Na Academia Piauiense de Letras e em Teresina
Por Cunha e Silva Filho Em: 10/02/2011, às 11H36
“em teu seio hospedeiro
De mulher-moça-menina!
Eu te amo e tu me amas,
Venturosa Teresina!”
(Hardi Filho)
Cunha e Silva Filho
Desta vez, infelizmente, a minha viagem foi rápida a Teresina. Só passei três dias e uma manhã. Apenas isso para quem desejava permanecer pelo menos uma semana. E uma semana ainda é pouco Fui lançar meu livro As ideias no tempo, uma edição da Gráfica do Senado em convênio com a Academia Piauiense de Letras (APL), também chamada a Casa de Lucídio Freitas.
O evento se deu numa manhã de sábado de uma Teresina quente. O lançamento foi marcado pras 10 h. Fui ao belo prédio, construção antiga e elegante. Fica num plano alto da Avenida Miguel Rosa.
Meu filho Cunha e Silva Neto, professor universitário de direito em Curitiba e advogado, um estudioso da área jurídica, especialmente do direito constitucional, com trabalhos relevantes já publicado, fomos recebidos primeiro, pelas secretárias da APL, Verinha e Cremísia. As duas, por assim dizer, são a alma da Academia e dela cuidam com desvelo e profissionalismo. Não faltou a presença pontual do porteiro Caú, que conhece minha família há muito tempo. Poucos instantes depois, surgiu um membro da Academia, o poeta, advogado e jornalista Altevir Alencar, que nos convidou para uma salinha que deve ser a do presidente da APL, Reginaldo Miranda.
Enquanto o presidente da Academia não chegava, entretivemos uma agradável palestra com o Altevir Alencar. Em seguida, foram aparecendo homens ligados à APL, escritores, membros da Academia e, finalmente, o presidente, o Reginaldo Miranda, pessoa que havia apenas conhecido em conversa pelo telefone a fim de combinarmos antecipadamente tudo para a realização daquele lançamento.
Reginaldo Miranda é pessoa educada, simpática, simples e transmite tranquilidade a quem dele se aproxima. Muito jovem ainda, é advogado e historiador e me parece alguém talhado para o cargo que ocupa na Academia que, naquela manhã, iria abrir o calendário acadêmico programado para este ano. Ficarei torcendo a fim de que toda a programação de eventos seja cumprida e com muito sucesso.
Pouco a pouco, foram chegando novas pessoas, convidados, amigos, leitores, escritores, membros da APL e autoridades representativas de órgãos públicos de setores da cultura e educação.
Fomos convidados para o espaço do auditório da Academia, onde já nos esperavam os convidados. Alguns presentes, constituídos de entidades culturais (APL, FUNDAC, UBE-PI, Secretaria de Educação, Conselho Estadual de Cultura), compuseram a mesa, incluindo a pessoa do meu filho e a de quem assina esta coluna. Ao poeta Altevir Alencar coube a parte do Cerimonial.
O presidente Reginaldo Miranda abriu a sessão acadêmica e relatou uma série de projetos que deverão ser implementados pela Academia, como a retomada da publicação da tão aguardada Revista da Academia, dar continuidade à publicação do boletim Notícias Acadêmicas entre outras realizações a serem desenvolvidas ao longo deste ano pela APL. Reginaldo Miranda, com muita elegância, dirigiu palavras a meu respeito e reafirmou a alegria e o prazer de me receber naquela aquela manhã de autógrafos. Sua oratória é límpida, fluente, polida e ao mesmo tempo objetiva.
O presidente do Conselho Estadual de Cultura, M. Paulo Nunes, professor emérito da UFPI, crítico literário, ensaísta e educador, além de ser um dos mais eminentes intelectuais do Piauí da atualidade, fez uma bela apresentação do meu livro, que considerei pessoalmente, uma aula viva de literatura brasileira, abordando, com a sua vasta experiência e saber, com equilíbrio e mesmo eloquência, não só os principais aspectos do conteúdo do meu livro, mas articulando a sua palestra ao conjunto de fundamentais temas e autores da literatura brasileira, sobretudo na esfera da crítica literária, sendo, por isso, duas vezes justamente aplaudido pela seleta e ilustre assistência e membros da mesa. Antes, em jornal, no Diário do Povo (03/02/2011) já havia antecipado uma generosa e lúcida resenha sobre meu citado livro. Por sinal, Paulo Nunes é ainda o prefaciador do meu livro.
Finalmente, usou da palavra o autor desta coluna a fim de, emocionado, agradecer aos presentes, isto é, tanto da assistência quanto dos membros da mesa, que, naquele recinto destinado ao saber nas diferentes áreas do conhecimento, ali estavam abrilhantando o evento. Finalmente, recebi convidados para a manhã de autógrafos, enquanto já se estava servindo, na sala fora do auditório, um gostoso coquetel aos convidados.
Ainda sobre a viagem, mas agora no plano do relacionamento social, o professor M. Paulo Nunes e o professor Celso Barros Coelho convidaram-nos, a mim e ao meu filho, para almoçarmos no domingo num aprazível restaurante, quando pudemos falar sobre temas relacionados à literatura e à ciência do direito. Isso porque, sem que o notássemos, formou-se quase um par bifurcado de conversas. Entre mim e o ilustre professor Paulo Nunes, o diálogo tomou o rumo da literatura; entre meu filho e o grande jurista Celso Barros Coelho, o bate-papo gravitou em torno de temas jurídicos.
Contudo, o professor Paulo Nunes e eu, e bem assim meu filho e aquele jurista maranhense ,mas piauiense de coração, não ficamos indiferentes àquelas duas áreas distintas, porquanto ao estudioso de literatura e ao estudioso do direito o saber latu sensu também faz parte do conhecimento deste mundo, principalmente hoje em dia atravessado pelos estudos e pesquisas multidisciplinares e transversais. E só pra lembrar, Celso Barros cultiva e produz na área de letras; Paulo Nunes é graduado em direito, meu filho aprecia ficção e eu não desdenho o direito. Ficamos, portanto, em família.
Na segunda-feira, dia 7, meu filho e eu visitamos a nova sede do Conselho Estadual de Educação, no bairro da Vermelha, convidados que fomos pelo professor M. Paulo Nunes. A nova sede está funcionando num sólido prédio de uma antiga Escola Pública. Está todo reformado, limpo, bem cuidado por dentro e por fora. Por dentro, é valorizado por murais do talentoso artista piauiense Nonato Oliveira que, na opinião criteriosa do professor M. Paulo Nunes, está no mesmo nível dos mexicanos Orozco e Diego Rivera e dos artistas piauienses do porte de Mestre Dezinho e Mestre Expedito, famosos como santeiros.
O professor M. Paulo Nunes, nosso anfitrião, nos fez conhecer todas as dependências que formam as seções do Conselho: o acolhedor auditório ( capacidade para 120 lugares), a sala da Biblioteca, de cujo acervo 1500 livros foram doados da biblioteca particular deste dinâmico presidente, o centro de informática no qual se pretende criar uma biblioteca virtual destinada sobretudo a jovens, afastando-os, assim, das ameaças da indolência e das drogas Uma das metas do seu setor de informática é conseguir digitalizar todo o acervo da biblioteca, conectando-a com a internet e, por conseguinte, com o mundo.
Toda a atenção do presidente M. .Paulo Nunes é no sentido de que a nova sede do Conselho Estadual se torne uma espaço aberto e democrático à comunidade local e de outros bairros, realizando, no relativamente amplo espaço à entrada do seu prédio, eventos culturais a céu aberto e mesmo durante noites enluaradas, como bem-humorado assinalou o professor M. Paulo Nunes. São muitos os planos já projetados pelo professor Paulo Nunes. Oxalá que se concretizem todos eles, pois todos visam ao desenvolvimento cultural-educacional dos piauienses, particularmente os jovens.
As horas que me sobraram foram limitadas, mas uma não podia deixar de aproveitar. Fui , com meu filho, até à casa do saudoso escritor e acadêmico José Lopes dos Santos visitar sua viúva, a Miriam, e familiares. Com um deles, o Oscar, demos um pulo num dos shopppings de Teresina. À tardezinha, saí com meu irmão Evandro pra dar uma olhada no belíssimo recanto turístico chamado “O Encontro das Águas”, porém, quando lá chegamos, já era noite e não fazia mais sentido me demorar lá. Também, desta vez, não pude ir a Amarante. Deixarei pra outra oportunidade. Na tarde do dia 7, meu filho e eu regressamos pro Rio de Janeiro. Como sempre, ao deixar Teresina, levo saudades imensas do Piauí.