Fliporto 2012: Mia Couto e Agualusa

 [Dílson Lages – da Fliporto 2012]

OLINDA-PE - Um dos congressos literários mais concorridos da Fliporto-2012, que aconteceu em Olinda-PE, entre 15 e 18 de novembro, teve como centro os escritores Mia Couto, de Moçambique,  e José Eduardo Agualusa, de Angola. Eles desnudaram a gênese de suas criações, discutindo assuntos como a relação entre a memória e a literatura que produzem.

Falando a respeito do tema, Mia Couto disse que tanto ele quanto Agualusa revelam na literatura uma opção pela memória e pela construção da identidade. Para Mia, “o lembrar é fundado sobre certa mentira”. Agualusa mostrou-se, embora tenha convergências com o texto do moçambicano, divergente desse ponto de vista.

Para o angolano, “em países como o nosso, o esquecimento não é solução. Os africanos conseguiram vencer a apartheid. Acredito mais nisso”. Ele justifica o posicionamento, afirmando que, “quando não temos a oportunidade de abraçar e de perdoar em conjunto, as feridas vão estourar mais adiante”.

INSPIRAÇÃO, TRABALHO OU PAIXÃO – Segundo Agualusa, inspiração não acontece sem trabalho. “Escrever um romance, principalmente, é uma tarefa de disciplina”, diz, acrescentando que o ofício passa pelo sonho:  “Às vezes, uma frase origina toda uma história”.

Comentando o tema, Mia Couto assim definiu a inspiração: “É quando eu me autorizo a recuperar a minha infância”.

Os escritores participaram da mais concorrida sessão de autógrafos da Fliporto 2012, com alguns dos livros de sua autoria esgotados para venda durante o restante do festival literário.

ENCONTRO DO ACASO – Encontramos com os escritores passeando ao acaso pelas ruas de Olinda.  Fizemos o registro fotográfico que ilustra este texto em frente à Faculdade de Olinda.