Fagner canta Pessoa

 “Qualquer Música” é um poema de 1927. Nele, o autor novamente evoca o poder algo “terapêutico” da música. Quando musicou esse poema, Raimundo Fagner substituiu por “rock” a palavra “jota” que aparece na última estrofe (embora depois termine cantando a estrofe original). Certamente porque a maioria dos seus fãs, e provavelmente também os leitores brasileiros de Pessoa, não sabem o que vem a ser a tal “jota” (não é a letra do alfabeto), ligada ao fado no segundo verso da estrofe. Jota é uma dança espanhola. As tão características castanholas acompanham a dança e o canto. Embora os passos se assemelhem aos da valsa, a jota é mais variada e tem o característico salto (daí o nome, jota, derivado de xota, do moçárabe šáwta, que quer dizer “salto”). Aqui o poema de Fernando Pessoa:

Qualquer música, ah, qualquer,

Logo que me tire da alma

Esta incerteza que quer

Qualquer impossível calma!

Qualquer música – guitarra,

Viola, harmônio, realejo…

Um canto que se desgarra…

Um sonho em que nada vejo…

Qualquer coisa que não vida!

Jota, fado, a confusão

Da última dança vivida…

Que eu não sinta o coração!

 

E neste link, os versos cantados por Fagner:

Se preferir, acesse o vídeo. Clique aqui!

Ascom - Fliporto 2015