[Maria do Rosário Pedreira]

Vila-Matas é um dos mais interessantes autores espanhóis e falei não há muito tempo neste blogue do seu romance Dublinesca. É de certa forma à roda deste romance que gira o seu mais recente livrinho – chamo-lhe assim porque é mesmo pequeno – que não ouso classificar, pois, tendo aparência de ensaio (prefaciado e tudo), deita ficção por todos os poros. De qualquer modo, tem o título sérioPerder Teorias e conta a história de um escritor (Vila-Matas, quem mais?) que, convidado para um festival de escritores em França, é depositado no hotel por um taxista português e nele permanece todo o tempo que devia estar no dito festival por ninguém aparecer para o orientar e ele não ter ânimo para se desenrascar sozinho. Aborrecido com essa ausência – mas nem tanto –, resolve então escrever uma nova teoria do romance, pensando sobretudo no seu próximo livro, que não é senão aquele Dublinesca de que aqui falei, saído, por acaso (ou não) antes deste – e não só em Portugal, em Espanha também. Regressado a Barcelona depois de não ter participado em festival nenhum, o romancista descobrirá, porém, a teoria bastante inútil (embora estejamos a lê-la e, como tal, provavelmente não o seja). Circular e delirante, este divertimento muito sério é um dos seis primeiros livros publicados pela novíssima Teodolito.