encontrados entre os livros de Luís Vieira, Alvarenga Peixoto e Coronel José Resende Costa. Seu Essai sur la Poésie Épique foi, segundo João Ribeiro, o evangelho de Cláudio Manuel na composição do poema Vila Rica, artificioso e coriáceo exercício poético de um lírico já sem veia.
Dos autores imortais da antigüidade clássica existiam na livraria do cônego: Virgílio, Horácio, Suetônio, Júlio César, Quinto Cúrcio, Ovídio, Terêncio, Catulo, Tibulo, Propércio, Cornélio Nepos, Ausônio, Manílio, Quintiliano, Sêneca, alguns em edições ad usum Delphini, e as orações de Demóstenes em latim. (...)".
(EDUARDO FRIEIRO, trecho do livro O Diabo na Livraria do Cônego
Itatiaia / Editora da Universidade de São Paulo.
Belo Horizonte / São Paulo.
2ª edição. 1981.)
"(...) Havia indisposição contra Luís Vieira no cabido de Mariana, causado pelo ciúme de sua extraordinária inteligência, pela suspeita de 'jacobinismo', ou pela contrariedade ao seu estado não-celibatário, não se sabe ao certo. (...)"
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Vieira_da_Silva)
29.4.2010 - Apesar de ser cônego, Luís Vieira da Silva tinha esposa, uma filha, era extraordinariamente culto e foi um líderes máximos da conspiração mineira - Segundo alguns autores, o poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga e o cônego - cuja erudição era notável - Luís Vieira da Silva foram, por assim dizer, os líderes máximos da Inconfidência Mineira. Sendo um dos dois "cabeças" do movimento revolucionário, causa espécie a falta de citação do nome do Cônego, em inúmeras lístas de inconfidentes. Quando Eduardo Frieiro, que se tornaria, anos depois, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, publicou, em 1957, o livro O DIABO NA LIVRARIA DO CÔNEGO (Belo Horizonte: Itatiaia), o problema foi parcialmente minimizado, uma vez que se começou a falar mais de Vieira da Silva. Adiante está um trecho do livro de E. Frieiro. SEM A MENÇÃO A VIEIRA DA SILVA, são muito citados outros heróicos conspiradores, como:
Alferes Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes -, sobre o qual constam, no respectivo verbete da Wikipédia, os seguintes dados: "[nascido na] (Fazenda do Pombal[1], batizado em 12 de novembro de 1746 — [falecido no] Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792) foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil colonial, mais especificamente nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro. No Brasil, é reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico do Brasil, patrono também das Polícias Militares dos Estados e herói nacional.
O dia de sua execução, 21 de abril, é feriado nacional. A cidade de Tiradentes (Minas Gerais), antiga Vila de São José do Rio das Mortes, foi nomeada em sua homenagem (...)".
"Tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade. Filho do governador Gomes Freire de Andrade, ocupava o cargo de comandante militar de Minas Gerais. Era dono de fazendas e minerador, além de ser casado com uma filha do capitão-mor (o equivalente a prefeito) de Vila Rica.
José Álvares Maciel. Cunhado de Paula Freire, tinha 28 anos na época da Inconfidência. Nascido em Ouro Preto, estudou em Coimbra e depois viajou por um ano pela Inglaterra para estudar química e ver o funcionamento dos contatos estabelecidos com o norte-americano Thomas Jefferson.
Padre Carlos Correa de Toledo e Melo. Era um sacerdote rico e de grande influência. Viveu por algum tempo na Europa; ao voltar a Minas Gerais, dedicou-se com êxito aos negócios e à agricultura.
Padre José da Silva Rolim. Filho do responsável pela guarda do dinheiro no distrito diamantino de Minas Gerais, tinha uma fortuna considerável, bem como todos membros de sua família. Foi perseguido e expulso de Minas Gerais pelo governador Luís da Cunha Meneses.
Inácio Alvarenga Peixoto. Formado em direito em Coimbra, foi juiz em Portugal e ouvidor no Brasil. Abandonou o posto para transformar-se em fazendeiro e minerador. Era dono de várias propriedades, nas quais trabalhavam cerca de duzentos escravos. Era também coronel de milícias. Um dos principais intelectuais do grupo, era poeta, escritor e músico.
Cláudio Manuel da Costa. Nascido em Minas Gerais, estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro e em Coimbra, onde publicou vários livros. Viajou pela Europa, onde ficou conhecido como advogado e escritor - poeta , tinha uma das maiores bibliotecas do Brasil. Exerceu várias vezes o cargo de secretário do governador de Minas Gerais. Era proprietário de terra e minerador.
Tomás Antônio Gonzaga. Juiz de direito, filho de desembargador, era formado em Coimbra. Era o ouvidor de Ouro Preto, além de ocupar a função de provedor dos defuntos. Também era poeta e escritor.
Domingos Vidal Barbosa. Com 28 anos na época da Inconfidência, este filho de grandes proprietários tinha acabado de voltar da França, onde estudou medicina, e sem demora aderiu ao movimento.
José Resende da Costa. Capitão de milícias e grande proprietário rural no vale do rio das Mortes.
José Aires. Coronel de Cavalaria e grande proprietário de terras em várias regiões de Minas. Era casado com a filha de outro grande proprietário. Seus cunhados eram também fazendeiros e mineradores.
João Dias da Mota. Além de ser capitão de Cavalaria, era proprietário de terras em Congonhas do Campo.
Luís Vaz de Toledo Piza. Irmão do padre Rolim, era fazendeiro e juiz dos órfãos de São João del Rei.
Domingos de Abreu Vieira. Tenente-coronel de Cavalaria, comerciante e administrador dos contratos de coleta de impostos.
Francisco Antônio de Oliveira Lopes. Coronel de Cavalaria e outro grande proprietário de terras no vilarejo de Rio das Mortes".
(http://orbita.starmedia.com/achouhp/historia/inconfidencia_mineira.htm).
“ALMANAQUE MINEIRO
“Só e no mais: sem ti, jamais nunca.” João Guimarães Rosa
Sábado, Agosto 16, 2008
O DIABO NA LIVRARIA DO CÔNEGO [TRECHO SELECIONADO PELOS RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO DO BLOG Almanaque Mineiro]
O Cônego era pobre. Toda a sua riqueza estavam na bem fornida livraria que conseguira reunir. E provavelmente não ambicionava outra, tão certo é que aqueles que se inclinam ao amor dos livros prezam pouco o dinheiro e os bens deste mundo. Sábio como era, facilmente se consolaria da sua pobreza de intelectual, dizendo a si próprio que um mesmo homem não pode estimar a pecúnia e as cousas do espírito, ou, com palavras de um doutor da Igreja, a moeda de ouro e a Escritura.
Que inteligente leitor foi Luís Vieira da Silva! Na sua livraria, excepcional para um Geralista (nome que também se dava ao Mineiro, filho das Minas Gerais), mesmo de boas letras, cuja investigação iniciamos no capítulo anterior, a Religião, a Filosofia, as Letras e as Ciências, o antigo e o novo achavam-se bem representados e, em alguns casos, muitíssimo bem representados. Havia ali com que desenvolver integralmente as faculdades intelectuais e formar uma sólida cultura geral.
Prosseguindo na investigação, veremos o que havia com referência às boas letras e às doutrinas literárias. São evidentes os sinais de apreço à antigüidade clássica e aos melhores clássicos franceses e portugueses. E nota-se também, como era natural, o gosto pela literatura que no século XVIII tomara por toda a parte um caráter científico, filosófico ou utilitário que sufocava o poético, criador e lírico. O influxo francês mostrava-se exagerado. Voltaire era o grande mandarim literário, dentro e fora de França e ainda passava — ele, o Anti-Poeta! — pelo maior poeta lírico e dramático do século. Volumes de Voltaire foram encontrados entre os livros de Luís Vieira, Alvarenga Peixoto e Coronel José Resende Costa. Seu Essai sur la Poésie Épique foi, segundo João Ribeiro, o evangelho de Cláudio Manuel na composição do poema Vila Rica, artificioso e coriáceo exercício poético de um lírico já sem veia.
E, não o esqueçamos, era a época das Arcádias que em Portugal se fundaram à imitação das italianas e tiveram reflexos no grupo literário de Vila Rica.
Dos autores imortais da antigüidade clássica existiam na livraria do cônego: Virgílio, Horácio, Suetônio, Júlio César, Quinto Cúrcio, Ovídio, Terêncio, Catulo, Tibulo, Propércio, Cornélio Nepos, Ausônio, Manílio, Quintiliano, Sêneca, alguns em edições ad usum Delphini, e as orações de Demóstenes em latim.
Dos clássicos portugueses, viam-se os quinhentistas Sá de Miranda, Camões (Os Lusíadas, com as notas de Faria e Sousa), Barros e Diogo do Couto (Décadas) e Diogo Bernardes (O Lima), e o seiscentista Gabriel Pereira de Castro (Ulisséia, ou Lisboa Edificada). Dos setecentistas, Luís Antônio Verney (Obras, Lógica), Dom Antônio Caetano de Sousa (Memórias Históricas e Genealógicas dos Grandes de Portugal), Padre Antônio Pereira de Figueiredo (Compêndio das Épocas), Francisco José Freire...
Nada sobre o Brasil ou do Brasil. Muito mais tarde é que entraria naos homens ilustrados o apreço pela terra e as cousas brasileiras. Só uma obra de escritor nascido aqui, o Orbe Seráfico de Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão.
Dos clássicos franceses, Corneille, Racine, Bossuet, Voltaire, Fénelon, Montesquieu, Marmontel... Em traduções francesas, Anacreonte, Le Paradis Perdu de Milton, La Méssiade de Klopstock e dois volumes de Mélanges de Littérature Orientale de Cordomi.
Eduardo Frieiro
O Diabo na Livraria do Cônego
Itatiaia / Editora da Universidade de São Paulo.
Belo Horizonte / São Paulo.
2ª edição. 1981".
(http://lusitanocoelhomg2004.blogspot.com/2008/08/o-diabo-na-livraria-do-cnego.html)
Foto de cena - Os inconfidentes, diretor Joaquim Pedro de Andrade (Brasil / Itália, 1972)
(http://www.meucinemabrasileiro.com/filmes/inconfidentes/inconfidentes02.jpg)
E, não o esqueçamos, era a época das Arcádias que em Portugal se fundaram à imitação das italianas e tiveram reflexos no grupo literário de Vila Rica.