MONSTROS DO ESPAÇO EXISTEM?

Miguel Carqueija

 

Resenha do romance de ficção científica “O monstro do espaço”, por Robert A. Heinlein. Publicações Europa-América, Mem Martins, Portugal, sem data. Título do original norte-americano:  “The star beat”, “copyright” 1954 do autor. Tradução: Inês Busse. Capa: Estúdios P.E.A.

 

Muito curioso este romance de Heinlein, um dos mais importantes autores de FC de todos os tempos e um dos mais polêmicos. Foi considerado um direitista radical e até fascista, por causa de romances como “Soldado no espaço” (ou “Tropas estelares”) e “A sexta coluna”; outros de seus livros, porém, inclinam-se claramente para a contra-cultura, como “Não temerei o mal”. Mesmo este “O monstro do espaço” deriva para a contra-cultura, como se vê no estranho instituto de filhos que se divorciam (sic) dos pais, como a personagem Betty, a namorada de John Thomas Stuart, o “dono” do monstro de oito patas, Lummax — aspas necessárias, pois Lummax, considerado por séculos um animal que aprendera mal e mal a falar (como um papagaio) era muito mais inteligente do que se supunha.

No futuro imaginado por Heinlein a Terra é um dos muitos planetas habitados na Galáxia e a humanidade mantém contato amigável com diversas raças. Séculos atrás, porém, um antepassado de John, tendo feito uma viagem de exploração além da região conhecida, trouxe para casa um ser que seria um animal filhote, Lummax, que passou a fazer parte da família e cresceu cada vez mais. Podia comer qualquer coisa, inclusive aço, e John, ainda adolescente (sua idade não é revelada), procurava mantê-lo longe da cidade e de encrencas.

A situação muda quando Lummax escapa para um passeio e sem querer provoca um grande pânico. A partir daí começa uma séria polêmica onde a mãe de John, que só chama Lummax de “monstro”, e o chefe de polícia Dreiser movem uma guerra visando matar Lummax, que é defendido por John e Betty, esta uma garota esperta e audaciosa, capaz até de fazer-se de advogada e enfrentar a oposição numa audiência.

Mas logo a coisa se complica a nível interplanetário quando a raça de Lummax finalmente descobre a Terra e exige a devolução de seu membro, que, ao que parece, é uma valiosa princesa. Entra em cena o politiqueiro Kiku (sic) e o romance entra no emaranhado da política e da burocracia, quando os seres humanos nem sempre tratam do que é mais importante ou urgente e travam brigas mesquinhas.

No fundo a história é humorística e a espevitada Betty Sorenson, junto com Lummax, é a personagem mais marcante.

 

Rio de Janeiro, 3 de maio de 2022.