O camisa 7 do Altos

[Chagas Botelho] 

De onde assisti ao jogo entre Flamengo x Altos, vi um jogador fazer a diferença. Ele não jogou, mas desequilibrou a partida. Pelo menos, na visão deste cronista esportivo amador. Será que somente eu reparei no rapaz? Trata-se do camisa 7 do time do Altos — não sei o nome dele. De tão inquieto, parecia uma formiga atômica, no banco de reservas. Levantava-se, pedia garra aos companheiros e quando a bola saía, ele mesmo a devolvia ao campo.

Pela sua movimentação fora das quatro linhas, quase levou cartão amarelo pela intromissão extracampo. Não amarelou, graças a São José — o santo padroeiro da terra da manga. No entanto, pelos seus excessos, tomou bronca do treinador, do auxiliar técnico, do árbitro reserva e só não tomou do presidente da CBF, porque, enfim, este não desembarcara em Teresina. E, por que tanta inquietação? Por um motivo simples: vontade de vencer o rubro-negro carioca.

Tanto que no gol de bicicleta (golaço) do Altos, o pequenino jogador vibrou mais do que o estádio inteiro. Pudera. No Gigante da Redenção, a torcida contrária era apenas um mar em vermelho e preto. Restou aos flamenguistas presentes e ausentes ficarem boquiabertos com o gol de placa. O 1 x 0 inicial empolgou o camisa 7, pois nem a tropa de choque da Polícia Militar, aliás, briosa corporação, não conteve o seu ímpeto à beira do gramado.

Mas, a alegria dos altoenses durou pouco. O tempo de um orgasmo. Logo, o atacante Pedro empatou. E, instantes depois, o Flamengo virou o jogo: 2 x 1, placar final. O que deixou o nosso personagem quieto e reflexivo. Pude até imaginar o que pensara na hora do revés: “caramba, será que no Rio de Janeiro, no jogo da volta, reverteremos o resultado?”. Socou o punho direito para cima como se confirmasse: “sim, podemos. E faremos”.

A minha nota 10 vai para esse jogador reserva. Mesmo não inserido na peleja, motivou o restante da rapaziada. Sua atitude positiva e otimista permitiu ao elenco sair de campo com a cabeça erguida. Sem sentimentos derrotistas. Agora, o time do Altos embarcará para a Cidade Maravilhosa. Lá tentará sobreviver e seguir na Copa do Brasil. Terá chance de superar o todo poderoso Mengão? A depender da vibração do camisa 7, estaremos classificados. É claro, o Flamengo precisará dar uma ajudinha, isto é, jogar a bola murcha que jogou no gramado verde (um milagre) piauiense.

Sendo assim, avante alligator, digo, avante Jacaré!