Geraldo Lima, crítico de cinema / Flusser citou Hesse

Geraldo Lima domina as técnicas de produção da micronarrativa literária, vale dizer, da elaboração de contos curtos - e também mostrou competência como crítico da sétima arte.

 

 

 

 

 

(http://www.mundowalmart.com.br/brinquedos-de-ontem-e-de-hoje/)

 

 

 

(http://downloads.open4group.com/images/media_bolinhas-de-gude-0dc98.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.detudo.org/gotico/simbolos-goticos/)

 

 

 

(http://oferenda.wordpress.com/2009/07/10/breve-dialogo-iii/)

 

 

 

[IMG_0425.JPG] 

 

 

 

 

 

 

 

GERALDO LIMA, PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA E 

ARTISTA DA PALAVRA - AGORA, ANALISTA DE CINEMA,

TAMBÉM, AO APRESENTAR UMA CRÍTICA DO FILME AVATAR  -,

QUE NASCEU EM PLANALTINA, DISTRITO FEDERAL (EX-GOIÁS):

LITERATOS SEGUIDAMENTE ELABORAM ANÁLISES DE PRODUTOS

AUDIOVISUAIS, DA MESMA FORMA QUE O FILÓSOFO VILÉM FLUSSER

FOI UM DOS MAIORES EXEGETAS DO FENÔMENO DA FOTOGRAFIA E

DA CIVILIZAÇÃO ASSIM CHAMADA "PÓS-INDUSTRIAL", sob o

ângulo antropo-fenomenológico (SE NÃO HOUVER ERRO TEÓRICO

NESSA "CLASSIFICAÇÃO" - OU PSEDOCLASSIFICAÇÃO - DESTA

COLUNA "Recontando...")

 

 

 

 

 

 

  

 

 

VILÉM FLUSSER, GÊNIO DA FILOSOFIA DE EXPRESSÃO ALEMÃ,

QUE ENCONTROU ABRIGO NO BRASIL QUANDO SUA FAMÍLIA FOI

DIZIMADA DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, VIVEU MAIS DE

TRÊS DÉCADAS EM SÃO PAULO (CAPITAL) E DEDICOU LIVROS À

AMADA ESPOSA EDITH FLUSSER

(http://sombradaoiticica.wordpress.com/category/textos-academicos/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REPRODUÇÃO DE IMAGEM DE CAPA DE LIVRO

DE VILÉM FLUSSER, tradução para o

idioma chinês

("Towards a Philosophy of Photography. Taipei (China): Yuan-Liou Publishing, 1994.
Edição em chinês",

http://www.fotoplus.com/flusser/vftxt/vfbib/vfbibliv.htm)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O "COELHO DE ALICE" CONSULTA MÁQUINA DE

VER HORAS

(Só o desenho que ilustrou a obra de L. Carroll,

sem a legenda acima redigida:

http://4.bp.blogspot.com/_DfZYvGONIQ0/SJsaxmCoHUI/AAAAAAAABGM/YIvCPqjRbzM/s400/coelho.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.vibeflog.com/marafroes/p/16134396)

 

 

 

 

"(...) [Assistindo ao filme Avatar] senti vontade de me levantar e ir embora. Mas a novidade do 3D me fez ficar. Aquela sensação de estar quase dentro do filme, vendo os personagens bem de perto (a atriz Sigourney Weaver com sua boca meio torta, puxando sempre para o lado direito). Isso impressiona. Às vezes dá a sensação de estarmos num teatro vendo o desenrolar da peça não da plateia, mas sim do palco mesmo, com a cara dos atores bem perto da nossa. Os efeitos visuais, as criaturas digitais e os ambientes virtuais são impressionantes. Nesse quesito os norte-americanos são insuperáveis(...)".

(GERALDO LIMA, em artigo sobre Avatar reproduzido, na íntegra, adiante) 

 

"(...) No começo deste ensaio sugerimos que a diferença fundamental entre Ocidente e Oriente está na atitude com relação à morte e à vida. Da atitude ocidental surgiram a filosofia grega, a profecia judaica e, enfim, o Cristianismo, a ciência e a tecnologia. Da atitude oriental surgiu uma aproximação estética e pragmática da vida que nós ocidentais nunca pudemos comrpeender completamente. Agora, essas duas atitudes excludentes entre si podem (ou devem) fundir-se uma na outra. Elas já produziram diversos códigos novos (os códigos dos computadores), que conectam os dois lados do abismo. E de sua fusão podem surgir uma ciência e uma tecnologia inclassificáveis cujos produtos estão desenhados com um espírito que não se enquadra nas antigas categorias. Não seria necessário submeter esse design a uma análise "teológica" para poder saber se a atitude diante da vida e da morte está se situando em um novo plano? Será que esse design não é expressão de um cristianismo judaico "elevado" ("aufgehobener" [OBS.: O ARTIGO É TRADUZIDO DA LÍNGUA ALEMÃ]), de um budismo "elevado", para os quais ainda nos faltam palavras? Essa é uma hipótese ousada, aventurosa. Mas quando sustentamos na mão um rádio portátil japonês e analisamos detalhadamente seu design, a hipótese já não parece tão especulativa, mas sim necessária. Aproximar-se desse assunto é precisamente o objetivo do presente artigo, que no entanto deve confessar que considera o proposto aqui como provisório. Ele deve ser lido como ensaio, isto é, como a tentativa de formular uma hipótese".

(VILÉM FLUSSER, O MUNDO CODIFICADO (coletânea), "Design como teologia",  p. 213, que é a 8ª e última página do texto que encerra o livro)

 

 

 

                                                             À memória do filósofo Vilém Flusser e à sua esposa

                                                             Edith Flusser,

                                                             ao escritor Geraldo Lima e em reverência a

                                                             Hermann Hesse (in memoriam), que recebeu, em 1946,

                                                             o Prêmio Nobel de Literatura

                                                             

 

29.3.2010 - Geraldo Lima ia sair do cinema no meio da projeção, mas ficou até por causa de efeitos especiais e da "terceira dimensão" de Avatar -  Recebemos - e, por essa razão, aqui se agradece ao escritor o envio eletrônico da dica - do Prof. Geraldo Lima, respeitado contista (que já publicou um romance) do Distrito Federal, e-mail com as novidades do blog O BULE, cuja leitura a excelência literária dos textos apresentados recomenda. Leia O BULE você também! Desejando-lhe uma excelente semana, esperamos que você faça uma boa leitura do blog O BULE. Passamos, imediatamente, à mensagem do Prof. Geraldo Lima. [Seguindo-se a ela, para o deleite do gentil leitor e da amável leitora desta Coluna "Recontando...", estão transcritos dois textos desse autor: o conto "PUS" e "AVATAR: UMA OVERDOSE DE IMAGENS", onde se pode constatar que o homem também é crítico - e dos bons - de cinema; mais adiante (no final), foi reproduzido um trecho em que o falecido filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser cita uma obra de Hermann Hesse]  

FELIZ PÁSCOA!

F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

"Olá, meus caros, tudo bem? Podendo, confiram n'O Bule  www.o-bule.blogspot.com

 

  • três microcontos de minha autoria;
  •  a série Mulheres - parte 07, por Claudio Parreira;
  • duas resenhas de Sinvaldo Júnior:  uma sobre a antologia Futuro Presente e outra sobre Edgar Allan Poe;
  • o conto Clarissa, por Rogers Silva;
  • o conto Clara, por Vicente de Paulo Siqueira;
  • poemas de Laura Assis;
  • O que é que se faz, por Homero Gomes
  • O conto Tudo nesse ritmo, por Mauro Siqueira;
  • E muito mais!

                      Aproveitem que O Bule está fervendo!

Muito obrigado.

Um abração.
Geraldo Lima

baque-blogdogeraldolima.blogspot.com".

 

VISITE O BLOG DO ESCRITOR GERALDO LIMA:

http://baque-blogdogeraldolima.blogspot.com/

 

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QUEM É GERALDO LIMA

 

"Geraldo Lima

  • Idade: 50
  • Sexo: Masculino
  • Signo astrológico: Escorpião
  • Ano do zodíaco: Javali
  • Profissão: Professor
  • Local: Sobradinho : DF : Brasil

Quem sou eu

Sou autor dos livros A noite dos vagalumes (contos, Prêmio Bolsa Brasília de Produção Literária), Baque (contos, LGE Editora/FAC), Nuvem muda a todo instante (infantil, LGE Editora) e UM (romance, LGE Editora/FAC).Participei das antologias: Antologia do conto brasiliense (Projecto Editorial, org. por Ronaldo Cagiano)e Todas as gerações - o conto brasiliense contemporâneo (LGE Editora, org. por Ronaldo Cagiano). Participei, também, do Projeto Portal: revista Solaris e revista Neuromancer, org. por Nelson de Oliveira.e-mail: [email protected]".

(http://www.blogger.com/profile/05607766422091786686)

 

 

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DOIS CONTOS DE GERALDO LIMA
 

 

"Domingo, 28 de março de 2010


 
Publiquei Baque em 2004, pela LGE Editora. É um livro composto por seis contos (Pus, Baque, Limbo, Adaga, Ermo e Vigília) que expõem, de forma dramática, a precariedade da existência humana.  Na apresentação do livro, o escritor Ronaldo Cagiano escreveu: “Da mesma forma, os seis contos de ‘Baque’ comunicam-se pela semelhança de universos, sempre carregados de dificuldades, angústias humanas e desertos existenciais, que moldam os dramas e tensões, formando um candente painel em que seus personagens vivem situações-limite, no limbo, numa espécie de underground, entre um baque e outro”.  
 Quem se interessar pelo livro, pode adquiri-lo pelo site da editora www.lgeeditora.com.br  ou em outras lojas virtuais.
Eis um dos seus contos.
 

 
"PUS

 
Por Geraldo Lima                                                       

 
E a ideia é essa mesma, ele resmunga, enquanto tenta se erguer sob o sol implacável de agosto. A ideia é esta mesma, quase grita já de pé, as pernas bambas: apodrecer diante de todos como uma fruta no lixo da feira ou um cão morto na beira da estrada!
 No oco da mente ainda resistem vestígios de um tempo do qual ele até sente nostalgia, mesmo que persista a sensação de nem tê-lo vivido verdadeiramente. Talvez tenha sido só mesmo um desejo, um plano abortado em meio aos atropelos do dia-a-dia. Há, no entanto, essa imagem rota de um eu perdido na borrasca cotidiana. 
Então é isto: aquele que ele imagina que perdeu há tempos, ah, esse parece mesmo perdido para sempre. E se está perdido, se a máquina do mundo o triturou completamente, então, este que ele adotou, este corpo-molambo em que vive agora, não merece cuidado algum. Que apodreça sobre o altar do mundo! Que desça então sobre ele a fúria de um deus sem piedade alguma!
Precisa buscar uma sombra, talvez o toldo de uma loja ou uma parada de ônibus. Sente uma vontade imensa de desabar num sono profundo, sem volta, para dentro de uma noite infinita. Já não tem mais forças para arrastar o corpo enfermo.  Cambaleante, atravessa a rua e, aos tropeções, chega até uma árvore. A sombra é mínima, mas nela cabe muito bem o seu corpo magro.
É de se admirar que, depois de tanto tempo, ainda sinta dor de cabeça. Que o seu corpo não esteja anestesiado. Que ele ainda se disponha a pensar, a refletir. Não, não, não quer mais pensar. O seu esforço é esse mesmo: apagar a lucidez. Turvar a mente. Deixá-la à deriva. O objetivo é um só: se aniquilar diante das câmeras, dos olhares indiferentes ou chocados das pessoas. Da pressa cotidiana. O intuito é que um belo dia alguém, vendo-o passar pelo outro lado da rua, diga, aquele cara ali já foi alguém na vida... agora, veja só que molambo! 
Quer verdadeiramente suscitar esse tipo de indagação sem resposta, esse espanto que mais angustia quem ousa sair de si para entender o outro. Quem procura explicações precisas, esclarecedoras para o profundo mistério da vida, — se é que a vida tem algum mistério. Talvez haja tão-somente uma ou duas explicações para a vida, mas há quem queira sempre saber mais, e mais, e mais. A causa de tudo. O antídoto. A cura. Não, jamais chegarão ao cerne do que chamariam mistério, ainda que mergulhem num indagar incessante, por que abandonou aquele roteiro que parecia ir dar num final feliz? As coisas não estavam funcionando bem? Mas, de repente, deu para falar assim, amargo, contrário a tudo. Há dias não vai ao trabalho. Há dias não toma nem banho!  Dizem mesmo que está apodrecendo. Moscas o acompanham em festa. O lixo é seu restaurante. À noite, o mundo o acolhe como um anjo perdido.
Agora mesmo, não faz dez minutos, voltou do banheiro da rodoviária suando frio, escorando-se nas paredes. Sentou-se no meio-fio e deixou-se ficar assim, a cabeça amparada pela mão esquerda, pesada, latejando, como se alguém a estivesse partindo ao meio com uma serra. Foi quando se ergueu e pôs-se em marcha em busca de um lugar fresco para descansar. Sorte ter encontrado essa sombra, esse lugar tranquilo fora do trajeto das pessoas. Acha-se tão sem forças, sem alma, que o inseto que escala o seu pé esquerdo não deve encontrar resistência alguma até chegar à borda da sua boca escancarada. Os muros do seu corpo estão demolidos. Qualquer invasor chega e invade o seu território sem encontrar resistência.  É como costumam dizer: está entregue às moscas. 
Há sérias complicações que denunciam a falência do seu ser. O organismo já dá sinais de corrosão, de completa debilidade: vez ou outra, o que engole volta à tona num jato violento e azedo. No corpo, várias escoriações traçam mapas de ruínas e desertos. Há muito perdeu o senso de direção e equilíbrio: costuma vir tombando ora no asfalto ora na terra. 
Há tempos anda sem rumo pelas veias da cidade. Um tronco podre levado pela enchente. Um ramo seco varrido pelo vento. Pelos terrenos baldios, pelas esquinas, pelas calçadas, sem bússola, sem mapa. Cada manhã um roteiro diferente. Um sem-destino. Um sem-que-fazer todos os dias. Um vagabundo para os que ainda labutam, para os que retomam a rotina todas as segundas-feiras. Não fosse a precariedade da sua existência, o depender ainda da caridade dos outros, poderia até dizer numa última tentativa de se firmar no mundo: sou livre, sou livre. Mas, com certa amargura, conclui, só mesmo a morte liberta.
O inseto está a três dedos da sua boca: chegou à ponta do queixo e tenta vencer o emaranhado de pelos. Se não mudar a sua rota, logo, logo cairá nesse buraco úmido e fétido. Talvez, num movimento reflexo, o homem feche a boca violentamente e o esmague. Mas pode ser que a sorte o ajude: um sono profundo, que não deve tardar, apagará os últimos vestígios de energia que move esse ser. 
Sob a sombra mínima da árvore, a boca aberta, o olhar esbarrando com o céu de folhas verdes, o homem experimenta a tosca sensação de completo abandono, de não fazer parte de nada, de não existir mais.
 
 
 

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AVATAR: UMA OVERDOSE DE IMAGENS

 
Por Geraldo Lima

 
        Assisti, enfim, ao megassucesso Avatar, do diretor canadense James Cameron, residente nos Estados Unidos.  Ele é o diretor de outros grandes sucessos como Titanic, Exterminador do Futuro 2 e Aliens: O Resgate. O homem, formado em Física, entende mesmo dessa coisa de fazer filmes com grandes orçamentos e com muitos efeitos especiais. Aliás, consta que ele foi o primeiro diretor a produzir e a dirigir um filme com custo acima de 100 milhões de dólares. É, sem dúvida, um dos principais ícones da indústria cinematográfica norte-americana.  É um Midas dos tempos modernos.
        E o que este último filme de Cameron tem de espetacular? Confesso-lhes que, além do recurso do 3D, não vi muita coisa que tivesse compensado o esforço de me deslocar de casa, de pagar doze reais (meia entrada) e ter cutucado minha sinusite com vara curta por causa do ar-condicionado da sala de cinema.
 Como assim?, perguntar-me-ão os fãs do filme Avatar.
        Se observarmos atentamente, perceberemos que em termos de roteiro não há nada de novo nesse filme. De que consiste a sua trama? Uma companhia mineradora está colonizando a lua Pandora com o intuito de explorar um valioso minério que se localiza exatamente na região onde vive o povo Na’vi. Nesse imbrolho todo há os cientistas que desenvolvem o projeto Avatar  e estudam os costumes dos habitantes de Pandora. Tudo para facilitar a aproximação com os nativos e, obviamente, a exploração do tal minério.
Como é de se esperar, idealismo e ambição vão se chocar no final, e essa é a pitada ética e ecológica do filme.
Os cientistas são idealistas, acreditam numa aproximação pacífica e numa negociação para a retirada dos nativos que moram numa grande árvore. Para se opor a esse projeto pacifista, há o comandante dos mercenários, um tipo obcecado pela guerra, pelo uso da força para resolver os problemas.  O administrador da estação em Pandora é também ambicioso e só enxerga o lucro diante dos olhos. Tudo clichê! Já vimos essa receita em outros filmes de Hollywood. Para fechar a mesmice, há o romance aparentemente impossível entre um avatar e uma nativa de Pandora. O tema do amor impossível, uma repetição de Romeu e Julieta, de Shakespeare.  
Olha, em alguns momentos pensei estar assistindo a um daqueles faroestes em que os índios Cheyennes ou os Apaches enfrentam a cavalaria do General Custer. (Há um James Cameron que trabalha como ator no filme O Último dos Moicanos. Estou supondo que seja o diretor James Cameron. Aliás, parece-me que a família Cameron toda trabalha lá. Há mais dois atores com esse sobrenome: John Cameron e Alexandra Cameron. E já disseram por aí que Avatar seria O Último dos Moicanos tecnológico). Noutro momento, quando o Avatar de Jake, protagonista do filme, pede ajuda a Eywa, e ela o atende, convocando todos os animais para atacar o exército de mercenários, lembrei-me dos velhos filmes de Tarzan, quando ele, soltando aquele grito poderoso, convocava a bicharada da floresta para ajudá-lo a expulsar os invasores. Nesses momentos, senti vontade de me levantar e ir embora. Mas a novidade do 3D me fez ficar. Aquela sensação de estar quase dentro do filme, vendo os personagens bem de perto (a atriz Sigourney Weaver com sua boca meio torta, puxando sempre para o lado direito). Isso impressiona. Às vezes dá a sensação de estarmos num teatro vendo o desenrolar da peça não da plateia, mas sim do palco mesmo, com a cara dos atores bem perto da nossa. Os efeitos visuais, as criaturas digitais e os ambientes virtuais são impressionantes. Nesse quesito os norte-americanos são insuperáveis.
Mas é só isso. O resto é déjà vu. Até mesmo essa coisa do 3D. Alguns podem achar engraçado ou até ridículo o que vou dizer, mas   há algum tempo o Maurício de Souza lançou umas revistinhas da Mônica com o recurso do 3D,  vocês se lembram? Dava um trabalhão danado para conseguir enxergar os desenhos em profundidade, em terceira dimensão. É óbvio que a estrutura usada por Cameron é de outra natureza. No caso do cinema, ou do filme Avatar, chega um momento em que a proximidade  com as imagens  é tanta (e é uma overdose de imagens), que causa um certo mal-estar. Saí do cinema com dor de cabeça. Bom, pode ser por causa da sinusite.  Ou não?    

 
*Este texto foi escrito antes da entrega do Oscar. Parece-me que a premiação que coube ao filme Avatar corrobora em parte o meu ponto de vista.
 
* Meus filhos criticaram duramente este meu texto, por isso levei um certo tempo criando coragem para publicá-lo. Disseram que quem gosta desse tipo de filme sabe dos clichês e não se importa com eles. Disseram que é um filme de entretenimento e é assim mesmo, não cabendo, nesse caso, comentários críticos.
 
 
 
 
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Sábado, 20 de março de 2010
Leiam, por favor, no blog Na Ponta dos Lápis (www.napontadoslapis.com.br). a entrevista que dei ao Leonardo Schabbach e o comentário muito bacana que ele fez sobre o meu romance UM. Vocês encontrarão lá, também, o meu conto Uma mulher à beira da estrada. Leiam e comentem, por favor, pois estarão participando de uma promoção: o sorteio de um exemplar do UM. Não deixem de visitar também O Bule (www.o-bule.blogspot.com). Lá vocês poderão ler contos, ensaios, microcontos, poemas e crônicas. Tudo da melhor qualidade".

(http://baque-blogdogeraldolima.blogspot.com/

 

 

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Vilém Flusser cita livro de Hermann Hesse em O MUNDO CODIFICADO (coletânea póstuma):

 

 

"(...) [Capítulo] COISAS (...) [Subcapítulo] A NÃO-COISA [2]. (...) A memória do computador é uma não-coisa. De forma similar, também as imagens eletrônicas e os hologramas são não-coisas, pois simplesmente não podem ser apalpadas, apreendidas com a mão. São não-coisas pelo fato de serem informações inconsumíveis. É certo que essas não-coisas continuam enclausuradas em coisas como chips de silício, tubos de raios catódicos ou raios laser. O jogo das contas de vidro, de Hermann Hesse, e trabalhos similares de futurologia permitem que ao menos se imagine uma libertação das não-coisas com relação às coisas. A libertação do software com relação ao hardware (...)".

VILÉM FLUSSER, O mundo codificado - Por uma filosofia do design e da comunicação, Rafael Cardoso (organizador), tradução de Raquel Abi-Sâmara. São Paulo: Cosac Naify, 2007, pp. 61-62. 

 

OBS. - TRECHOS DESSA OBRA DE FLUSSER (inclusivamente as pp. 61 e 62) ESTÃO EM BOOKS GOOGLE:

http://books.google.com.br/books?id=k8_JLWRVTxsC&printsec=frontcover&dq=vil%C3%A9m+flusser+mundo+codificado&cd=1#v=onepage&q=vil%C3%A9m%20flusser%20mundo%20codificado&f=false

 

SOBRE O CITADO LIVRO DE V. FLUSSER (Editora Cosac Naify)

http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/10104/O-mundo-codificado.aspx

SOBRE V. FLUSSER (Editora Cosac Naify)

http://editora.cosacnaify.com.br/Autor/173/Vil%C3%A9m-Flusser.aspx


 

 

 

 

Vilém Flusser

 

VILÉM FLUSSER (1920 - 1991)

(http://editora.cosacnaify.com.br/Autor/173/Vil%C3%A9m-Flusser.aspx)

 

 

 

A SEGUIR, REPRODUÇÕES DE IMAGENS DE ALGUMAS DAS TRADUÇÕES PARA O IDIOMA PORTUGUÊS (também de Portugal) DO LIVRO DE HESSE CITADO PELO MUITO SAUDOSO PROF. VILÉM FLUSSER

 

 

 

(http://i.s8.com.br/images/books/cover/img7/21203597_4.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-107946212-o-jogo-das-contas-de-vidro-hermann-hesse-_JM)

 

 

 

(http://i.s8.com.br/images/books/cover/img7/110987_4.jpg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-125799692-o-jogo-das-contas-de-vidro-hermann-hesse-_JM)

 

 

 

 

(http://georgecassielleiturasanteriores.blogspot.com/)

 

 

 

Capa do livro de Herman Hesse: "O Jogo das Contas de Vidro"

 

(http://mysterivz.tripod.com/musica.html, onde se pode ler: 

"COMEÇO A LER O jogo das contas de vidro - Deparo com um belo texto, sim senhora

De resto, a relação da nossa cultura com a música tem ainda mais outro modelo antiquíssimo e infinitamente digno de respeito, que o Jogo das Contas de Vidro tem em alta veneração. Na China lendária dos «antigos reis», não o esqueçamos, concedia-se à música um papel determinante na vida do Estado e da corte; identificava-se directamente a riqueza da música com a da cultura e da moral, ou até com a do Império, e os mestres de música tinham de velar estritamente pela preservação e pela pureza das «tonalidades antigas». O declínio da música era um sinal seguro da queda do príncipe e do Estado. E os poetas contavam histórias terríveis sobre as tonalidades proibidas, diabólicas e estranhas ao Céu, por exemplo a tonalidade Tsing Chang e Tsing Tse, a «música da queda», que, quando foi entoada criminosamente no castelo do rei, imediatamente o céu se obscureceu,as muralhas tremeram e desmoronaram-se e o trono e o Império caíram. Em vez de muitas outras palavras dos chineses antigos citamos algumas passagens do capítulo consagrado à música por Liu Bou We em Primavera e Outono:

«As origens da música são muito remotas. A música nasce da medida e tem as suas raizes no grande Um. O grande Um engendra os dois pólos; os dois pólos engendram a força da treva e da luz.«Quando o mundo está em paz, quando todas as coisas estão em repouso e seguem as suas superiores nas suas metamorfoses, então pode-se fazer bem música. Quando os desejos e as paixões não vão por falsos caminhos, então pode aperfeiçoar-se a música. A música perfeita tem a sua causa. Nasce do equilíbrio. O equilibrio nasce do que é justo, o que é justo nasce do sentido do mundo. Por isso só se pode falar de música com um homem que compreendeu o sentido do mundo.

«A música repousa sobre a harmonia entre o Céu e a Terra, sobre a conformidade entre o que é obscuro e a luz. «Os Estados decadentes e os homens maduros para a queda não passam, sem dúvida, sem música, mas a sua música não é serena. Por conseguinte: quanto mais ruidosa for a música, mais melancólicos se tornam os homens, mais o país periga, mais fundo cai o principe. Desta maneira também a essência da música se perde.

«O que todos os príncipes sagrados apreciavam na música era a sua serenidade. Os tiranos Chieh e Tschou Sin faziam música ruidosa. Achavam que as sonoridades fortes eram belas e os efeitos massivos interessantes. Ambicionavam efeitos sonoros novos e raros, sons que homem algum jamais tivesse ouvido: tentavam ultrapassar-se um ao outro e excederam toda a medida e propósito.

«A causa da queda do Estado Tchou foi terem inventado a música mágica. Bastante ruído faz ela com efeito, mas na verdade afasta-se da essência da música. E porque se afastou da essência da música, falta-lhe serenidade. Não sendo serena a música, o povo murmura e a vida deperece. Tudo isto decorre de se desprezar a essência da música e de se pretender apenas efeitos sonoros.

«Por isso a música duma época harmoniosa é calma e serena e o governo equilibrado. A música duma época inquieta e agitada é furiosa e o seu governo está voltado do avesso. A música dum Estado decadente e sentimental e triste e o seu governo corre perigo.»

in "O Jogo das Contas de Vidro", Herman Hesse".

[Compilação por José Maria Rocha Abecasis [nasc. Lisboa, 1980], que se transferiu para Macau há aprox. 18 anos, onde reside atualmente - ou residia quando a compilação foi feita.])

 

 

 

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EDITH FLUSSER

(http://www.wolkenstein-verlag.de/)