Manuel Bandeira: Ouro Preto
Em: 09/09/2021, às 22H33
[Manuel Bandeira]
Ouro branco! Ouro Preto! Ouro podre!
De cada Ribeirão trepidante e de cada recosto
De montanha o metal rolou na cascalhada
Para o fasto del-Rei, para a glória do imposto.
Que resta do esplendor de outrora? Quase nada:
Pedras... templos que são fantasmas ao sol-posto.
Esta agência postal era a Casa de Entrada...
Este escombro foi um solar... cinza e desgosto!
O bandeirante decaiu – é funcionário.
Último sabedor da crônica estupenda,
Chico Diogo escarnece o último visionário.
E avulta apenas, quando a noite de mansinho
Vem, na pedra-sabão, lavrada como renda,
- Sombra descomunal, a mão do Aleijadinho!