Gerações de jornalistas se encontram no funeral de Reynaldo Jardim
Por Flávio Bittencourt Em: 03/02/2011, às 08H11
[Flávio Bittencourt]
Gerações de jornalistas se encontram no funeral de Reynaldo Jardim
Camila Piacesi (21 anos) escreve sobre Reynaldo Jardim (84).
ALÉM DO CÉU DE BRASILIA:
Reynaldo Jardim,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=g1s1wgEwf8M
“ 'Quando eu era novo eu achava que nunca ia morrer. Agora eu tenho certeza’. E ele tinha razão. Ele também dizia que ia continuar vivendo através de seus genes, cromossomos, DNA e essas coisas que sempre o fascinaram. Genes que estão nos seus parentes, nos seus familiares, nos seus sobrinhos, filhos, netos. E que continuam vivendo, e fazendo através de nós, Reynaldo viver.
E não são apenas os genes que permanecem vivos. A herança cultural que ele nos deixou. Não digo apenas (se é que posso dizer apenas) dos livros, filmes, textos, artículos, letras de música, artes gráficas e todos os outros tipos de arte que nem o nome — se existir — eu conheço.
Foi mais importante, e continua viva em nós, a herança que Reynaldo deixou em conversas, broncas, atos, gestos, exemplos e até maus exemplos. Viva Reynaldo! Jornalista, poeta, escritor. Apenas isso, mas MUITO mais que isso. Viva Reynaldo! Viva o MEU pai!”
(MICAEL DAHER JARDIM, trecho da carta de despedida a seu pai, Reynaldo Jardim)
[2.2..2010, especial para o portal Entre-textos:
é permitida a reprodução, desde que citada a autoria
e a fonte]
"[REYNALDO JARDIM] É o cara mais talentoso que eu jamais conheci"
(ZIRALDO)
"Quero me despojar
de tudo o que eu não tenho.
Limpar meus horizontes
de artes e de engenho.
Quero me desfazer
de tudo o que não tive.
A certeza certeira
de quem viveu não vive.
Quero me entristecer
de alegria e calma.
Olhar no espelho e ver
a cara de minha alma. (...)
REYNALDO JARDIM
TEXTO E DESENHO AQUI APOSTOS
EM HOMENAGEM À MEMÓRIA DO DR. REYNALDO JARDIM (1926 - 2011):
"O símbolo da paz está fazendo 50 anos
Adília Belotti
Quem nasceu depois de 68 deve achar que ele sempre existiu. Quem nasceu antes, talvez imaginasse, como eu, que era alguma inscrição hindu, nascida quando os jovens da minha época descobriram a Índia, a meditação, os mantras...
Pois não é nada disso. O símbolo mais tradicional de "paz" que a gente conhece nasceu, isso sim, na prancheta de Gerald Holtom, um artista inglês que recebera a incumbência de criar um símbolo para a primeira Campanha Pelo Desarmamento Nuclear, CND, na Inglaterra, em 1958. O trabalho de Holtom foi apresentado e aprovado pelo Direct Action Committee Against Nuclear War e selecionado para aparecer em público na primeira marcha contra a Guerra Nuclear, que entrou para a história como a "1st Aldemaston March", e reuniu centenas de pessoas numa caminhada de quatro dias desde Trafalgar Square, em Londres, até o Centro de Pesquisas Nucleares de Aldermaston, em Berkshire".
(http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/2008_07_01_archive.html)
EM CERTA ÉPOCA, REYNALDO JARDIM PUBLICAVA
UM POEMA POR DIA, DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA,
NO JORNAL DO BRASIL; A SEGUIR, MENSAGEM
DO MAESTRO JORGE ANTUNES, PROFESSOR TITULAR
DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, SOBRE O JB (TODO)
NA INTERNET:
"[MENSAGEM CIRCULAR RECEBIDA VIA E-MAIL]
Olá,
Estão no ar, disponíveis na internet, todas as edições do Jornal do Brasil.
Em 30 de maio de 1965, um ano após o golpe militar, alguns músicos destemidos e de luta enfrentavam a ditadura exigindo liberdade.
Entre eles estavam: Pixinguinha, 68; Clementina de Jesus, 64; Claudio Santoro, 46; Luiz Eça, 29; Oscar Castro Neves, 25; Jorge Antunes, 23; Nara Leão, 23; Jorge Ben, 23 e Edu Lobo, 22.
Veja no Jornal do Brasil na página 5:
http://news.google.com/newspapers?id=xpUVAAAAIBAJ&sjid=6gsEAAAAIBAJ&hl=pt-BR&pg=5886%2C3871774
SIGA-ME NO TWITER:
http://twitter.com/jorgeantunes
Abraço do
Jorge Antunes"
"ENTRE AS VÁRIAS PERSONALIDADES DE RENOME QUE
RESIDEM EM BRASÍLIA E COMPARECERAM AO ENTERRO DE
REYNALDO JARDIM, ESTAVAM, POR EXEMPLO, JAIRO VIANA,
JARBAS MARQUES E ADRINO ARAGÃO"
(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")
"Histórico Brasília
Folder com uma dobra aberta.
Folder tamanho A3 com duas dobras.
(já dobrado fica tamanho A5)
Fotos e Texto: Instituto Geográfico e Histórico do Distrito Federal".
LOGOTIPO DO JORNAL CANDANGO
NO QUAL JAIRO VIANA FOI COLUNISTA
POR MAIS DE DUAS DÉCADAS
(SÓ A MARCA DO JORNAL, SEM A LEGENDA
LIDA LOGO ACIMA:
http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/2008_07_01_archive.html)
"O mestre de Cerimônia [DE CERTA SOLENIDADE NO
INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DO DF]
Jarbas Silva Marques [QUE, POR SOLICITAÇÃO DA
ESPOSA DO DR. REYNALDO JARDIM, ELAINA DAHER,
FALOU NO SEPULTAMENTO DO GRANDE JORNALISTA E POETA
INFAUSTAMENTE FALECIDO EM BRASÍLIA, ANTEONTEM (1º.2.2011)]"
O JORNALISTA ALEXANDRE GARCIA (TV GLOBO) FALA
EM EVENTO DO IGHDF, cujo presidente, na atualidade, é o
Coronel Affonso Heliodoro, que foi o braço direito do presidente JK
[SÓ A FOTO DE ALEXANDRE GARCIA TRANSMITINDO BOAS
INFORMAÇÕES E IDÉIAS NO INSTITUTO ESTÁ, SEM A LEGENDA
ACIMA APRESENTADA, NA WEB, EM:
http://ihgdf.blogspot.com/ (BLOG DO IHGDF)]
"ANTES DE A NOTÍCIA MUITO TRISTE TER SIDO DIVULGADA PELA INTERNET E PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO TRADICIONAIS, ONTEM, 2.2.2011, OS AMIGOS DE REYNALDO JARDIM, PERPLEXOS, DISPARAVAM TELEFONEMAS UNS AOS OUTROS, COM DIÁLOGOS QUE COMEÇAVAM DA MESMA FORMA: 'A notícia é triste', 'Aconteceu uma coisa muito chata', 'Você está preparado para receber uma notícia triste? Posso falar?' E NÃO, POR EXEMPLO, 'Reynaldo Jardim morreu', PORQUE UMA INFORMAÇÃO DESSA NATUREZA NÃO PODE SER TRANSMITIDA DE CHOFRE."
(COLUNA "Recontanto estórias do domínio público")
"A JOVEM ESTUDANTE DE JORNALISMO CAMILA PIACESI ENCONTROU, NO FUNERAL DE REYNALDO JARDIM, PERSONALIDADES COMO JAIRO VIANA (jornalista de longo curso), DO JORNAL DE BRASÍLIA, JARBAS MARQUES, DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO DISTRITO FEDERAL (ex-militante revolucionário que passou dez anos preso durante a Ditadura e que proferiu marcante discurso [não-tribunício, vale dizer, espontâneo, amigo, informal e muito comovente] de despedida ontem, no enterro de R. Jardim) E ADRINO ARAGÃO (advogado e ex-redator da Revista do Desed [veículo de grande tiragem, do passado, publicado pelo Departamento de Formação do Pessoal do Banco do Brasil, que não era vendido, mas distribuído a clientes e funcionários (*)], escritor que tive a honra de buscar em casa ontem à tarde, para com ele - por sua solicitação - e com a futura jornalista C. Piacesi comparecer ao Cemitério Campo da Esperança, localizado no final da Asa Sul, proximamente ao Templo da Boa Vontade, em Brasília)"
(O RESPONSÁVEL PELA COLUNA "Recontando estórias do domínio público")
(*) - Veja no final, por favor, no verbete 'Adrino Aragão', da Wikipédia, mais dados sobre sobre as atividades de redator da área de jornalismo cultural e de autor de resenhas literárias (obras então recém-publicadas) do referido escritor.
"Ele foi um dos maiores amigos que eu tive na vida. É o cara mais talentoso que eu jamais conheci. A capacidade de criar era infinita, inacreditável. Era uma máquina de criar. Uma perda incomensurável. O Brasil não tem a menor ideia do talento de Reynaldo. O Brasil tem que tomar conhecimento do Sangradas escrituras. É extraordinário. Ele é poeta, criador de publicações e revistas, escultor, pintor, desenhista; faz tudo, tudo caladinho, sem alarde. Se descobrissem o Reynaldo, ele seria um dos deuses da arte.”
(ZIRALDO, depoimento reproduzido no artigo "Revolucionário definitivo", de Felipe Moraes,
publicado na edição de ontem [3.2.2011] do Correio Braziliense,
http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=17385
PALAVRAS QUE ADRINO ARAGÃO TRANSMITIU À
ESPOSA DE REYNALDO JARDIM, Srª ELAINA DAHER,
PESSOALMENTE:
"Eu não tive o prazer de conviver, como gostaria, com ele, ou seja, dialogar, bater papo, frequentemente, sobre vida e literatura. Entretanto, eu carrego uma grande alegria e um grande orgulho: o privilévio de dividir, no Jornal do Brasil [UMA DAS PÁGINAS DO CADERNO B, NA QUAL REYNALDO JARDIM PUBLICAVA UM POEMA POR DIA, DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA] , eu fazendo uma análise de poesia e ele, ao meu lado [ADRINO REFERE-SE À "GEOGRAFIA" DA PÁGINA], escrevendo um de seus poemas. Poucas pessoas tiveram esse privilégio. Isso me orgulha muito".
REVERENCIANDO HISTÓRIAS DE VIDA E AÇÕES PROFISSIONAIS DE:
Joseph Pulitzer (1847 - 1911),
Benjamin Lima (1885 - 1947),
Aparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895 – 1971),
Paulo Francis (Franz Paul Trannin da Matta Heilborn, 1930 - 1997) e
Reynaldo Jardim (1926 - 2011)
3.2.2011 (Brasília) - O enterro do grande jornalista, programador visual e gráfico e poeta aconteceu ontem, em Brasília, no Cemitério Campo da Esperança, às 18h30 - O atraso de 30 minutos com relação à hora prevista (18h00) aconteceu porque o corpo de Reynaldo Jardim veio do TEATRO NACIONAL CLAUDIO SANTORO, onde estava sendo velado. O texto e as fotos, feitos especialmente para o Entre-textos, são de Camila Piacesi, estudante do Curso de Graduação em Jornalismo do IESB - DF. Está ao nosso alcance fazer a presente homenagem a um homem que recebia com muita atenção, carinho e vibrante carisma profissional todos os jovens que seguidamente o procuravam, para, com um sábio do jornalismo [INCLUSIVAMENTE DO JORNALISMO TELEVISIVO, nos anos 60 incipiente até Reynaldo chegar], da comunicação visual e gráfica e da poesia brasileira, aprender. (C. Piacesi esteve presente ao sepultamento: como foi buscar máquina fotográfica enquanto acontecia o velório no TEATRO NACIONAL CLAUDIO SANTORO, seu texto aborda exclusivamente o momento do enterramento do Mestre Reynaldo, que era chamado, por muitos amigos, de "Rey": HAVIA DIZERES NUMA DAS COROAS DE FLORES [*] COM ESSE APELIDO CARINHOSO QUE DIZ TUDO) . F. A. L. Bittencourt ([email protected])
[Camiia Piacesi é estudante de Jornalismo do IESB [ESTÁ ELA APROXIMADAMENTE NO MEIO DO CURSO, ATUALMENTE] e ela ela foi solicitada a cobertura fotográfica ora apresentada: REYNALDO JARDIM faria muito mais relativamente à formação profissional da futura jornalista, talvez aproveitando a futura repórter em estágio de caderno de cultura de períodico de grande circulação ou em veículo considerado alternativo (experimental), se fosse o caso; e ADRINO ARAGÃO reproduziu, de memória, por telefone, as fraternas palavras de conforto que transmitiu, pessoalmente, à esposa de R. Jardim, depois do préstito fúnebre, como diria um "pré-histórico" jornalista, vale dizer, anterior às inovações introduzidas, no jornalismo brasileiro, pelo Dr. Reynaldo Jardim, pelo semanário político-humorístico O PASQUIM, pelo Dr. Pompeu de Sousa, pelo polemista de segundos cadernos, repórter cultural de televisão e romancista Paulo Francis, pelo escritor, apresentador de televisão e cronista Sérgio Porto e vários outros (DE TENDÊNCIAS IDEOLÓGICAS VÁRIAS, ALIÁS: Danton Jobim, Carlos Lacerda, Helio Fernandes, Samuel Wainer, Alberto Dines etc.)]
[*] -
TEXTO DE C. PIACESI:
CLIQUE, POR FAVOR, NO SEGUINTE LINK:
Foto: Camila Piacesi
===
CORREIOWEB
(CORREIO BRAZILIENSE, MAR. / 2011)
"03/02/2011 -
Morre, vítima de um aneurisma, o poeta e jornalista que revolucionou os cadernos de cultura do país
Severino Francisco
José Varella/CB/D.A Press - 3/8/09 Reynaldo Jardim |
A notícia provocou um abalo no peito e um sentimento de perda em todos os que o conheceram. O poeta e jornalista Reynaldo Jardim morreu, na noite de terça-feira, por volta da meia-noite, vítima de um aneurisma cerebral. Há quatro anos, o escritor sofreu um infarto, foi operado e os médicos lhe prescreveram uma sentença de morte: ele só tinha três meses de vida. Com a sua imaginação delirante, ignorou solenemente o veredito, consultou-se com um amigo espírita, que também era médico, comeu uma feijoada e continuou vivendo muito bem, alegre e cheio de planos.
Nas últimas semanas, estava com uma indisposição no abdome, mas era rebelde e se recusava a ir aos médicos. Na terça-feira, a família tanto insistiu que conseguiu convencê-lo a procurar um hospital. Reynaldo sabia que o coração tinha ficado vulnerável depois do infarto, mas estava lúcido, preparando-se para realizar uma cirurgia em que iria instalar uma prótese, evitando que a veia estourasse. Chamou a família e tranquilizou a todos, botando fé de que tudo terminaria bem. “Vai dar tudo certo, mas se der errado, chamem a bateria da Aruc”, avisou com senso de humor.
Reynaldo foi um dos mais inventivos e importantes jornalistas nos pouco mais de 200 anos da história da imprensa brasileira, ofício que exerceu com tal brilho que ofuscou o excelente poeta que era. Ele deixa um sentimento de vazio na cultura brasileira. Todos os que o conheceram se sentem um pouco órfãos da inventividade, da generosidade, da audácia e da loucura lúcida, que Reynaldo encarnava e exercia a plenos pulmões 24 horas por dia, com uma intensidade quase que insuportável.
[NA MESMA EDIÇÃO
DO CORREIO BRAZILIENSE,
PODE-SE LER O SEGUINTE
ARTIGO DE FELIPE MORAES]
Revolucionário definitivo
Felipe Moraes
Paulistano radicado em Brasília desde o fim dos anos 1980, o poeta, jornalista, escultor e artista gráfico Reynaldo Jardim deixou amigos por todo o país. Entre eles, Ziraldo e Ferreira Gullar, parceiros habituais no Jornal do Brasil, na criação do Caderno B, nos anos 1950. O suplemento dominical do JB adiantou a reforma gráfica que ocorreria posteriormente nos jornais brasileiros e serviu de veículo para a exposição da poesia concreta e neoconcreta. Em 1967, Jardim participou da criação do tabloide O Sol, ao lado de Ana Arruda Callado. O Correio conversou com personalidades, amigos e pessoas próximas do mestre Reynaldo Jardim.
O escritor e cartunista Ziraldo lamenta a morte do amigo com lembranças de quando o conheceu, há mais de 50 anos, e faz elogios à sua verve irrequieta, em especial ao livro Sangradas escrituras, um dos últimos de Jardim. “Ele foi um dos maiores amigos que eu tive na vida. É o cara mais talentoso que eu jamais conheci. A capacidade de criar era infinita, inacreditável. Era uma máquina de criar. Uma perda incomensurável. O Brasil não tem a menor ideia do talento de Reynaldo. O Brasil tem que tomar conhecimento do Sangradas escrituras. É extraordinário. Ele é poeta, criador de publicações e revistas, escultor, pintor, desenhista; faz tudo, tudo caladinho, sem alarde. Se descobrissem o Reynaldo, ele seria um dos deuses da arte”, relata.
O poeta Ferreira Gullar lembra a inventividade do amigo também poeta. Para ele, a vida de Reynaldo foi “inovadora, fecunda em todos os sentidos”. “O livro Sangradas escrituras é de uma criatividade, de uma lucidez poética incrível. Para mim, é a perda de um irmão. Mas para arte, literatura e imprensa brasileira, uma perda também muito significativa”, diz.
Gullar espera que a obra do “homem dos mil talentos” ganhe o reconhecimento que merece. “Ele não se importava com isso. Estava tão preocupado em inventar a vida, que não se importava com mais nada. Estava interessado no que ia inventar. Com entusiasmo, ele se metia nas coisas mais inesperadas. Não teve tempo de cuidar da glória literária. O que conta é o que se cria, isso é o que conta. E ele criou muita coisa. Como jornalista do suplemento dominical, revolucionou. O movimento concreto ajudou a mudar a visão de gráfica de revista. E ele pegou aquilo e realizou um tipo de paginação absolutamente inesperada. E isso deflagrou uma revolução no jornalismo brasileiro. O pessoal de Brasília tem a obrigação de preservar o que ele criou. É uma coisa fundamental da expressão cultura do país, inclusive fator de inspiração de coisas futuras”, compartilhou.
O jornalista e escritor Zuenir Ventura também destacou o legado deixado por Reynaldo na imprensa e na arte brasileira. “Ele conseguia juntar um espírito anárquico com uma grande disciplina profissional, e um furor criativo que não tinha tamanho. Uma inquietação que fazia com que todo dia criasse alguma coisa. Eu nunca vi uma necessidade de invenção tão grande. Ele foi responsável por revoluções às vezes aparentemente pequenas, imperceptíveis no jornalismo brasileiro. Ele, junto com o Amílcar de Castro, trouxe para o jornalismo o ‘branco’ das artes plásticas. Abriu claros na paginação, mostrou que os espaços vazios também eram capazes de muita expressão”, explica.
A cineasta Tetê Moraes, que era repórter de O sol, em 1967, diz que Reynaldo foi o pai de uma geração inteira de artistas, jornalistas e poetas, marcada pelas batalhas pela liberdade de imprensa e de expressão. Ela dirigiu o documentário O sol – Caminhando contra o vento (2005), sobre o jornal carioca. “Quem passou por aquela experiência, sabe que ele vai fazer muita falta. Teve uma vida criativa, deixou tanta coisa, alegria, criatividade, ética. Meu filme registrou um momento histórico do Brasil através de uma simples experiência no jornal do Rio de Janeiro. Eu acho que ele foi o rei. Era atento a todos os ritos e rituais positivos da vida. Teve uma vida belíssima. Fico feliz de ter conseguido fazer o filme enquanto ele esteve vivo, alegre”, comenta.
Sem tristeza
Alisson Sbrana, diretor do curta Profana Via Sacra, premiado no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, esteve com Reynaldo momentos antes da morte do poeta. “Ontem (terça-feira) a gente esteve no hospital. Falei rapidinho com ele. Ele disse que não queria tristeza, queria uma festa, o pessoal da Aruc. Ele foi a pessoa que mais aproveitou a vida e teve fome de vida. Nunca o vi falando do passado, das coisas que já tinha feito. Sempre falava das coisas novas”, conta.
Luis Turiba, jornalista e poeta, compôs o samba-enredo Reynaldo Jardim, poeta do sol quando ele completou 80 anos. Com a melodia de Dinho, integrante da Aruc, o poema se transformou em música. O refrão diz: “Reynaldo Jardim, jornalista, poe a, escritor / 80 anos dedicados à vida e ao amor / Parabéns pra você e tudo o que você criou”, diz. “Ele sempre pedia que cantasse esse samba para ele. Ele tinha uma vitalidade incrível, assustadora”, relata Turiba.
Outros amigos brasilienses também manifestaram palavras de carinho. Jorge Ferreira, do Feitiço Mineiro, diz que Brasília pode se orgulhar de ter sido casa de um dos maiores poetas do país. “A cidade tem que prestar muitas homenagens a ele. Ele foi fundamental pra gente, pra cultura, pra poesia, sempre foi um cara que apoiou a cidade”, conta. O livreiro Ivan Presença acredita que Reynaldo foi um revolucionário definitivo das artes plásticas e da poesia. “A cultura brasiliense e brasileira perde um poeta e um pensante da cultura. Quando chefiava a antiga Fundação Cultural, levou toda aquela tribo de pensantes, poetas, artistas plásticos. Sempre foi revolucionário”, diz.
HOMEM DE FAMÍLIA
Elaina Daher, casada com Reynaldo há 24 anos, conta que o conheceu quando trabalhava para um jornal e foi cobrir um lançamento do livro do poeta. “Fui fazer uma entrevista com ele. Ia fazer 60 anos, eu tinha 22. Quando acabou a conversa, disse que ele era a pessoa mais fantástica que conheci. Ele emendou: ‘Aproveita que eu estou solteiro!’ Saímos, fomos para um bar e dois meses depois estávamos casados”, diz. Elaina define Jardim como uma “super-mãe” dos gêmeos Rafael e Gabriel, 22, e do caçula Micael, 21. “A vida inteira, nunca precisei levantar à noite. Todo dia ele levantava e arrumava o café”, revela. O filho mais novo, Micael, escreveu uma carta de despedida para o pai. Ao lado, um trecho:
“‘Quando eu era novo eu achava que nunca ia morrer. Agora eu tenho certeza’. E ele tinha razão. Ele também dizia que ia continuar vivendo através de seus genes, cromossomos, DNA e essas coisas que sempre o fascinaram. Genes que estão nos seus parentes, nos seus familiares, nos seus sobrinhos, filhos, netos. E que continuam vivendo, e fazendo através de nós, Reynaldo viver.
E não são apenas os genes que permanecem vivos. A herança cultural que ele nos deixou. Não digo apenas (se é que posso dizer apenas) dos livros, filmes, textos, artículos, letras de música, artes gráficas e todos os outros tipos de arte que nem o nome — se existir — eu conheço.
Foi mais importante, e continua viva em nós, a herança que Reynaldo deixou em conversas, broncas, atos, gestos, exemplos e até maus exemplos. Viva Reynaldo! Jornalista, poeta, escritor. Apenas isso, mas MUITO mais que isso. Viva Reynaldo! Viva o MEU pai!”
Sempre à frente
Severino Francisco
É difícil encontrar algum movimento ou personagem importante da cultura brasileira nos últimos 50 anos que não tenha alguma conexão, direta ou indireta, com os projetos de Reynaldo Jardim. Com o seu instinto indomável de criação, Reynaldo inventou e reinventou jornais, revistas, programas de televisão e emissoras de rádio. Glauber Rocha escreveu os primeiros artigos lançando o Cinema Novo no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil. Nelson Rodrigues era colaborador de O Sol. Ruy Castro estreou em O Sol. A poesia concreta e a poesia neoconcreta nasceram nas páginas do SDJB. Sérgio Paulo Rouanet era um jovem de 20 anos quando publicou os seus primeiros ensaios no mesmo suplemento. Clarice Lispector era colaborada da revista Senhor, editada por ele.
Reynaldo inventou o personagem do célebre disk-jóquei Big Boy, editou o Correio da Manhã, criou o jornal O Sol, produzido apenas por jovens estudantes de jornalismo. E ninguém nunca chegou para o Reynaldo e encomendou: “Senhor Reynaldo, por fineza, poderia fazer uma revolução?”. Era Reynaldo que chegava, ocupava os pequenos espaços e instalava as suas invenções. Ele se considerava expansionista. Uma das mais expressivas revoluções realizadas por ele foi a criação do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, na virada da década de 1950 para a de 1960.
O suplemento promoveu uma revisão radical da cultura brasileira, com artigos polêmicos e provocadores. De repente, as páginas do SDJB estavam povoadas por uma constelação de colaboradores brilhantes: Glauber Rocha, Ferreira Gullar, Paulo Sérgio Rouanet, José Guilherme Merquior, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Manuel Bandeira e Mário Pedrosa. O poeta e crítico piauiense Mário Faustino escreveu um texto sobre Carlos Drummond de Andrade, que teria provocado tamanha irritação no poeta mineiro, que ele teria raspado gilete na parede de raiva: “Nós éramos muito arrogantes”, reconheceu Reynaldo, em entrevista ao Correio, no ano passado. Ao ser questionado sobre o jornalismo atual, Reynaldo respondia com uma provocação: “Falta liberdade e paixão. Está tudo muito frio. Está faltando o ponto de exclamação”.
O POETA
Espírito anárquico
Reynaldo foi um jornalista de uma trajetória tão fulgurante que o brilho do seu trabalho na imprensa colocou para o segundo plano o talento de poeta. E, na verdade, ele era inventivo porque o sopro do poeta animava as suas intervenções na imprensa. Alguns títulos que escrevia para O Sol eram quase que poemas concretos: “FMI é o fim”, dizia um deles. Quando era garoto, ele começou a escrever poesia para a sua primeira musa, uma prima pela qual ele se apaixonou. Comprou um caderno de 360 páginas e se impôs a missão de todos os dias escrever três poemas. Escrevia poemas como um repórter que cumpre uma pauta. Na falta de inspiração, metia o dedo aleatoriamente no dicionário e inventava um poema a partir da palavra indicada.
O espírito libertário e anárquico de Reynaldo enfrentou duas ditaduras, a de Getúlio Vargas, na década de 1930, e a do regime militar, a partir de 1964. Quando o tempo da política fechou na era Vargas, Reynaldo era um adolescente e começou a escrever poemas de resistência à opressão do caudilho gaúcho. E, durante o regime de exceção instaurado a partir de 1964, ele misturou experimentações de vanguarda com contestação política: “Sempre fui de esquerda e tenho simpatia pelas vanguardas, mas o meu temperamento é anárquico”, afirmou Reynaldo em entrevista ao Correio, no ano passado.
De tanto escrever poemas, sentiu que a língua ficou mecanizada. E então se rebelou contra si mesmo, inventando uma nova língua, a “vrosnk”, pois estava morando em Curitiba, cidade de forte influência polonesa, em que quase todos os nomes próprios são com “w” e “y”: “Grinca! Vronsk prodestra inascita/Brita na greta abrupta da caverna/Pedra gravita Dara farta Vronsq.” O cineasta Glauber Rocha adorou a brincadeira e passou a adotar o “w” e o “y” em seus artigos. Reynaldo reuniu a sua produção poética em Sangradas escrituras, que ganhou o Prêmio Jabuti de 2010. Mas, na verdade, Reynaldo era um poeta de corpo inteiro e sua poesia transbordava em cada instante de sua vida. O filme Profana via sacra, dirigido por Alisson Sbrana, ilumina muito bem o espírito poético e anárquico que sempre animou Reynaldo".
(http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=17385)
===
VERBETE 'Adrino Aragão', Wikipédia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adrino_Arag%C3%A3o
[ARTIGO EM ELABORAÇÃO, já em fase de
conclusão: falta apenas o complemento,
ao final do verbete, das ligações externas
(artigos e ensasios sobre A. ARAGÃO),
como solicitaram os senhores editores da
Wikipédia, tarefa que está sendo providenciada]
[O MESMO VERBETE NO IDIOMA INGLÊS
PODE SER LIDO EM:
http://en.wikipedia.org/wiki/Adrino_Arag%C3%A3o,
com observação que corresponde à solicitação
dos editores brasileiros:
"This article is an orphan, as few or no other articles link to it. Please introduce links to this page from related articles; suggestions may be available",
OS LINKS TAMBÉM SOLICITADOS EM INGLÊS SERÃO BREVEMENTE INCLUÍDOS -
e as "sugestões serão avaliadas", para que constem em caráter definitivo no
referido verbete, como acima se declara que acontecerá.]
ADRINO ARAGÃO (à esq.) e FLÁVIO BITTENCOURT
(Foto: Camila Piacesi)