Cunha e Silva Filho


                     Corajosa, determinada, amadurecida embora tão jovem, Malala Iousufzai, uma paquistanesa de quinze anos, quase uma criança, foi à luta. Não se deixou intimidar pelas ameaças de talibãs que dominam a região em que ela morava com a família. Sabia o que queria, ou seja, queria estudar, exercer seu direito de sair da barbárie para a civilização, como lembrou o comentarista internacional Carlo Rossi, da Folha de São Paulo.
                   Esta adolescente com cabeça de adulta  responsável , espécie de pequeno Gandhi de saia, por desejar um direito inalienável de qualquer criança, o de estudar, de desenvolver suas capacidades intelectivas, de sair da escuridão da ignorância para a iluminação do saber, direito consagrado universalmente, Malala enfrentou os inimigos obscurantistas e segregadores culturais, os terroristas e sanguinários talibãs, facção terrorista e fanática, que não reconhece o direito de as mulheres estudarem. Num mundo desenvolvido em todas as áreas do saber humano, constitui um crime contra a pessoa da mulher impedi-la de ter uma formação escolar. Foi o que tentaram fazer com a pequena e bela Malala, e o fizeram de forma covarde praticando contra ela um atentado que quase lhe tirou a vida.   

                 Fico imaginando o que não deve ter passado essa adolescente para driblar seus perseguidores na sua destemida luta contra a estupidez dos bárbaros. Escondendo-se, correndo, despistando, mascarando-se, tudo fez a pequena Malala para não cair nas mãos assassinas dos terroristas.
                Malala conseguiu ser acolhida na Inglaterra, onde faz ainda tratamento do atentado que sofreu, quase deixando-a com sequelas no cérebro.  Torna-se, assim, um símbolo da ousadia de uma adolescente para conquistar seu direito à educação. Oxalá , na Inglaterra consiga desenvolver suas potencialidades a fim de melhor lutar em defesa da igualdade feminina de seu país, não só no que tange ao direito de estudar mas também a todos os direitos que os homens têm na sociedade civil.         

                  Líder nata, com atributos que a tornaram da noite para o dia uma personalidade mundial, Malala precisa de todo o apoio dos países livres no sentido de propiciarlhe condições de dar continuidade aos seus propósitos de disseminar a educação para ambos os sexos, em todos os níveis e de assim contribuir para a região de sua terra natal não só no campo da escolaridade obrigatória mas também de elevar o nível de consciência política , social e cultural de seu país, hoje ainda tão conturbado por conflitos de ordem geopolítica. A pquena  paqistanesa  há de encontrar uma lugar de destaque  como protagonista da paz nas questões sociais e políticas de seu país. Posso errar, mas  a pequena líder  ainda poderá fazer muita coisa útil em defesa de um Paquistão livre do terrorismo e de outras ameaças que pairam sobre os céus desse país.
            Acredito que nenhum país há de ficar indiferente à luta dessa adolescente, ainda hospitalizada em Londres, ainda cheia de marcas de ferimentos, porém já tendo demonstrado estar em plena lucidez e ansiosa por receber o carinho de todos e por todos os meios de comunicação.
           Torçamos, portanto, pela felicidade desta jovem, por sua pronta recuperação. Malala é um grande exemplo de destemor, de valentia, de maturidade precoce já revelados em tão tenra idade. E tais atributos prendem a nossa curiosidade,  o nosso interesse, e principalmente fazem dela uma pessoa querida e amada por todos aqueles que prezam a igualdade entre homens e mulheres. Malala torna-se sinônimo de união entre as mulheres, de paz entre os homens e de combate contra o terrorismo, o fanatismo religioso e o preconceito em todas as escalas de sua miséria e destruição.