Por enquanto, mencionemos apenas seis heróis da nacionalidade (Roberto Freire [médico], César Lattes, Didi, Aloísio Magalhães, Alberto Cavalvanti e Affonso Arinos de Mello Franco), vários outros há.
Roberto Freire nasceu em São Paulo, em 1927. Formou-se em Medicina no Rio de Janeiro e especializou-se em psicanálise.
É considerado como um dos grandes divulgadores das teorias de Wilhelm Reich no Brasil e deixou pesquisas importantes sobre o corpo no ambiente psi. Também desenvolveu práticas que abordavam a interface da psicologia com a política.
Foi o criador da SOMA, um tipo de terapia, que se baseia nas idéias de Wilhelm Reich e nas técnicas do Jogo de Capoeira Angola.
Roberto abandonou a psicanálise no início da década de 60 e passou a se dedicar ao teatro e ao jornalismo. Voltou às atividades terapêuticas alguns anos depois, para descobrir um método literário que pudesse servir as pessoas com problemas emocionais, de qualquer nível social e econômico.
Ainda na década de 60, durante a ditadura militar, Roberto Freire participou ativamente de atividades políticas e culturais. Por isso, foi preso e torturado, de 1963 a 1979. Foi durante esse período que perdeu a visão do olho direito.
Escreveu romances que renderam vários jovens fãs ao psicanalista e escritor, como “Cléo e Daniel”, de 1965, “Coiote”, de 1988 e “Os Cúmplices”, de 1996. Também teve êxito ao escrever na área da psicologia e política, com os “Ame e Dê Vexame”, “Utopia e Paixão” e “Tesudos de Todo Mundo, Uni-vos!”.
Além disso, Roberto Freire realizou diversas conferências por todo o país, para debater sobre suas obras e levou um grande número de jovens para esses debates.
Roberto Freire também foi um dos editores da revista Caros Amigos, redator de programas de televisão como “Malu, Mulher”, “A grande família” e “Obrigado, Doutor”.
Físico brasileiro, César Lattes nasceu na cidade de Curitiba, Paraná, no dia 11 de julho de 1924. Iniciou seus estudos em Curitiba, depois foi estudar na Escola Dante Alighiere e na Escola Politécnica, ambas em São Paulo.
Aos 19 anos de idade, formou-se na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo. Aos 23 anos de idade, Cesare Mansueto Giulio Lattes entrou para o cenário mundial da Física, na Inglaterra.
Numa de suas pesquisas encontrou evidências da partícula “mesón pi (pion)”. Numa de suas experiências, expôs emulsões das partículas no monte Chacaltaya, a 5.200 metros de altitude, nos andes boliviano.
Lattes levou as chapas com as emulsões de Chacaltaya à Inglaterra, calculou a massa do “méson pi” e publico o estudo, cujos artigos despertaram grande interesse internacional a respeito de um estudo científico brasileiro. A descoberta do “mesón pi” significava explicar porque os prótons não se repelem e podem explodir o núcleo.
Em 1948, um ano depois da descoberta do “mesón pi”, esteve em Berkeley, Califórnia, onde detectou a trajetória dos píons. Durante a década de 60, colaborou com grandes descobertas científicas, principalmente no Japão.
César Lattes foi considerado o nosso herói da “Era Nuclear” do pós-guerra. As vitórias científicas de César Lattes incentivaram a fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, em 1949. Por duas vezes chegou perto do prêmio Nobel de Física. César Lattes faleceu no dia 9 de março de 2005, às 15h40, no Hospital das Clínicas da Unicamp, vítima de parada cardíaca aos 80 anos de idade."
O negro esguio, de gestos elegantes e andar empinado, caminha para o fundo das redes e pega a bola. Depois, coloca-a debaixo do braço e, determinado, diz para o resto do time:
– Acabou a sopa deles. Agora é a nossa vez. Vamos encher a caçapa desses gringos de gols!
Didi falou, estava falado! E a maior prova disso é que, 86 minutos depois, o placar do Estádio Rasunda, encravado no Vale de Solna, em Estocolmo, apontava em números imponentes, definitivos:
Brasil 5 x Suécia 2.
Ao apito final do juiz, o francês Maurice Guigue, o campo é invadido por uma legião de fãs que querem abraçar a “Enciclopédia” Nílton Santos. E, também, a Gilmar, Bellini, Zito, Djalma Santos, o desconcertante Mané Garrincha e o então menino Pelé. Só Didi é que procura se manter distante, aparentemente alheio à grande festa, como se já previsse aquele final feliz para o futebol brasileiro.
Cumprimentado pelo Rei Gustavo Adolfo, o genial camisa 8 ouve do monarca sueco elogios como os de “Oitava Maravilha do Mundo” e “Mr. Football”. Criador da infernal “Folha-Seca” – um chute mortal por ele executado, que fazia a bola ganhar uma trajetória imprevisível para o goleiro –, Didi ainda era capaz de lançamentos perfeitos, de mais de 40 metros. Ou de executar dribles desmoralizantes sobre qualquer adversário. Mas era como um perfeito maestro que se sentia, de longe, o poder do seu jogo.
Científico, soube como poucos, unir a arte refinada a um estilo eminentemente cerebral.
E foi por isso mesmo, certamente, que acabou consagrado como o “Craque Número 1” da primeira Copa ganha pelo Brasil.
Amigo, admirador e biógrafo de Didi, Péris Ribeiro nos dá, nesta segunda edição, exatamente isto: uma obra de amigo, admirador e biógrafo. Quer dizer, soma admiração de fã à amizade que lhe franqueou a intimidade com seu personagem para, dessa soma, chegar à biografia que Didi merece."
Affonso Arinos de Mello Franco (Belo Horizonte, 27/11/1905 - Rio de Janeiro, 27/08/1990)
Afonso Arinos de Melo Franco nasceu em Belo Horizonte em 1905, filho de uma tradicional família de políticos, intelectuais e diplomatas. Seu pai, Afrânio de Melo Franco, foi ministro da Viação no governo Delfim Moreira (1918-1919), embaixador do Brasil na Liga das Nações (1924-1926) e ministro das Relações Exteriores de Getúlio Vargas (1930-1933). Seu tio homônimo foi renomado escritor da escola regionalista. Um de seus irmãos, Virgílio de Melo Franco, foi importante líder civil da Revolução de 1930.
Ainda aluno da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, Afonso Arinos iniciou-se na literatura e acompanhou o pai em missões diplomáticas no exterior. Bacharel em 1927, colaborou em jornais, exerceu a advocacia, e em 1929-1930 participou da campanha da Aliança Liberal. Por problemas de saúde, não participou da Revolução de 1930, que levou Vargas ao poder. No ano seguinte seguiu para a Suíça em busca de tratamento e aí cumpriu missão diplomática em 1932.
De volta ao Brasil, assumiu em 1933 a direção dos jornais O Estado de Minas e Diário da Tarde, pertencentes à cadeia dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Após o rompimento de sua família com Vargas, fundou em 1934, junto com o irmão Virgílio, a Folha de Minas, que seria vendida um ano depois. Passou então a trabalhar na consultoria jurídica do Banco do Brasil e em 1936 tornou-se professor de história do Brasil da Universidade do Distrito Federal. Nos anos seguintes, enquanto o país vivia sob a ditadura do Estado Novo (1937-1945), dedicou-se à vida acadêmica, ministrando cursos no Brasil e no exterior.
Em 1943, vinculou-se à Sociedade Amigos da América, organização que defendia a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, bem como a redemocratização interna. Nesse mesmo ano participou da elaboração e foi um dos signatários do Manifesto dos Mineiros, primeira manifestação política contra a ditadura de Vargas. Por conta disso, foi demitido do Banco do Brasil.
Em janeiro de 1945, participou em São Paulo do I Congresso Nacional de Escritores, evento que representou novo marco na luta contra o Estado Novo. A seguir foi um dos redatores do manifesto de lançamento da União Democrática Nacional (UDN), partido que reunia a oposição liberal a Vargas, fundado em abril daquele ano. Com a queda do Estado Novo em outubro, concorreu por seu estado, em dezembro, às eleições para a Assembléia Nacional Constituinte e obteve uma suplência. Já após a promulgação da nova Constituição e a transformação da Constituinte em Congresso ordinário, ao se abrir uma vaga na bancada mineira em janeiro de 1947, assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados. Sucessivamente reeleito, permaneceu na Câmara por muitos anos e exerceu enorme influência na vida parlamentar brasileira. No início dos anos 1950, por exemplo, teve aprovado no Congresso projeto de lei de sua autoria, que se transformaria na Lei Afonso Arinos, tornando a discriminação racial uma contravenção penal. Também na virada dos anos 1940 para os anos 1950 conquistou, através de concurso, as cadeiras de direito constitucional das universidades do Rio de Janeiro e do Brasil.
Com a volta de Vargas ao poder, em janeiro de 1951, passou mover intensa oposição ao governo. Tornou-se então líder da UDN na Câmara e um dos integrantes da ala mais exaltada do partido, conhecida como Banda de Música. Na crise deflagrada em 1954, que culminaria no suicídio de Vargas, propôs a renúncia do presidente e a intervenção das Forças Armadas.
Em 1958, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e para o Senado, agora representando o Distrito Federal, sempre na legenda da UDN. Em janeiro de 1961, com a posse de Jânio Quadros na presidência da República, foi nomeado ministro das Relações Exteriores. Desenvolveu à frente do Itamarati uma política externa independente, marcada pelo não alinhamento automático aos Estados Unidos, a aproximação com os países do bloco socialista, o reconhecimento do governo de Fidel Castro em Cuba e a condenação explícita do colonialismo na África e na Ásia. Com a renúncia de Jânio em agosto do mesmo ano, deixou o ministério, voltou ao Senado e aí cumpriu importante papel no encaminhamento da emenda parlamentarista, solução proposta para contornar as resistências de setores militares à posse do vice-presidente João Goulart. Iniciado o governo Goulart em setembro sob a vigência do sistema parlamentarista, voltou a chefiar o Itamarati no gabinete Brochado da Rocha (julho-setembro de 1962).
Partidário do golpe militar que depôs Goulart em 1964, foi um dos fundadores, em 1966, da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido político de sustentação ao regime militar. Preferiu contudo não tentar nova reeleição nesse ano e deixar a atividade parlamentar ao fim de seu mandato no Senado, em janeiro de 1967. Crítico dos rumos do regime, retomou suas atividades docentes e literárias.
Em 1986, após o término da ditadura militar, voltou à vida política, elegendo-se senador pelo estado do Rio de Janeiro, na legenda do Partido da Frente Liberal (PFL), para participar da Assembléia Nacional Constituinte. Presidente da Comissão de Sistematização da Assembléia, cumpriu importante papel na primeira fase dos trabalhos constituintes, abertos em fevereiro de 1987. Em 1988, transferiu-se para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Morreu no Rio de Janeiro em 1990, em pleno exercício do mandato de senador.
[Fonte: Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro pós-1930. 2ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. 5v. il. (1. ed. 1984)]
Hoje, dia 05 de Novembro, é dia Nacional do Designer (parabéns para a gente!). O que nem todos sabem é que escolheu-se essa data por causa de um personagem específico da história de nosso país, e que, em geral, não recebe tanta atenção quanto deveria nas nossas graduações. Trata-se de Aloísio Magalhães, e esse post se dedica a apresentar brevemente tal personalidade e a importância de seus projetos à história do design mundial.
Aloísio Magalhães nasceu em Recife em 1927, e estudou direito como graduação. Sua vocação, entretanto, esteve mais para as artes plásticas, e seus primeiros envolvimentos com o design gráfico foi com o grupo O Gráfico Amador, que contava com expoentes da literatura brasileira, como Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto. O estilo gráfico de Aloísio nesse período possui uma leveza e informalidade muito características das artes plásticas, e seu primeiro contato efetivo com o design e com o estilo internacional se deu nos Estados Unidos, ao lado de Eugenie Feldman, na The Falcon Press. Ao voltar para o Brasil, abre com outros colegas o Magalhães + Noronha + Pontual, seu primeiro escritório (teria alguns outros, sendo o de maior sucesso o PVDI – Programação Visual e Desenho Industrial).
Na área do ensino, ministrou com Alexandre Wollner um curso de Tipografia no MAM-RJ, e a seguir seria convidado com o mesmo e outros designers a fundar a primeira escola de desenho industrial do Brasil, a Escola Superior de Desenho Industrial, Esdi, onde ministrou aulas. E é do seu aniversário de 15 anos da escola que saiu talvez seu mais famoso texto, O que o desenho industrial pode fazer pelo país, em 1977. Faleceu em 1982, após ser diretor do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e estar à frente das principais ideias relacionadas à catalogação e preservação da cultura popular brasileira (podemos dizer em pé de igualdade com Lina Bo Bardi). Embora meu desejo fosse continuar aqui falando um pouco mais sobre a pessoa e pensamento de Aloísio Magalhães, talvez seja mais interessante verificar o que o autor efetivamente projetou para entendermos a escala de importância do mesmo na nossa história.
Dentre as centenas de projetos em que se envolveu, escolhemos apenas 5 para comentar, por se tratarem de trabalhos de uma originalidade tremenda, e qualidade gráfica tal que os tornam atuais até hoje, e em sua maioria ainda em uso (mesmo que com alterações). Destacamos para análise os projetos ao 4º Centenário do Rio de Janeiro (1964), Unibanco (1965), Light (1966), Petrobrás (1970), e seu desenho para a nova cédula do Cruzeiro Novo (1966).
Um projeto público de sucesso é aquele que é absorvido pela população, que faz parte da vida das pessoas e as tornam orgulhosas de alguma situação. E o primeiro projeto que me vem à cabeça ao pensar nessas características foi o do 4º Centenário do Rio de Janeiro. De uma simplicidade formal impar, o projeto constitui-se de 2 momentos de leitura: o primeiro forma-se pelo espelhamento vertical e horizontal do numeral 4, formando algo próximo a uma cruz, fazendo ligação, assim, com a Cruz de Malta (legado português das grandes navegações). Dentro das leis da gestalt, temos o fechamento, quando a forma pode ser lida na ausência da mesma, em sua contra-forma. Se observarmos o espaço negativo formado entre os triângulos desse símbolo, encontramos um grande 4, sendo esse o 5º “quatro” do logo.
À época, após a divulgação do concurso que elegeu tal marca gráfica como vencedora muitos reclamaram de tratar-se de um logotipo hermético e fechado, que ninguém entenderia. No entanto, a recepção por parte da população foi de tal ordem bem-sucedida que o logo tornou-se, de maneira completamente autêntica, pipas, maiôs, fantasia de escola de samba, desenhos comemorativos em paredes e ruas (como acontece em época de Copa do Mundo), tatuagens etc. Foi de tal maneira absorvido pela cultura popular, daquele jeito que qualquer um de nós gostaria de ter um projeto, que não consigo lembrar projeto de maior sucesso que esse.
Formalmente, há nessa marca gráfica um ponto que será muito característico de Aloísio Magalhães, que é a simetria radial. Simetria essa que encontramos também no logotipo do antigo Banco Moreira Sales, depois Unibanco. A simetria radial de tal símbolo possui um senso de infinito e rotação que se repetirá em diversos trabalhos do designer, como do Banco Nacional, Editora Delta, ou o próprio Quadricentenário.
A complexidade de formas e curvas que deu ao logo do Unibanco me lembra de quando entrevistei João de Souza Leite sobre o Aloísio, em Maio desse ano, que me disse que o grande diferencial de Aloísio em relação aos demais designers de sua época (em especial aqueles do movimento concreto do design, como Wollner) é que Aloísio Magalhães solucionava seus projetos no traço, e os aspectos geométricos eram a viabilização visual e técnica da solução encontrada via traço, desenho. Digo que tal complexidade me lembrou essa conversa porque é bastante improvável que tal símbolo tivesse sido concebido dessa maneira, não fosse tal característica do designer.
Na questão de adequação entre manipulação formal e respeito à memória de uma instituição o logo para a companhia de luz do Rio de Janeiro, a Light, é um exemplo bastante interessante. Em entrevista com Joaquim Redig, este comentando sobre a importância da tradição de uma identidade em sua reformulação, elencou tal projeto como notável nesse quesito.
Antes de seu redesenho a Light contava com um pequeno raio como logotipo. No projeto, Aloísio soube com maestria manter tal elemento, já conhecido da população do estado do Rio, e trazê-lo à linguagem digna de seu tempo.
Mantendo a mesma linguagem de espelhamento, usou da letra “L” para, ao rebatê-lo verticalmente e criar a silhueta de um novo raio. Inclinando o desenho, forneceu dinâmica à peça, criando certamente um dos melhores logos que o Brasil já viu. Conseguiu manter o signo já tradicional à empresa, aliando-o à inicial da mesma, que gerou um resultado excepcionalmente pregnante e limpo, moderno e singelo. O projeto atualmente foi levemente redesenhado, afinando as pontas superiores e inferiores de ambos “L”s, sem, entretanto perder o conceito original criado por Aloísio.
Igualmente icônico na história do design é a identidade visual da Petrobrás, certamente uma das maiores e mais complexas de sua época. Anterior ao redesenho de Aloísio e seu escritório, o logotipo da Petrobrás se constituía de um losango amarelo com o nome da empresa dentro. Numa tentativa de remeter ao Brasil, o losango foi um elemento apropriado da bandeira nacional e utilizado como principal item dessa brasilidade.
Redig me contou que, a fim de verificar que realmente tal losango remetia ao Brasil e se era um signo efetivo a tal fim, fez-se um levantamento das empresas que utilizavam um losango em seu logotipo. E, isso é muito interessante, Redig diz que o grande elemento de pesquisa gráfica da época (início da década de 1970) era a lista telefônica, vejam só! E, folheando a revista, verificaram que as mais variadas empresas dos mais variados ramos com as mais variadas intenções faziam uso do losango como elemento principal. Gillete, Goodyear e Kibon são algumas das citadas por Redig. Concluiu-se então que o elemento losangular não era suficiente a identificar o país em um logotipo e partiu-se pela busca de novas alternativas. Optou-se então por abandonar uma linguagem formal para referir-se ao país e assumiu-se a linguagem cromática e a linguagem verbal para identificá-la: BR encontra-se tanto em Brasil quanto em Petrobrás, é a sigla comumente usada para identificar o país de maneira abreviada etc.
E o projeto vingou, mas vingou de tal maneira que, quando em 2000 tentou-se uma reformulação de identidade visual e naming da empresa, que passaria a chamar-se Petrobrax, a notícia chocou o Brasil inteiro, que reagiu, tal tentativa de mudança não durou mais que dois dias, retornando, assim, ao seu antigo e original nome.
A marca gráfica de Aloísio foi retomada, e posteriormente atualizada pelo próprio PVDI, mas já posterior a sua morte. Quando comentando o episódio da Petrobrax, Redig chama à atenção da necessidade do respeito e avaliação histórica do peso de uma marca ao tentar-se reformulá-la, assim como feito por Aloísio Magalhães para a Light.
E, finalizando as analises de trabalhos, tocando novamente no tema da história, temos o projeto do Cruzeiro Novo. Também em concurso, o projeto de Aloísio foi selecionado, e rendeu (e ainda rende na verdade) elogios enormes pela sua inovação. Conversando certa vez com uma amiga, ela me chamou à atenção a quantidade de características simbólicas que um simples papel-moeda devem carregar: não pode de maneira alguma transmitir insegurança, deve conter elementos que identifiquem sua nação, deve estar dentro entretanto de uma tipologia tal que ainda o identifique como dinheiro, entre muitas outras. A inovação de Aloísio para o Cruzeiro Novo se deu não só semanticamente, mas talvez acima de tudo, funcionalmente. A história é muito bem contada no livro A Herança do Olhar, organizado por João de Souza Leite. Resumindo, Aloísio fez uso de um efeito chamado moiré, que trata-se do desalinhamento reticular, para, assim, gerar um efeito óptico de difícil reprodução.
Imagens do Livro: A herança do olhar: o design de Aloisio Magalhães – Aloísio Magalhães, Felipe Taborda, João de Souza Leite.
Com tal cartada, Aloísio vence o concurso e ainda inova numa área praticamente milenar, que é a da produção de papel moeda. Participou de segundo redesenho, quando dessa vez inova funcionalmente no uso do dinheiro: percebendo o grande impecilho que é o dinheiro possuir lado de cima e debaixo, dificultando muitas vezes o reconhecimento do valor ou sua ordenação, fez com que as notas possuíssem o mesmo espelhamento que caracteriza outros de seus projetos anteriores: a partir desse momento, o papel deixa de ter lado superior ou inferior, mantendo-se o mesmo não importando a maneira como o coloca na carteira ou junto dos demais.
Interessa sobre esse assunto verificar a explanação de Rafael Gatti, do blog o qual escrevo, o Design Simples, que faz um comentário muito bom sobre o desenho de Aloísio para o Cruzeiro Novo, e o contrapõe ao recém redesenhado Real.
Enfim, após tais análises, embora breve, espero ter ajudado no reconhecimento da importância impar de tal designer à nossa história e, também, à história do design gráfico mundial. Contribuiu também fortemente ao design de produto, embora eu não tenha aqui abordado de maneira explícita. Projetou, por exemplo, as bombas de combustível de quando redesenharam a Petrobrás, junto de Joaquim Redig, que cuidou dessa parte.
Também convém ressaltar que o desenvolvimento teórico de Aloísio Magalhães é extremamente interessante, e contém ideias que inovaram de forma muito profunda tanto conceitos do campo do design quanto a preservação cultural nacional. Sobre alguns desses pontos, remeto a outro link no Design Simples de um post que escrevi, que, conquanto eu tenha evoluído em alguns pontos que lá expus, acredito que já sirva a uma introdução do assunto.
Finalizo assim minha contribuição, esperançoso de que esse post sirva a instigar a um maior reconhecimento de tal profissional, e de suas ideias no campo do design, da cultura e da identidade brasileira como um todo.
Eduardo Camillo K. Ferreira é graduando em Design pela FAU USP, e está finalizando seu TCC sobre “O discurso e possibilidade da brasilidade em marcas gráficas”. Escreve periodicamente no blog do Design Simples, onde também já trabalhou em projetos, e é editor-chefe da Revista Ciano. É sócio-fundador da Mínimo Design, onde trabalha com Gabriel Garbulho. Idealizou também o site Design em Artigos, que visa ajudar na divulgação da produção intelectual de design, e espera que os leitores mandem textos próprios para lá. Espera algum dia ser professor.
No related posts.
http://www.facebook.com/people/Carlos-Robério/100000426559986 Carlos Robério
Esclarecedor…. Obrigado pelo artigo!!!
Flavio
Apenas como lembrança, a PVDI Design, fundada por Aloísio a 52 anos atrás, continua na ativa. Atualmente ainda conta com Rafael Rodrigues, antigo sócio do Aloísio e Nair de Paula Soares, também contemporânea, como consultores.
Na sua longa trajetória artística, de 1923 a 1978, o brasileiro Alberto de Almeida Cavalcanti foi uma personalidade do Cinema Mundial.
Relacionou-se com: a vanguarda francesa na década de vinte; a escola documentarista inglesa nos anos trinta; o impulso da produção comercial britânica nos anos quarenta; e a tentativa industrial em São Bernardo do Campo, nos anos cinquenta. Realizou posteriormente filmes em vários países, adaptando-se sempre muito bem ao meio que freqüentava e formou discípulos em toda parte, além de se dedicar ao Teatro e à Televisão.
Cenógrafo, argumentista, produtor, diretor, especialista na montagem sonoro-visual, experimentador incansável e eclético, exercitou o talento nos mais variados gêneros cinematográficos com homogeneidade de estilo e espírito inovador, alternando-se a tendência realista e a índole fantasista.
Cav, como os colegas ingleses costumavam chamá-lo, nasceu a 6 de fevereiro de 1897 na Rua Marciana, atual Álvaro Ramos, em Botafogo no Rio de Janeiro, filho de Manoel de Almeida Cavalcanti, natural de Palmeira dos Índios, Alagoas e de Ana Olinda do Rego Rangel Cavalcanti, pernambucana de Olinda.
Em 1908, Cavalcanti entrou para o Colégio Militar, saindo no quinto ano para a Faculdade de Direito da Escola Politécnica, onde travou conhecimento com o dramaturgo Roberto Gomes, que o influenciaria bastante. Foi nesse momento que nasceu o amor pelo Teatro, logo seguido do entusiasmo pelo Cinema. “Os dramas dinamarqueses de Asta Nielsen e as comédias de Max Linder me impressionavam tanto que jamais os esqueci”, ele lembrou em certa ocasião para um repórter.
Mas eis que um incidente com o professor de Filosofia do Direito, Nerval de Gouveia, terminou numa greve dos alunos com repercussão por toda a cidade. O pai do rapaz achou conveniente mandá-lo para o exterior, até que tudo tivesse sido esquecido.
Em 1914, Cavalcanti chegou à Suíça e se matriculou na escola Técnica de Friburgo, escolhendo o curso preparatório de Arquitetura. Ainda no mesmo ano foi aprovado no exame de admissão para a escola de Belas-Artes de Genebra.
Diplomado, resolveu assistir às aulas de Deglane na escola de Belas-Artes de Paris, ouvindo depois as lições de estética de Victor Basch na Sorbonne. Em seguida, obteve emprego no escritório do urbanista Alfred Agache que, mais tarde, se ocuparia de projetos de modernização do Rio de Janeiro.
Após ter trabalhado dois anos com Agache, transferiu-se para uma firma de decoração, a Compagnie des Arts Français. Passado algum tempo, tentou ser representante dessa e de outras empresas no Brasil, abrindo um escritório da Rua do Ouvidor.
Os negócios, porém, não corresponderam à expectativa. Com o prestígio do tio, Alberto Rangel, conseguiu um posto no Consulado brasileiro em Liverpool. Antes de embarcar, viu o filme Rose France / 1919 de Marcel L’Herbier e achou que ele bem poderia utilizar um jovem cenógrafo. Escreveu para L’Herbier e, com o apoio do Cônsul Dario Freire, pôde finalmente prestar serviço ao cineasta francês. Dario pediu-lhe que tomasse conta de suas filhas, estudantes na Cidade-Luz. Uma delas, Dido, se casaria com Jean Renoir.
Em 1926, Cavalcanti estreou como diretor em Le Train sans Yeux. Os dois filmes subseqüentes, En Rade e Rien que les Heures, considerados uns dos mais importantes do movimento vanguardista, firmaram-lhe a reputação.
Sucederam-se mais alguns trabalhos e, com o advento do cinema falado, foi contratado pela Paramount, fazendo em Saint-Maurice / Joinville, versões de filmes de Hollywood. Depois disso realizou comédias de boulevard para outras produtoras e alguns curtas-metragens.
Nos anos trinta seus filmes mais conhecidos no Brasil foram a versão portuguesa do filme americano Sarah e seu Filho / Sarah and Son / 1930, exibida com o título de A Canção do Berço e O Tio da América / Le Truc du Brésilien / 1932. Na censura brasileira o filme levou primeiramente o título de O Truque do Falso Brasileiro em Paris. A revista Cinearte (nº 370 de 1/7/1933) diz que a empresa distribuidora sofreu um blefe. Vendo a notícia de um filme com o título de Le Truc du Brésilien, dirigido por Alberto Cavalcanti, tratou imediatamente de adquiri-lo; “mas a fita não era muito simpática ao brasileiro e o título foi mudado”. Cavalcanti se ocupou também da versão francesa, Toute sa Vie, porém esta não passou no nosso país.
Essa fase valeu como aprendizado da técnica do som, precioso subsídio para fecundas pesquisas que levaria a efeito na Inglaterra a partir de 1934, integrando a General Post Office Film Unit (Seção de Cinema do Departamento dos Correios), sob o comando de John Grierson. A G.P.O. operava como uma equipe, todos contribuindo para cada filme e o papel de Cavalcanti foi o de ser o responsável pelas inovações e experiências.
O brasileiro estava entre os diretores que John Grierson classificava de “estetas” em oposição à sua idéia de documentário “não cinemático”, mais direto e funcional. Diferentes temas foram abordados, todos dramatizando a realidade, “para forçar o público a se interessar pelas questões essenciais do país”.
Em 1937, Cavalcanti tornou-se o responsável pela produção da G.P.O. juntamente com J. B. Holmes. Durante a guerra, a Seção de Cinema ficou sob o controle do Ministério da Informação, passando a ser conhecida como Crown Film Unit.
De suas realizações na G.P.O. como diretor, tenho predileção por Pett and Pott, We Live in Two Worlds e principalmente Coal Face, verdadeiro oratório sobre a vida dos trabalhadores nas minas de carvão com efeitos musicais e corais admiráveis. A subida dos mineiros no elevador enquanto ouvem vozes de mulheres que chamam por seus nomes é um dos grandes momentos do Cinema.
Em 1941, Cavalcanti assinou contrato com a Ealing Studios, administrada por Michael Balcon, insinuando-se por diversas vertentes da narrativa de ficção – parábola sobre o absurdo da guerra, comédia musical de época, drama fantástico, adaptação literária – com a mesma facilidade com que cruzava as fronteiras.
Os quatro filmes que ele fez na Ealing (Quarenta e Oito Horas / Went the day Well? / 1942; Champagne Charlie (na TV) / Champagne Charlie /1944; dois episódios de Na Solidão da Noite / Dead of Night / 1945; Nicholas Nickleby (na TV) / The Life and Adventures of Nicholas Nickleby / 1946) e os três imediatamente posteriores realizados para outras companhias (Nas Garras da Fatalidade / They Made me a Fugitive / 1947; O Príncipe Regente / The First Gentleman / 1947 e O Transgressor / For Them That Trespass / 1948)foram os melhores de sua carreira no exterior.
Hoje já conheço esses sete filmes e gosto de todos eles, porém o que me surpreendeu foiO Príncipe Regente, brilhante reconstituição histórica com cenários e figurinos impecáveis e a composição de tipo deliciosa de Cecil Parker no papel do extravagante George IV da Inglaterra, quando ainda era o Príncipe de Gales.
Em 1949, Cavalcanti voltou ao Brasil, convidado por Assis Chateaubriand e Pietro M. Bardi para proferir uma série de conferências no Seminário de Cinema do Museu de Arte de São Paulo e acabou assumindo o cargo de produtor geral da Companhia Cinematográfica Vera Cruz.
Cavalcanti ajudou a instalar os estúdios da empresa e a importar material e técnicos, mas só pôde completar a produção de Caiçara, Terra é sempre Terra, um terço de Ângela e três documentários. “Tentei organizar uma estrutura realmente profissional e séria, mas sofri críticas e perseguições de toda sorte, até mesmo com absurda conotação política”, lamentou Cavalcanti para os jornalistas. O fato é que, apesar das incompreensões, a efêmera passagem de Cavalcanti pela firma de Franco Zampari auxiliou a impulsionar o desenvolvimento do cinema nacional.
Desligado da Vera Cruz, presidiu a comissão encarregada pelo Presidente Getúlio Vargas de preparar um plano para a implantação de um Instituto Nacional de Cinema, escreveu o livro Filme e Realidade e dirigiu Simão, o Caolho na Maristela e O Canto do Mar e Mulher de Verdade para a Kino filmes, da qual foi um dos fundadores, preocupando-se em abordar uma temática brasileira.
Em 1954, durante o 1º Festival Internacional de Cinema no Brasil, recebeu o Prêmio Governador do Estado “pelo alcance de sua contribuição para a recuperação do cinema brasileiro”. Nesse ano, dirigiu Madalena Nicol em Electra de Sófocles na TV Record.
Retornando à Europa, dividiu sua atividade entre o Cinema, o Teatro e a Televisão na Áustria, Alemanha Oriental, Espanha, Israel, Itália, Inglaterra, França e depois lecionou na Universidade de Los Angeles, Califórnia.
Cavalcanti voltou novamente ao Brasil em 1969 como membro do júri do Festival Internacional do filme Rio de Janeiro. Em 1970, deu aulas no Film Study Center em Cambridge, Massachussets e ganhou, em 1972, a American Medal for Superior Artistic Achievement.
Só retornaria outra vez à terra natal em 1976, quando conseguiu realizar a antologia Um Homem e o Cinema e publicar nova edição do seu livro. Nesta oportunidade, foi agraciado com o Troféu Coruja de Ouro-Personalidade. No ano seguinte, o British Film Institute homenageou-o com uma Retrospectiva. Cavalcanti faleceu a 23 de agosto de 1982, aos 85 anos, numa clínica da Rue de Passy em Paris, após uma crise cardíaca.
Em 1988, foi mais uma vez lembrado no exterior com uma Retrospectiva (37 filmes) no Festival de Locarno. Nesta ocasião, escrevi para a direção do festival pedindo um catálogo e eles me enviaram o livro de Lorenzo Pellizzari e Cláudio M. Valentinetti, que tem uma excelente filmografia do cineasta. Com base no trabalho dos dois italianos e entrevistando pelo telefone Adalberto Vieira, valioso colaborador e amigo íntimo de Cavalcanti e Ruth de Souza, grande atriz brasileira, elaborei uma bio-filmografia de Alberto Cavalcanti, expandindo a de Pellizzari-Valentinetti, principalmente no que concerne a certos dados biográficos (colhidos no magnífico artigo de Hermilo Borba Filho em Anhembi, nº 37, dezembro 1953), a informações relativas aos filmes curtos feitos por Cavalcanti nos anos trinta na França e aqueles longas-metragens que realizou no Brasil, assinalando outrossim a direção de Electra na TV, omitida no livro citado.
Minha bio-filmografia foi publicada na revista Cinemin nº 48, tendo sido impresso um Reprint Internacional. Alí vocês encontrarão a lista completa de todos os filmes de Alberto Cavalcanti com breves comentários e as fontes mais úteis consultadas.
É muito comum citar os episódios de Na Solidão da Noite como a melhor incursão de Cavalcanti no cijema inglês, priciplamente quando os fãs do cinema de horror são perguntados. Em vários aspectos, lembram um pouco o cinema gótico de horror italiano, porém num tom menor. Para mim, a incursão noir do diretor brasileiros em Nas Garras da Fatalidade é um de seus trabalhos mais interessantes, nesta fase de sua carreira. Mais uma vez obrigado pelo excelente artigo sobre um diretor que merece toda consideração.
Adoro este diretor, fico fascinada por filmes que ele dirigiu.
Gostaria de ver todos.
Estou caçando faz tempo.
Ví recentemente na Solidão da noite e tive que rever de tanto que gostei.
Saber que um brasileiro tem tanto talento, me orgulha muito.
Amiga Syby, Cavalcanti foi uma personalidade do Cinema Mundial. Alguns filmes inglêses dele, alguns estão à venda na HMV-Londres. Os três brasileiros, infelizmente, não saíram em dvd. Simáo, o Caolho passou outro dia na TV Cultura.Existe um documentário intitulado O Homem e o Cinema sobre a carreira de Cavalcanti.Procure no google Cine-TV Nostalgia.Acho que eles têm este documentário, que é muito interessante.
Caro Professor Antonio Carlos,
Sou Cecília Nazaré, pequisadora do uso do som no cinema brasileiro, com foco nas contribuições de Alberto Cavalcanti e Guerra-Peixe. Nos contatos que venho fazendo, consegui algumas cópias de filmes com pessoas que nem mesmo conheci pessoalmente, mas que sabem da dificuldade de encontrarmos esse material à disposição. Num deles, consegui uma cópia da Revista Cinemim com seu trabalho sobre a filmografia de Cavalcanti. Se tiver interesse em saber mais sobre a minha pesquisa, podemos inicialmente conversar por email. De minha parte tenho o maior interesse nessa aproximação e a certeza de que poderá colaborar muito nas minhas investigações.
Prezada Cecília. Vou lhe enviar um e-mail, para que você fique sabendo o meu, pois não costumo divulgá-lo neste blog, porque não disponho do tempo necessário para atender a todos os visitantes. Quanto à bio-filmografia publicada na revista Cinemin, ela foi revisada num post do meu blog. Vale a pena você dar uma olhada, pois corrigí alguns erros da primeira. Estou à sua disposição … com as minhas limitações.
Caro Professor, retorno após longa data para agradecer suas palavras.
Fico ainda mais feliz por ter conseguido outro filme dele.
O Canto do Mar.
Devo dizer que me deu uma sensação tão importante de ser brasileira e ver este grande talento.
Vou procurar o Documentário que deu a dica.
Obrigada!
Tens conhecimento de alguma proposta para resgatar a vida e obra do cineasta Alberto Cavalcanti que possa divulgar sua grande importância ao cinema?
Observo que há eventos pontuais, acadêmicos, mas ele merece ser lembrado pelo grande público e por todos os profissionais da área devido sua valiosa contribuição.
Conheço a Retrospectiva Alberto Cavalcanti apresentada no 41º do Festival Internacional de Locarno ocorrido de 4 a 14 de agosto de 1988. Nesta ocasião, pensei em escrever um livro sobre Cavalcanti mas verifiquei que no Brasil não havia cópias de quase nenhum filme dele. Vi apenas na Embrafilme o documentário que ele mesmo fez sobre sua obra: O Homem e o Cinema. Hoje, principalmente seus filmes britânicos, incluindo os de ficção, estão disponíveis em dvd no exterior. Publiquei apenas uma bio-filmografia (na revista Cinemin), revista recentemente no meu blog, acrescentando mais alguns dados na filmografia de Lorenzo Pelliziari e Claudio M. Valentinetti, que servira como catálogo da mencionada Retrospectiva e que recebi por gentileza do diretor do Festival. Houve também uma Retrospectiva no BFI (British Film Institute) em 2010 e ainda outra na 26ª Mostra do Festival Internacional de São Paulo em 2002.
Considerei a possibilidade de material escrito pelo senhor a respeito de Alberto Cavalcanti. Ou mesmo projeto de futura veiculação. Vale a espera por uma publicação com autoria crítica.
Não sei se teria capacidade para escrever um livro sobre Cavalcanti. Acho que já dei uma pequena contribuição com a minha bio-filmografia. De qualquer forma, no momento, estou empenhado no planejamento de um novo livro, desta vez sobre o cinema inglês clássico, tal como fiz com o cinema francês, pois, nos últimos anos, tive a sorte de ver uma quantidade enorme de filmes ingleses dos anos 30/40/50 graças à contribuição de colecionadores estrangeiros e da generosidade do British Film Institute. Estou tomando coragem.Escreva sempre. Um abraço.
Desejo o mesmo para você José Alfredo. Acabo de mandar encadernar o livro Alberto Cavalcanti de Lorenzo Pellizzari e Claudio M. Valentinetti, que foi publicado em francês pelo Festival International du film de Locarno em 1988, quando ocorreu a Retrospectiva Cavalcanti. Nesta ocasião, escrevi uma carta para o diretor do mesmo e eles me mandaram este livro, ilustrado e em papel couché, que me chegou às mãos em 15 dias. Foi dele que tirei a filmografia básica de Cavalcanti, que depois aumentei, incluindo dados que eles não tinham, inclusive a informação de que Cav dirigiu teleatro no Brasil.O referido livro teve uma tradução em português publicada aquí. Talvez você o encontre através do site Estante Virtual.
Obrigado professor. Tive oportunidade de consultar um exemplar na biblioteca do SESC-Campinas, durante preparação de seminário acadêmico versando sobre som e imagem no cinema. Neste ano ainda teremos a oportunidade de envidar mais esforços no resgate da vida deste brasileiro da sétima arte.
É muito comum citar os episódios de Na Solidão da Noite como a melhor incursão de Cavalcanti no cijema inglês, priciplamente quando os fãs do cinema de horror são perguntados. Em vários aspectos, lembram um pouco o cinema gótico de horror italiano, porém num tom menor. Para mim, a incursão noir do diretor brasileiros em Nas Garras da Fatalidade é um de seus trabalhos mais interessantes, nesta fase de sua carreira. Mais uma vez obrigado pelo excelente artigo sobre um diretor que merece toda consideração.
Gosto de todos os filmes de Cavalcanti na Inglaterra
Adoro este diretor, fico fascinada por filmes que ele dirigiu.
Gostaria de ver todos.
Estou caçando faz tempo.
Ví recentemente na Solidão da noite e tive que rever de tanto que gostei.
Saber que um brasileiro tem tanto talento, me orgulha muito.
Amiga Syby, Cavalcanti foi uma personalidade do Cinema Mundial. Alguns filmes inglêses dele, alguns estão à venda na HMV-Londres. Os três brasileiros, infelizmente, não saíram em dvd. Simáo, o Caolho passou outro dia na TV Cultura.Existe um documentário intitulado O Homem e o Cinema sobre a carreira de Cavalcanti.Procure no google Cine-TV Nostalgia.Acho que eles têm este documentário, que é muito interessante.
Caro Professor Antonio Carlos,
Sou Cecília Nazaré, pequisadora do uso do som no cinema brasileiro, com foco nas contribuições de Alberto Cavalcanti e Guerra-Peixe. Nos contatos que venho fazendo, consegui algumas cópias de filmes com pessoas que nem mesmo conheci pessoalmente, mas que sabem da dificuldade de encontrarmos esse material à disposição. Num deles, consegui uma cópia da Revista Cinemim com seu trabalho sobre a filmografia de Cavalcanti. Se tiver interesse em saber mais sobre a minha pesquisa, podemos inicialmente conversar por email. De minha parte tenho o maior interesse nessa aproximação e a certeza de que poderá colaborar muito nas minhas investigações.
Prezada Cecília. Vou lhe enviar um e-mail, para que você fique sabendo o meu, pois não costumo divulgá-lo neste blog, porque não disponho do tempo necessário para atender a todos os visitantes. Quanto à bio-filmografia publicada na revista Cinemin, ela foi revisada num post do meu blog. Vale a pena você dar uma olhada, pois corrigí alguns erros da primeira. Estou à sua disposição … com as minhas limitações.
Caro Professor, retorno após longa data para agradecer suas palavras.
Fico ainda mais feliz por ter conseguido outro filme dele.
O Canto do Mar.
Devo dizer que me deu uma sensação tão importante de ser brasileira e ver este grande talento.
Vou procurar o Documentário que deu a dica.
Obrigada!
Tenho certeza de que fará um trabalho muito interessante e competente. Disponha sempre.
Professor Antônio Carlos Gomes de Mattos,
Tens conhecimento de alguma proposta para resgatar a vida e obra do cineasta Alberto Cavalcanti que possa divulgar sua grande importância ao cinema?
Observo que há eventos pontuais, acadêmicos, mas ele merece ser lembrado pelo grande público e por todos os profissionais da área devido sua valiosa contribuição.
Conheço a Retrospectiva Alberto Cavalcanti apresentada no 41º do Festival Internacional de Locarno ocorrido de 4 a 14 de agosto de 1988. Nesta ocasião, pensei em escrever um livro sobre Cavalcanti mas verifiquei que no Brasil não havia cópias de quase nenhum filme dele. Vi apenas na Embrafilme o documentário que ele mesmo fez sobre sua obra: O Homem e o Cinema. Hoje, principalmente seus filmes britânicos, incluindo os de ficção, estão disponíveis em dvd no exterior. Publiquei apenas uma bio-filmografia (na revista Cinemin), revista recentemente no meu blog, acrescentando mais alguns dados na filmografia de Lorenzo Pelliziari e Claudio M. Valentinetti, que servira como catálogo da mencionada Retrospectiva e que recebi por gentileza do diretor do Festival. Houve também uma Retrospectiva no BFI (British Film Institute) em 2010 e ainda outra na 26ª Mostra do Festival Internacional de São Paulo em 2002.
Professor Antônio Carlos Gomes de Mattos,
Agradeço sua atenção e desejo seja possível oportunidade de ler material, porventura escrito, caso repense projeto a respeito de “CAV”.
Desculpe, mas não entendi bem o que disse. Poderia esclarecer ? Referiu-se a material de minha ou sua autoria?
Considerei a possibilidade de material escrito pelo senhor a respeito de Alberto Cavalcanti. Ou mesmo projeto de futura veiculação. Vale a espera por uma publicação com autoria crítica.
Não sei se teria capacidade para escrever um livro sobre Cavalcanti. Acho que já dei uma pequena contribuição com a minha bio-filmografia. De qualquer forma, no momento, estou empenhado no planejamento de um novo livro, desta vez sobre o cinema inglês clássico, tal como fiz com o cinema francês, pois, nos últimos anos, tive a sorte de ver uma quantidade enorme de filmes ingleses dos anos 30/40/50 graças à contribuição de colecionadores estrangeiros e da generosidade do British Film Institute. Estou tomando coragem.Escreva sempre. Um abraço.
Excelente 2012 aos seus propósitos de desvendar o cinema mundial, crendo que “CAV” também pode fazer parte destes.
Desejo o mesmo para você José Alfredo. Acabo de mandar encadernar o livro Alberto Cavalcanti de Lorenzo Pellizzari e Claudio M. Valentinetti, que foi publicado em francês pelo Festival International du film de Locarno em 1988, quando ocorreu a Retrospectiva Cavalcanti. Nesta ocasião, escrevi uma carta para o diretor do mesmo e eles me mandaram este livro, ilustrado e em papel couché, que me chegou às mãos em 15 dias. Foi dele que tirei a filmografia básica de Cavalcanti, que depois aumentei, incluindo dados que eles não tinham, inclusive a informação de que Cav dirigiu teleatro no Brasil.O referido livro teve uma tradução em português publicada aquí. Talvez você o encontre através do site Estante Virtual.
Obrigado professor. Tive oportunidade de consultar um exemplar na biblioteca do SESC-Campinas, durante preparação de seminário acadêmico versando sobre som e imagem no cinema. Neste ano ainda teremos a oportunidade de envidar mais esforços no resgate da vida deste brasileiro da sétima arte.