(Miguel Carqueija)

Atualmente, poucos personagens da ficção apresentam nobreza de caráter. Pois nobreza é o que não falta em Tsuchimiya Kagura, heroína de "Ga-Rei", criação em mangá de Hajime Segawa.

 

     A Editora JBC acaba de lançar nas bancas brasileiras "Ga-Rei", uma História Alternativa mesclada com Terror. Para quem não sabe, História Alternativa é um subgênero da Ficção Científica, onde se imagina que os acontecimentos históricos tenham seguido um rumo diferente (um exemplo clássico é o romance "O homem do castelo alto", de Philip K, Dick, onde a Alemanha nazista ganhou a II Guerra Mundial).

     Em "Ga-Rei" a ação se passa num mundo semelhante ao nosso atual (arquitetura das grandes cidades, tecnologia, costumes) com a diferença de que a Terra foi invadida por maus espíritos de todos os tipos - almas penadas, demonios, zumbis, espíritos bestiais - e a guerra é permanente. No Japão existe o Escritório de Prevenção de Desastres Sobrenaturais, órgão secreto do Ministério do Meio Ambiente. Duas famílias, Tsuchimiya e Isayama, detêm tradicionalmente o comando do combate aos seres malignos.

     Já neste primeiro volume, que acompanha a iniciação de um novo agente, Kensuze Nimura - um rapaz irritadiço que enxerga fantasmas - já ficamos sabendo que, anteriormente, acontecimentos trágicos ocorreram, envolvendo a misteriosa jovem Tsuchimiya Kagura, a controladora do dragão-serpente Shiro, o Ga-Rei (espírito devorador). A prequela da história acha-se no excelente animê "Ga-Rei Zero" - uma obra-prima da animação japonesa - que mostra como Kagura foi entregue à família Isayama, como desenvolveu uma profunda amizade com sua irmã de criação, Yomi, e como seus caminhos se separaram quando Yomi foi cooptada pelo Mal em estado puro e Kagura perseverou na bondade e na justiça. É uma situação emblemática, como em Star Wars ou Ben-Hur. A partir daí, virá a guerra sem fim entre o Bem e o Mal, entre Kagura e Yomi.

     Kagura é uma das mais notáveis e carismáticas figuras dos mangás e animes.