Maori e o tubarão
Essa lenda não é exatamente australiana, como um bumerangue ou um canguru, mas relata o acontecimento maravilhoso no caminho marítimo da Polinésia à Nova Zelândia.
O FILÓSOFO FRANCÊS JEAN-PAUL SARTRE (1905 - 1980), cujas idéias prevaleceram
principalmente na Margem Esquerda do Rio Sena, Paris, França, ajudando a configurar
um espírito do tempo existencialista [como é do conhecimento geral, Martin Heidegger,
que antecedeu Sartre como, digamos, "filósofo mais discutido, no Ocidente", estudou,
na Universidade de Friburgo (Alemanha), com o fundador da fenomenologia, Edmund Husserl (*)
e (Heidegger) influenciou o pensamento de Sartre, apesar das diferenças ideológicas
marcantes que distanciaram Sartre de Heidegger], que se seguiu à Segunda Guerra Mundial
e terminou, quase que por encanto, durante os explosivos anos 1960: ATÉ OS
REVOLUCIONÁRIOS SE TORNAM VÍTIMAS DAS TRANSFORMAÇÕES RADICAIS QUE
AJUDAM A DEFLAGRAR (especialmente das "copernicanas" e por assim dizer
"rápidas" revoluções mentais!)
(http://ronnydeschepper.wordpress.com/2010/04/15/jean-paul-sartre-1905-1980/)
(*) - Heidegger sucedeu Husserl na cátedra de filosofia em Friburgo, em 1929, sendo o título de sua aula inaugural O que é a Metafísica? Em 1933, Heidegger tornou-se reitor já sob a política do nazismo hitlerista, enquanto Sartre participou, mais de três décadas depois (anos 1960), de manifestações contra o stablishment conservador da França, gaullista (apesar de De Gaulle ter lutado contra o nazismo, mas o tempo vivivo já era outro, com estudantes, estimulados (também "teoricamente") por professores revolucionários da Universidade de Paris, articulando-se de forma a produzir a célebre rebelião Maio de 68), em contexto de ruptura prático-teórica violenta, no seio da qual marxismo foi transformado pelo estruturalismo (L. Althusser e outros), estruturalismo prevaleceu em vários campos de estudo (tendo o antropólogo C. Lévi-Strauss, que pesquisara e lecionara no Brasil (USP), como um de seus pilares teóricos), psicanálise transformando-se por um estruturalismo que se ancorava nas teses do linguista F. de Saussure (como aconteceu nos livros do referido Lévi-Strauss e, também, de R. Barthes, por exemplo) - J. Lacan propôs, como se sabe, um "retorno a Freud" -, expoentes do freudo-marxismo da Escola de Frankfurt tornando-se celebridade entre os manifestantes de 1968 (H. Marcuse e outros) e até mesmo "estruturalismo fenomenológico" (R. Jakobson) fazendo com que a hegemonia husserliana-heideggeriana-sartriana anterior sofresse sério abalo. O primeiro - e competente - avanço relativamente a tudo o que sucedeu o pré-1968, exposto de forma clara, foi produzido por Jean Baudrillard (que era jovem professor em 1968, mas já influenciava o pensamento da época), quando publicou Esquecer Foucault, uma obra explosiva - e já insurgente, ironicamente produzida contra "novos cânones" - cujo título anuncia que é possível superar o estruturalismo dos anos 1960 sem que, necessariamente, seja operada um espécie de "retorno a Sartre" [nem a Heiddeger, Husserl ou a seus anteriores]. Quase todos esses autores - com exceção daqueles que foram mais ortodoxamente seguidores do legado de K. Marx (ou mais rigorosamente "técnico-científicos", como Lévi-Strauss) -, como é do conhecimento geral, consideram-se devedores de postulações de F. Nietzsche. No Brasil, de forma imensamente competente (sem fazer concessões a "modismos franceses"), o filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser (1920 - 1991) [que dominava o alemão (seu idioma natal), o português, o inglês e o francês] criou uma uma surpreendente teoria da linguagem e da comunicação que muito deve à fenomenologia husserliana (por ele transformada). Ligado por laços de amizade e afinidades teórico-eletivas aos poetas, ensaístas e tradutores ditos concretos de São Paulo, em certo momento de sua vida, V. Flusser filosoficamente (sem com eles atritar-se, nem criticar pelo imprensa paulista, com a qual colaborou regularmente [Suplemento Literário d'O Estado de São Paulo]: refiro-me a posições teóricas) afastou-se desses pensadores brasileiros, como ele próprio lembrou em sua notável obra Bodenlos: uma autobiografia filosófica. De qualquer forma, com o grupo Noigandres (os irmãos Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari) e com Vilém Flusser (além dos filósofos menos vanguardistas, vários deles de pendor freudo-marxista e estruturalista, contudo), o Brasil colocou-se em sintonia com as as experiências prático-teóricas do assim chamado "Primeiro Mundo", não ficando a dever ao "Circuito Elizabeth Arden" (capitais das grandes potências do Ocidente, nesse caso, considerada a sua porção universitária) de expressão francesa, alemã, espanhola, russa (Jakobson), eslava (semiótica da Escola de Tartu: I. Lotman e outros autores), italiana ou anglo-estadunidense.
(http://firstsliveone.wordpress.com/2009/11/17/boomerangs/)
PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO (1994), importante filme autraliano: foto de cena
(Só a foto de cena, sem a legenda acima lida: http://forum.hardmob.com.br/showthread.php?t=87663;
título original da fita: The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert)
(http://domfernando.wordpress.com/2009/06/page/2/)
(http://www.oceania-ethnographica.com/aust25.htm)
(http://www.oceania-ethnographica.com/aust25.htm)
(http://blig.ig.com.br/mulasemcabeca/category/sera/page/2/)
(http://thelancet.it/series/indigenous-health)
"(...) Durante vários dias andaram [NO MAR] à deriva sem fazer a mínima idéia de que rumo lhes convinha e talvez se tivessem perdido para sempre se não fosse Maori, o bom e generoso Maori. (...)".
(LENDA MARAVILHOSA DA NOVA ZELÂNDIA, adiante transcrita integralmente)
À memória de Jean-Paul Sartre e
ao povo neozelandês
18.7.2010 - Quiseram matar Maori só porque seus traços faciais não eram tão equilibrados quanto os de seus quatro irmãos gêmeos (eles não eram univitelinos) - Assassinos! Miseráveis homicidas! Corja de desalmados! E POR QUE CARGAS D'ÁGUA, POSTERIORMENTE, OS MALVADOS ACEITARAM A AJUDA DO FEIOSO QUE NÃO CONSEGUIRAM MATAR? O mínimo que se pode esperar de um orgulhoso é que sua soberba aflore plenamente, para ele não aceitar favores, depois. Mas só pensa assim quem não tem a CAPACIDADE DE PERDOAR. Sente assim só quem guarda rancor. Alguém como eu, aliás, ainda não alcançou um estágio de espiritualidade superior... e, por isso, posso tranquilamente declarar que, por não estar à altura da estória, simplesmente não a mereço. A lenda é dos habitantes autóctones! Essa lenda neozelandesa é belíssima e merece ser impressa e emoldurada. Os amigos do leitor são todos eles bondosos, mas se, por algum motivo, algum deles "vestir a carapuça" e não se sentir (primeiramente) incomodado com tanta injustiça e desconsideração com os sagrados direitos humanos e (finalmente) se considerar que é estranho o PERDÃO DE MAORI, vindo ele - não me refiro a Maori - colocar objeções à estória, é batata: trata-se de um insensível, de alguém que é egoísta: um abrutalhado grosseirão. Agora: se for uma pessoa muito emotiva, ela chorará. E chorará - quem sabe? - copiosamente, a ponto de procurar um lenço, para secar a face por onde sentidas lágrimas - e qual delas não o é? - abundantemente rolaram. Porque a estória é belíssima. A parte que mais gostei foi aquela em que aparece um grande "tubarão do bem" (logo no finalzinho, sequência narrativa que não contarei aqui para não tirar o encanto da absorção do relato). Mas posso adiantar que, na lenda, o temido peixão não devora pessoa alguma, naquela Oceania. Foram os "selvagens" australianos - neozelandeses, aliás - que milenar e coletivamente criaram essa lenda ou, individualmente, uma pessoa entendeu a ALMA DOS ABORÍGENES e a contou, de sopetão: INSIGHT. A conclusão (desta nota de apresentação, não da lenda), que é mais "sentimento" do que "operação lógico-intelectual", vai no sentido contrário ao velho existencialismo, muito bem escrito que foi, como se sabe, por Jean-Paul Sartre, no século passado. Mas Sartre já não mais transita entre nós. Bem, o inferno somos nós, mesmo: ZEITGEIST. Boa semana! F. A. L. Bittencourt ([email protected])
"Sexta-feira, 2 de Maio de 2008
Uma lenda da Nova Zelândia
Maori e o Tubarão
Maori nasceu numa ilha da Polinésia integrando um grupo de cinco gêmeos. Os outros eram muito bonitos, mas ele era tão feio que a família resolveu atirá-lo ao mar.
Só não morreu porque o deus Tama-ui não deixou. Mais inteligente do que os humanos, compreendeu que a beleza do rapaz era interior e decidiu tomá-lo sob a sua proteção para o educar. De início ensinou-lhe aquilo que era costume: a nadar, a escolher as algas mais tenras para preparar boas refeições, a ler o destino nos astros. Como ele tudo aprendia sem o menor esforço, Tama-ui decidiu ensinar-lhe também coisas que os homens não sabem. E assim o Maori aprendeu a falar com os peixes e a cavalgar sem medo no dorso dos mais ferozes tubarões.
Ora, certo dia levantou-se um temporal horrendo sobre a Polinésia. O vento, enlouquecido, arrancava árvores pela raiz. O mar, desvairado, lançava ondas gigantescas sobre praias e florestas. As pessoas ficaram em pânico e fugiram para o interior, mas perceberam que nem aí estavam em segurança e recearam que as ilhas desaparecessem. Então, apesar do perigo, meteram-se nas frágeis pirogas que possuíam e zarparam em busca de uma terra melhor para viver. Durante vários dias andaram à deriva sem fazer a mínima idéia de que rumo lhes convinha e talvez se tivessem perdido para sempre se não fosse Maori, o bom e generoso Maori.
Vendo o seu povo tão aflito, esqueceu que o tinham rejeitado e apareceu logo, pronto a ajudar. Cavalgando o dorso do tubarão preferido, conduziu as pirogas até às ilhas da Nova Zelândia.
Revista: Tu cá, tu lá ,nº.6
Maio – Junho 2000
Recolhido por: Mariana e Rita".
(http://aguamarazul.blogspot.com/2008/05/uma-lenda-da-nova-zelndia-maori-e-o.html)
(http://3.bp.blogspot.com/_Bjnwc8xM8eU/SLnBNbCe2CI/AAAAAAAAKaE/0gGFfNJjmYY/s400/tubarao.jpg)
(http://www.ew.govt.nz/environmental-information/All-about-air/Maori-and-the-air/)