Miritiba

[Humberto de Campos]

É o que me lembra: uma soturna vila 
olhando um rio sem vapor nem ponte; 
Na água salobra, a canoada em fila... 
Grandes redes ao sol, mangais defronte...


De um lado e de outro, fecha-se o horizonte...
Duas ruas somente... a água tranqüila...
Botos no prea-mar... A igreja... A fonte
E as grandes dunas claras onde o sol cintila.


Eu, com seis anos, não reflito, ou penso.
Põem-me no barco mais veleiro, e, a bordo,
Minha mãe, pela noite, agita um lenço...


Ao vir do sol, a água do mar se alteia.
Range o mastro... Depois... só me recordo
Deste doido lutar por terra alheia!