[Maria do Rosário Pedreira]

De há muitos anos a esta parte ouço meio mundo dizer que não se lê em Portugal. Admito que existem outros países com índices de leitura muito mais elevados, sobretudo na infância e na adolescência, mas, como se costuma dizer, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Leio, de resto, uma notícia no jornal Público sobre as quebras do mercado de entretenimento durante a crise e, ao que parece, foram os livros que melhor a aguentaram – caindo 1% no ano de 2013, enquanto o resto do sector (música, filmes, videojogos) encolheu cerca de 12%. Bem sei que as pessoas são hoje muito hábeis a rapinar da Internet filmes, músicas e jogos gratuitamente e que, de certa forma, os livros ainda estão, digamos assim, algo armadilhados, o que pode viciar os dados; além disso, entre os que gostam de ler, só 6% se habituaram já ao formato digital... Mesmo assim, a notícia diz-nos que um terço dos portugueses já lê regularmente e que o tempo médio dedicado à leitura é de cinco horas semanais. Comparado com o tempo gasto a ver televisão, talvez seja pouco, mas, se pensarmos bem, são resultados francamente melhores do que tínhamos há dez anos (sem crise) e mostram que cada vez mais gente compra livros. Que livros, não sei, e talvez seja melhor não saber para não ficar triste. Mas lá que se lê, lê.