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[Chagas Botelho] 

Budê, Nelsinho, Fabinho, Chico Tripa, Paulo do Badô, Goela, Pacote, Jean, Galego, Ponteiro, Eduardo e Isanio, nomes e apelidos, meus amigos de infância, eram os manuseadores e técnicos de jogadores de botão.

Botões de roupas, muitas vezes surrupiados da loja do seu Olimpinho, eram espraiados no piso avermelhado da dona Conceição. Que a certa altura das partidas acirradas, nos servia suco de murici com pão massa-grossa.

Naquela época, em nossos jogos de botões, cujo campo era demarcado com giz escolar, os times cariocas predominavam. Assim como os ídolos e escudos que estampavam a parte superior de cada peça futebolística. Os graúdos eram os zagueiros, enquanto os medianos os atacantes.

Com a palheta em punho, para se colocar os botões em movimento, os competidores gritavam entre si. Uma algazarra, sobretudo quando a bola, nunca redonda, morria dentro do gol de uma trave feita de plástico sintético.

Lá por volta das cinco da tarde, em geral, nas férias do colégio Matias Olimpio, após as pelejas de botões, descíamos para o rio. Ora para o Poço dos Homens, ora para a Barragem. O banho de água corrente acalmava os ímpetos exaltados.

Então, íamos nós, passo a passo, mergulhar de cabeça no rio Marataoã. Era também um hábito nosso caminhar cantando qualquer música. Uma que me lembro até hoje: “𝐕𝐨𝐜𝐞̂ 𝐞́ 𝐥𝐮𝐳 / 𝐞́ 𝐫𝐚𝐢𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐫𝐞𝐥𝐚 𝐞 𝐥𝐮𝐚𝐫 / 𝐦𝐚𝐧𝐡𝐚̃ 𝐝𝐞 𝐬𝐨𝐥 / 𝐦𝐞𝐮 𝐢𝐚𝐢𝐚́, 𝐦𝐞𝐮 𝐢𝐨𝐢𝐨̂”. Na vivência da simplicidade todos eram vencedores.

 

Referência Musical: Fogo e paixão com Wando 

Composição: Rose Marie Burcci 

Ano: 1985 

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