MAD MARIA

     Li, em oito dias, o romance Mad Maria, de Márcio Souza. A edição que li é a 3ª, publicada em 1985 pela Marco Zero e tem 349 páginas. Dá uma média de 43,6 páginas por dia, nada mal para quem trabalha como revisor e tem ainda vários afazeres domésticos a cumprir.

     Não me empolgou muito esse livro. Até um pouco depois da metade, eu estava gostando muito, lendo rápido para saber o que vinha em seguida. Mas meu interesse pela narrativa foi diminuindo. Fiquei achando que o autor não estava sabendo concluir o livro. Ou melhor, não estava sabendo elaborar o desfecho.

     O que mais me surpreendeu nesse romance foi o título. Contém uma aliteração e uma assonância. É uma expressão criativa. Porém a Maria não é uma mulher muito louca nem ocorre a narração de suas maluquices. Não é nada disso. Não vou dizer do que se trata. Não quero tirar o prazer de meus poucos leitores, que venham a ler o livro, de descobrirem do que se trata. Que eles descubram por si próprios o que é essa Maria Doida.

     Em relação à linguagem, há muitos descuidos do autor, no entanto o mais grave é o excessivo emprego do pronome lhe no lugar do pronome o. Isso, para mim, cheira a primarismo estilístico.

     Sobre a ação narrativa, trata-se de um romance que mistura ficção com realidade histórica. Figuras muito conhecidas em 1911, que é o ano em que a narrativa é situada no tempo, atuam como personagens. Mas apenas duas são retratadas positivamente: o famoso jornalista Alberto Torres e o escritor Mário de Andrade. As outras, que não vou dizer quais são, agem muito negativamente e são retratadas de modo caricatural e até ridículo. São homens tidos como ilustres, muito famosos, verdadeiros atores da cena política da época. Porém não vou revelar nada antecipadamente sobre essas figuras insignes. Que o leitor se debruce sobre Mad Maria e descubra quais são. Vale a pena fazer isso, pois, já que a História só faz elogios a elas, o romance mostra uma outra face dessa turma.

     O ambiente de Mad Maria oscila entre a construção da estrada de ferro Madeira – Mamoré, em plena floresta Amazônica, e o Rio de Janeiro, capital da República na época. Ou seja, é um romance ao mesmo tempo regional e urbano.

     Estas são impressões subjetivas sobre o livro de Márcio Souza. Não são totalmente favoráveis e elogiosas, mas, mesmo assim, eu o indico como leitura a meus pouquíssimos leitores.