Por Rosidelma Fraga
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Todos os dias pais e alunos realizam uma pequena caminhada do ponto de ônibus próximo ao Cinema da Universidade Federal de Goiás e a Faculdade de Educação Física para chegarem ao Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás - CEPAE, um lugar de privilégio para muitos alunos que vibram ao serem sorteados todos os anos. O problema é que, para usufruir das vantagens que a instituição pública oferece, muitos alunos da Educação Básica passam por situações estarrecedoras. E o que tenho notado é a falta de cumprimento de leis e, sobretudo a falta de bom senso no trânsito, principalmente vindo de pessoas que aparentemente deveriam saber o significado do termo que se liga à lei razoabilidade, já que nem sempre é possível cumprir as leis em situações emergenciais, como é o caso atual, pois algumas obras estão sendo realizadas in loco. Entretanto, cansei de presenciar cenas abusivas de motoristas de carros e da linha 725, máquinas de trabalhadores que não respeitam aos alunos, tendo em vista que muitas crianças tentam correr de um lado para outro, a fim de evitarem acidentes, inclusive na faixa de pedestre que deveria vir mais perto do ponto de ônibus, mas esta é outra questão.
Hoje quando caminhava para levar meu filho à escola supracitada, deparei-me com um servidor público que acredito ser um professor (não do CEPAE), pois me lembro de tê-lo visto em algum evento direcionado à educação. Este senhor de cabelos brancos e barba grisalha começou a fazer cenas de irritação com os braços, extremamente nervoso, sem bom senso, como se o direito de ir e vir fosse apenas dele. Na verdade, a Constituição Federal no inciso XV do Art. 5º protege o direito de ir e vir de todos os cidadãos brasileiros. E os alunos não têm culpa de a Universidade planejar a construção de prédios e mais prédios, salas e mais salas e não pensar no espaço de calçadas para pedestres. Por acaso, os alunos terão de criar asas e voar para chegar ao CEPAE? A única linha de circular não atende a demanda do campus, os alunos parecem “porcos sendo conduzidos ao matadouro” e eu me incluo no massacre porque vivencio a cena caótica quando entro no ônibus para levar meu filho ao destino. Justifico que a expressão "porcos sendo conduzidos ao matadouro" foi usada para retratar o sofrimento diante do lugar fechado e não no sentido de sujeira. Saber a realidade dos alunos é senti-la junto com eles e aqui eu os defendo, colocando-me no lugar de mãe. O circular 725 ultrapassa o limite de passageiros e parece ultrapassar o limite de velocidade máxima permitida em lei e não reduz a velocidade quando faz a rotatória, mesmo com alunos encostados somente na porta frouxa do ônibus. E quem não tem carro e quer fugir da tortura, acaba optando por fazer o trajeto a pé, colocando vidas de crianças e adolescentes em risco por falta de calçadas para pedestres, o que leva ao descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente que parece engavetado para as autoridades, pois a segurança é outro direito que se repete nos artigos e incisos desta lei.
As perguntas ao problema são as seguintes. As crianças e os adolescentes devem andar no circular com lotação acima do permitido e colocar em riscos suas vidas? Ou devem disputar espaço com os carros, repetindo os perigos de atropelamento? A verdade é que eu cansei de ouvir a expressão “Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”. E já que “brasileiro só acorda depois de roubado”, o melhor é redigir um texto e “desabafar” na minha coluna, sentindo na pele o que os alunos do CEPAE/UFG sentem todos os dias. Resta pensar positivamente para que dentro de alguns anos a problemática se resolva e todos possam ir e vir com igualdade de condições e respeito, num ambiente efetivamente sustentável e seguro. Quando digo ambiente sustentável, refiro-me ao significado de atender às necessidades da geração aludida anteriormente, sem prejudicar as futuras gerações, uma vez que para construir passarelas ou calçadas não será preciso desmatar ou degradar o meio ambiente, pois se há espaços para construir os prédios, deve ter espaço para fazer as calçadas ou passarela até o portão da escola. Ou que sejam colocadas linhas do circular/campus que atendam às necessidades dos usuários, a fim de que os alunos não fiquem apoiados às janelas e portas dos ônibus, temendo perder as aulas e colocando vidas em perigo. Afinal, estudar é preciso. Ou eu estou equivocada, leitores?