Início de julho de 1922, Copacabana: os Dezoito do Forte
Por Flávio Bittencourt Em: 02/06/2011, às 20H50
[Flávio Bittencourt]
Início de julho de 1922, Copacabana: os Dezoito do Forte
No portal Historianet está devidamente contada essa estória da História do Brasil.
"Exposição Centenário da Independência 1922
Exposição comemorativa do Centenário da Independência em 1922 no centro do Rio de Janeiro, mais precisamente próximo do Arsenal e da Praça XV.
Essa entrada era um verdadeiro bolo de noiva, ou um arco do triunfo com letra minúscula, mas na época existiam esses arcos para todos os eventos e para todos os gostos.
Depois demoliam."
(ANDRÉ COSTA [só o texto explicativo],
http://www.flickr.com/photos/11124678@N02/2109643102/)
"A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ocorreu em 5 de julho de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Foi a primeira revolta do tenentismo, movimento político-militar da República Velha brasileira"
(http://www.correiodopovo.com.br/jornal/A113/N279/html/Seculo.htm)
QUANDO SÃO HOMENAGEADOS O HERÓIS DA PÁTRIA
QUE TOMBARAM LUTANDO NO TERRITÓRIO NACIONAL,
NÃO APENAS EM 5 DE JULHO DE 1922
3.6.2011 - Dezenas de pessoas morreram na rebelião de julho de 1922 - Um pelotão com 18 suicidas - OS DEZOITO DO FORTE DE COPACABANA - caminhou para a morte. (SIQUEIRA CAMPOS E EDUARDO GOMES CAÍRAM FERIDOS POR VÁRIOS PROJÉTEIS DE CHUMBO, MAS, FELIZMENTE, SOBREVIVERAM.) F. A. L. Bittencourt ([email protected])
"Brasil República
Os 18 do Forte
INTRODUÇÃO
A Revolta do Forte de Copacabana, em 1922, foi o primeiro movimento militar armado, que pretendeu tirar do poder as elites tradicionais e esboçou a defesa de princípios modernizadores, refletindo o descontentamento com a organização política e econômica da época e características peculiares da formação do exército brasileiro.
A SITUAÇÃO DO PAÍS
No começo do século XX, o crescimento das cidades acentuo-se, destacando-se o Rio de Janeiro (capital do país) e São Paulo, esta última, devido ao desenvolvimento da economia cafeeira. A vida urbana passou a se definir por novos padrões de consumo, grandes avenidas foram abertas, assim como cinemas, teatros e grandes edifícios. Parte desta "modernização" estava associada diretamente ao capital inglês, investido na infra-estrutura: fornecimento de energia elétrica, serviço de transporte coletivo, água encanada e gás. Parte dos investimentos eram possíveis devido ao lucro proporcionado pela exportação de café. No entanto, essa modernização não alcançava as camadas populares, formada principalmente por operários, artesãos e desempregados, cerca de 70% da população, que vivia em situação precária.
A camada média e a classe operaria sofriam com a carestia, conseqüência da "política de valorização do café", responsável pela desvalorização da moeda nacional para facilitar as exportações, assegurando os lucros do setor cafeeiro. A queda nas exportações de café levou o governo a constantes desvalorizações e conseqüente aumento do custo de vida. Das camadas urbanas, apenas a classe operária possuía algum grau de organização política e sindical.
Na década de 10, as greves haviam agitado as grandes cidades do país. No entanto, havia entre as camadas médias intenso descontentamento com a situação econômica e política, favorável a elite do café de São Paulo e Minas Gerais.
As elites regionais esboçaram um descontentamento nas eleições de 1921, quando, quando gaúchos, cariocas, baianos e pernambucanos lançaram a candidatura de Nilo Peçanha à presidência da República. No entanto, esse movimento manteve-se em nível institucional, ou seja, esses grupos aceitaram a vitória do candidato do oficial, não contestando a ordem política, caracterizada pela manipulação e pela fraude. O controle da máquina estatal manteve as elites tradicionais no poder com a vitória de Artur Bernardes, e as elites regionais acomodaram-se.
1922
O ano de 22 foi um marco na contestação do regime oligárquico. Diversas manifestações surgiram, principalmente nas grandes cidades. Neste ano foi fundado o Partido Comunista, inspirado na Revolução Russa, congregou alguns setores de intelectuais e trabalhadores, porém de forma muito tímida; desenvolveu-se ainda a Semana de Arte Moderna em São Paulo, evento de grande repercussão, por contestar os padrões culturais e estéticos predominantes, defendiam o desenvolvimento de uma arte genuinamente brasileira, condenando o falso moralismo existente na sociedade da época. Denunciavam o coronelismo e o voto de cabresto, que caracterizavam a vida política brasileira.
O TENENTISMO
O Â Â "movimento tenentista"Â Â Â foi a oposição mais direta ao sistema oligárquico. Pela primeira vez ocorria um movimento armado contra o governo das oligarquias, dominado pelos interesses dos grandes produtores e exportadores de café, que haviam criado uma estrutura política viciada, baseada no coronelismo e no controle sobre os "currais eleitorais".
O Tenentismo foi um movimento organizado a partir do setor intermediário do exército, que angariou a simpatia da baixa oficialidade e, em parte, refletia a situação de marginalização política da classe média e certas peculiaridades do "espírito" militar, fortemente influenciado pela ideologia positivista, expresso no ideal de salvação nacional. Os tenentes defendiam reformas políticas moralizadoras no país, com a adoção do voto secreto, a criação de uma justiça eleitoral, e um projeto industrializante com a participação do Estado.
Esse "espírito de corpo" percebido nos discursos dos tenentes, que se consideravam os únicos capazes da salvar a República das mãos das elites atrasadas, fez com que o movimento ficasse isolado do restante da sociedade; foi desprezado pelas oligarquias regionais, pelos camponeses e pelas camadas urbanas, Nesse sentido, o movimento pode ser considerado como elitizado, pois caberia apenas a esse grupo a transformação do país.
OS 18 DO FORTE
Dos diversos acontecimentos que marcaram o ano de 1922, o mais famoso ocorreu no Rio de Janeiro, tendo o dia 5 de julho como o ápice do movimento conhecido como "Os 18 do Forte".
Havia no interior do exército forte disposição contra a posse do presidente eleito Artur Bernardes, representante das elites tradicionais, criticado pelos militares. Dois episódios haviam agravado as tensões mesmo antes da eleição: a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, então Presidente do Clube Militar, e as "cartas falsas" que teriam sido escritas pelo candidato à presidência Artur Bernardes e endereçadas ao político mineiro e Ministro da Marinha, Dr. Raul Soares - publicadas na imprensa, criticando os militares.
O Forte de Copacabana se revolta no dia 2 de julho. Era comandante do Forte o Capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do Marechal.
O movimento, que deveria se estender para outras unidades militares, acabou se restringindo ao Forte de Copacabana. Apesar das críticas realizadas, a alta oficialidade manteve-se fiel a "ordem" e não aderiu ao movimento, que acabou abortado nas outras guarnições.
Durante toda manhã do dia 5 o Forte de Copacabana sustentou fogo cerrado. Diversas casas foram atingidas na trajetória dos tiros até os alvos distantes, matando dezenas de pessoas. Eram 301 revolucionários - oficiais e civis voluntários - enfrentando as forças legalistas, representadas pelos batalhões do I Exército. A certa altura dos acontecimentos, Euclides Hermes e Siqueira Campos sugeriram que os que quisessem, abandonassem o forte: restaram 29 combatentes. Por estarem acuados, o Capitão Euclides Hermes saiu da fortaleza para negociar e acabou preso. Os 28 que permaneceram, decidiram então "resistir até a morte", A Bandeira do Forte é arriada e rasgada em 28 pedaços, partindo depois em marcha pela Avenida Atlântica rumo ao Leme. Durante os tiroteios, dez deles dispersaram pelo meio do caminho e os tais 18 passaram a integrar o pelotão suicida. Após a morte de um cabo, ainda no asfalto com uma bala nas costas, os demais saltaram para a praia, onde aconteceram os últimos choques. A despeito dos que tombaram mortos na areia, os remanescentes continuaram seguindo em frente. Os únicos sobreviventes foram Siqueira Campos e Eduardo Gomes, embora tivessem ficado bastante feridos."
(http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=337)