NATAL DO BICHO HOMEM
Por Rosidelma Fraga Em: 25/12/2011, às 06H36
NATAL DO BICHO HOMEM
Sonhei com um poema de Natal
hipnotizando o velho Noel
e acordando às crianças.
Tal como a cigana da sorte,
profetizei Maria Santa
a tocar meu piano negro
na Lagoa Rodrigo de Freitas
e depois me ungi de humor
ao verso lírico de Bandeira.
Acordei nua e descalça
feito prostituta Madalena
a confessar na Missa do Galo
e beijar o corpo nu do Sacristão.
Senhor Deus,
absolva-me dos pecados capitais
recheie a minha alma de poesia
e contempla-me nas cinzas da ausência.
Juro eu, leitor,
que assaltei a taça de vinho santo
e embriaguei-me de palavras
para não beber a imagem
do bicho homem a colher
os detritos de sua dor no asfalto
e urrando pelas migalhas de pão.