Havia prometido não mais gastar verbo discorrendo sobre as aberrações que o trânsito teresinense, diuturnamente, graciosamente nos oferece. Se o mesmo acontece em outras plagas, eles que falassem a respeito de suas idiossincrasias. Decidira não mais me preocupar, a menos que fosse vítima efetiva, já que, potenciais, todos somos deles, com idiotas que estão por aí, no trânsito, pondo em risco sua vida, a dos demais, e os veículos de uns e outros: do tipo péssimos condutores que se acham bons motoristas. Exemplos? Esses que estacionam embaixo de semáforos, praticamente dentro de cruzamentos de vias de grande fluxo e por todo o curso delas, não raro, fechando-as, literalmente; os que somente trafegam pelas pistas erradas, em razão da velocidade que desenvolvem; que economizam seus pisca-piscas muito mais do que combustível e buzina; ou os que, se pudessem, iriam daqui até o fim do mundo em marcha lenta, na banda de rodagem de alta velocidade; esses motoqueiros – sim, motociclistas pilotam bem - que estão se lixando em arranhar, amassar latarias ou quebrar retrovisores de seus companheiros de tráfego, porque se julgam no direito de não poderem esperar sua vez no trânsito, de não precisarem guardar as distâncias laterais e frontais, legalmente admitidas, que ziguezagueiam ou serpenteiam, perigosamente, por entre automóveis e outras motocicletas, como verdadeiros e naturais donos das ruas; esses, para os quais as vias preferenciais somente precisam ser respeitadas pelos outros; esses que, nas ruas, esperam que o cavalheirismo de quem conhece as normas de trânsito permita-lhe aceitar as barbaridades que, usualmente, cometem. Mas é que fatos novos vieram à tona: Não! Não foi a liberação de recursos pela presidente, dando cumprimento a velhas promessas feitas aos piauienses; nem as justificativas referentes ao reajuste do “bolsa família”; tampouco, a descoberta de novos poços de petróleo, dessa vez, rente ao solo, nas imediações dos produtivos campos de soja do cerrado brasileiro; também não foi porque outros casos de corrupção deixaram de vir à baila. É que, para minha decepção, percebi quantas vezes estive equivocado ao criticar aqueles que, recorrentemente, tomei por tolos, porque, mesmo andando à velocidade de lesma, preferiam as pistas esquerdas das vias públicas, consideradas de velocidade alta. Não sei se em consequência de essa nossa já naturalíssima opção de transitar por elas, verdade é que muitos dos motoristas teresinenses – motoqueiro não conta, pois, para eles, é como parece, foram feitas as ruas, avenidas, rodovias - percebendo que as bandas direitas de rodagem são menos ocupadas, pois apenas pessoas educadas e que gostam de respeitar as normas legais utilizam-nas regularmente, sem nenhuma preocupação com a segurança de esses poucos cidadãos, nem com a própria, adentram, ou melhor, invadem essas pistas ou vias, desconsiderando a presença de quem está transitando nelas; como do que essa corja de irresponsáveis gosta mesmo é de atrapalhar, logo, logo migra para as bandas do lado esquerdo e lá permanece, perturbando aqueles que já estavam prejudicando alguns. Mas há parlapatões que convergem, diretamente, para pistas de alta velocidade, e nestas prosseguem, pacientemente, como se estivessem sós, até quando lhes dá na telha: esses são ainda mais perigosos. Ou seja, tanto o que trafega nas pistas à esquerda, como lhe apetece, quanto quem transita, corretamente, nas pistas à direita, é prejudicado pelos malucos que, de repente, saídos de qualquer lugar, invadem-nas. É triste, mas tenho que admitir que, muitos dos que tantas vezes tomei por idiotas têm lá sua razão: infelizmente, por aqui, trafegar nas pistas adequadas é garantia de irritação e, não raro, de envolvimento em acidentes, dos quais, nem sempre são vítimas os que, irresponsavelmente, transitam ou convergem para as pistas ou bandas de rodagem que as normas de trânsito desaconselham ou proíbem. Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected]