[Flávio Bittencourt]

Julia Kristeva

Também ela é búlgara.

 

 

 

 

 

 

 

 

"Sliven [CIDADE BÚLGARA] (bulgare: Сливен) est une ville du sud-est de la Bulgarie. Elle est la 8e ville du pays avec une population de 98 000 habitants. Sliven est célèbre pour ses « Hajduk », combattants qui luttèrent contre la domination ottomane au XIXe siècle. (...)".

(http://fr.wikipedia.org/wiki/Sliven)

 

 

 

 

 

 

 Fichier:BUL Сливен COA.png
 

 

 

 

 

 

 

BRASÃO DE SLIVEN, ONDE KRISTEVA NASCEU

(SÓ O EMBLEMA, SEM A LEGENDA ACIMA ASSINALADA:

http://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:BUL_%D0%A1%D0%BB%D0%B8%D0%B2%D0%B5%D0%BD_COA.png)

 

 

 

 

 

VISTA PARCIAL DA CIDADE DE SLIVEN, BULGÁRIA

(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Karandila2.jpg)

 

 

 

 

Julia Kristeva (born 24 June, 1941), pictured above  in New York, 1974
On laughter in the text:
‘The  revolutionary practice of the text [i.e., of literary and poetic texts]  is a kind  of laughter whose explosions are those of language.  The pleasure  obtained from the lifting of inhibition is immediately invested in the  production of the new.  Every practice which produces something new (a  new device) is a practice of laughter: it obeys laughter’s logic and  provides the subject with laughter’s advantages.  When practice is not  laughter, there is nothing new; where there is nothing new, practice  cannot be provoking: it is at best a repeated, empty act.  The novelty  of a practice (that of the text or any practice) indicates the  jouissance [i.e., pleasure] invested therein and this quality  of newness  is the equivalent of the laughter it conceals…’
—  from ‘[Lautréamont’s] Maldoror and Poems: Laughter as  Practice,’ in  Revolution in Poetic Language (1984; originally published  in 1974;  translated from the French by Margaret Waller, with my own slight  modifications for clarity)
On depression  in speech:
‘Let us recall that the speech of those in a  depressive state tends to  be repetitive and monotonous.  Faced by an inability to make links,  the phrase [in depressive speech] interrupts itself, cuts itself off,  stops itself.  Syntagma [i.e., phrases, syntactic units] even fail to be  formed.  A repetitive rhythm, a monotone melody, comes to dominate the  broken logical sequences, and to transform them into a recurrent,  obsessive litany.  Ultimately, when even this frugal musicality begins  to exhaust  itself, or to be extinguished by the urge to silence, the depressive’s  utterances seem to suspend all thought altogether, and to sink into the  white noise of  the asymbolic [i.e., meaninglessness], or to be swept away in the  overflow of an uncontrollable chaos of ideas.’
— from  Soleil Noir: Depression et mélancolie (1987;  my translation from  the French)
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Julia Kristeva (born 24 June, 1941), pictured above in New York, 1974"

(http://mhsteger.tumblr.com/post/731956801/julia-kristeva-born-24-june-1941-pictured)

 

 

 

 

 

 

"FIM DE FÉRIAS, VOLTA DE VIAGEM DE FÉRIAS E SABER QUE AINDA FALTAM 11 MESES PARA QUE AS PRÓXIMAS FÉRIAS CHEGUEM NÃO É, EXATAMENTE, ALGO FESTIVO E ALEGRE"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

                      No dia dos mortos - dois de novembro -,

                      são elas, as pessoas que já se foram, devidamente homenageadas

                       [J. KRISTEVA, A QUEM SE DESEJA SAÚDE E VIDA LONGA,

                       FELIZMENTE ESTÁ VIVA!],

                       quando também são reverenciadas vida e obra da psicanalista,

                       pensadora e romancista búlgara Julia Kristeva

 

 

 

 

 

 

2.11.2010 - Kristeva é búlgara, o que significa que Petar Roussev, pai de Dilma Rousseff, é seu compatriota - O trecho de entrevista de Julia Kristeva a seguir transcrito consta no livro Diálogos Contemporâneos, de Fernando Eichenberg (Editora Globo). Agradece-se aqui ao citado autor por nos ter transmitido tão expressivas palavras, da sempre muito admirada J. Kristeva.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JULIA KRISTEVA

(http://www.lacan.com/perfume/kristeva.htm)

 

 

  

 

 

"Segunda, 4 de dezembro de 2006, 08h01

Trecho da entrevista com Julia Kristeva

Fernando Eichenberg

 

Julia Kristeva, psicanalista, 1999

A senhora acredita que a melancolia ganha espaço na sociedade? Que a vontade de transcender está sendo esquecida, ou que se aceita facilmente a idéia de falsa transcendência?


Há uma depressão no ar. Quando voltam de férias, a maioria dos pacientes ou mesmo de colegas que encontro na faculdade revela esse abatimento, que não corresponde à situação econômica, à vida social, que têm melhorado. Tenho o sentimento de que, ao lado dessa depressão, que se generaliza, há um movimento que defini há pouco como maníaco, ou seja, a correria em direção à religião, à cientologia, às religiões budistas. Há um retorno da religião. Tenho a impressão de que a maioria das pessoas sente que essa busca transcendental é limitada e arcaica. A solução não está nem na depressão nem na fuga em direção a um novo ídolo, mas na atenção a cada um. Ajudar cada um a viver melhor, sem passar pelo egocentrismo. É, finalmente, o que se chama de direitos humanos, uma metamorfose laica do respeito ao outro que o monoteísmo começou.

Muito se tem buscado relacionar, na psicanálise contemporânea, a morte das utopias com uma espécie de angústia e neurose que refletiria a ausência de alternativas para o tal sistema. As dores humanas que realmente contam não serão sempre as mesmas, não importa o sistema em que viva o ser humano?


Você talvez tenha razão. Mas me parece que nossa vocação, como analistas, é de tentar ver as variantes desse sofrimento eterno, e tentar responder a suas particularidades. No meu livro As novas doenças da alma tentei mostrar ao menos três elementos que me pareceram novos, mas que convergem todos para algo que está em causa hoje. O primeiro é a capacidade de representar: todas as doenças da alma que vemos hoje têm origem no fato de que aquele que sofre dá a impressão de não ter mais aparelho psíquico, ou que esse aparelho está em dificuldade. Por exemplo, você tem uma dor. Antes você podia fazer uma representação, dizer de onde vem, contar a sua mãe, sua mulher, seu amigo, enfim, tentar mentalizar. Hoje a capacidade de mentalização está reduzida. Por quê? Será por que a cultura verbal se empobreceu? Será por que a família e os amigos não estão presentes, a comunicação foi reduzida? Essa câmara obscura que é o aparelho psíquico - que faz com que o sofrimento físico seja representado nas palavras, na comunicação, no aparelho mental, no nosso cinema privado - está em sofrimento. O que acontece quando ele sofre? Eu somatizo. Tenho muito mais dores estomacais, e o médico não encontra nada. É preciso dar o passo, encontrar forças, e falar a um analista, para reconstituir essa câmara obscura. As doenças psicossomáticas aumentaram. O segundo elemento é a passagem ao ato, ao vandalismo sem freios: quando tenho um impulso, eu vou em frente. A terceira doença da alma moderna é a toxicomania, também relacionada a essa ausência de representação. Esses três aspectos levam os analistas a fazer da análise um verdadeiro renascimento psíquico. É quase um transplante do aparelho psíquico: construir uma linguagem e a confiança no outro, para poder representar. É um trabalho enorme, mas é talvez a forma moderna do sagrado.

Entre Aspas - Diálogos Contemporâneos, de Fernando Eichenberg, Editora Globo.