MALANDRO É O GATO
Por Artur da Távola em memória Em: 04/04/2008, às 13H02
A palavra malandro é batida, porém pouca gente percebe quem é e como é, na verdade, o malandro, típica figura e invenção do Rio de Janeiro. A maioria identifica (erradamente) o malandro com o vagabundo, o preguiçoso e até com o marginal. E o malandro carioca não é nada. O malandro tem diplomacia, é alguém que sabe fazer as coisas a que se propõe, sempre encontrando o modo próprio, alegre, criativo e esperto.
A boa vida, o ar de vitória, a superioridade natural são características do malandro por ser ele um vencedor, mas um vencedor que não suja as mãos com violência nem gasta energia à toa; um psicólogo e um sociólogo, sem teorias, que, diante de uma situação, sabe logo identificar - e com precisão - onde está o otário, o vaidoso, o que fala e não faz, o entupido da própria ignorância, o panaca, o caô e, por outro lado, onde está o "gente boa", sabendo com quem obterá resultado favorável; com quem não adianta insistir, sempre em busca da forma de conseguir as coisas harmoniosamente.
A malandragem não é atributo dos setores mais pobres da população. Mas foi o povo carioca, na sua lida diária, o inventor da malandragem. É que a luta pela vida ensina cedo as trilhas da malandragem. Mesmo nas altas rodas e em qualquer grupo social, a figura do malandro se expressa pelo modo inteligente de fazer as coisas, de não gastar força desnecessária e de estar sempre bem, levando a melhor nas situações, conseguindo-o sem chamar atenção sobre as próprias façanhas.
Por isso se diz que malandro é o gato, que não vai à praia e come peixe.
Ou então, que malandro é agulha. Mas isso não dá para explicar pelo jornal.