Graça Pires

Graça Pires

 

Sabem de cor a raiva extenuada
com que se repete:
trabalho, pão,

trabalho, pão, trabalho, pão.
Nos seus olhos já não há, senão, um país
onde se nasce e morre, como quem cumpre
o exílio de uma pátria longínqua;
como quem conhece a orfandade do mundo;
como quem tropeça nas próprias cicatrizes.
Os seus pulsos sangrando de tanto desespero.


De Ortografia do olhar, 1996

 

Obs.: a Graça Pires publicou este poema e outros seus no seu blogue  http://ortografiadoolhar.blogspot.com