Bruna Surfistinha - Direção de Marcus Baldini
Não tinha assistido porque não me exibiram o filme antes e a estreia coincidiu com o Oscar. Diante do sucesso de bilheteria do filme, fui deixando o tempo passar até mesmo para ter uma visão imparcial, já que eu trabalhei durante bastante tempo numa adaptação teatral do mesmo texto que deu origem ao filme (embora fosse fazer uma comédia).
O projeto não saiu porque não foi possível o produtor levantar dinheiro e financiamento, a mesma razão que dificultou a realização do filme (já que muitas empresas não quiseram ligar o nome à história de uma prostituta), o que demonstra que nada mudou, ainda continuamos hipócritas como sempre. Para ver o filme e torná-lo um êxito, não há problemas... Mas permitir sua existência, ainda que num produto de qualidade, não se podia permitir...
Enfim, não há dúvida de que a história da Bruna foi um fenômeno nacional (a verdadeira biografada, Raquel Pacheco, faz uma rápida aparição como a garçonete que mostra a mesa para Bruna e Hudson no restaurante). Ela foi das primeiras no mundo a usar um Blog para contar suas aventuras eróticas e dar notas as performances dos clientes.
Considerando tudo que podia dar errado e a baixaria em que o filme poderia facilmente cair, visto a falta de experiência do cinema brasileiro em tocar assuntos polêmicos com dignidade, o filme da Bruna merece os elogios que tem recebido. Ainda mais feito por um diretor estreante e jovem como Marcus Baldini (que conheço apenas de vista, dos tempos da MTV).
Não sei bem por que dispensaram a moça que foi escolhida originalmente, Karen Junqueira, mas não há dúvida que foi uma decisão acertada chamar Deborah Secco. Ela não tem apenas a presença estrelar que ajuda o filme, mas também fez um belo trabalho, matizado, controlado, mostrando as mudanças e evoluções da personagem, de menina de escola a viciada em drogas.
É verdade que o filme ficou no fio da navalha, alguns segundos a mais teria caído na vulgaridade desnecessária (ainda implico com aquela cuspida na pia, que podia ter sido mais discreta). Se bem que neste país nada é muito levado a sério. Deborah se arriscou e se deu bem. Não se comprometeu e fez um bom trabalho.
Era um personagem muito difícil até porque sua conduta não é muito justificada (fica numa história de querer viver sozinha, se sustentar, mas não tem as cenas de sofrimento, ou mesmo confronto. De qualquer forma, é moda no cinema moderno não se explicar muito). Havia o risco do filme se transformar numa propaganda de recrutamento de mulheres da vida, de meninas bobinhas que desejariam imitar a heroína.
Não acredito que aconteça isso, acho muito mais perigoso um filme como Uma Linda Mulher de Julia Roberts, que é um conto de fadas sem qualquer realidade, e que esse sim faz pensar que basta virar prostituta para encontrar o Richard Gere para te tirar da vida! E era um filme da Disney!
Gosto especialmente do elenco feminino (de todas que fazem as colegas), do sempre certo Cássio Gabus Mendes, e de todos os inúmeros coadjuvantes e mesmo figurantes que compõem o filme (eu impliquei apenas com o garoto que faz o irmão e que vem bater nela, mas já é ser chato). Como sei bem, o livro e seus posteriores (que dão conselhos e narram casos) têm momentos muito mais fortes e polêmicos, que fizeram bem em deixar fora.
Não acho que o roteiro tenha conseguido fugir muito do esquema do gênero “filme de prostituição”, que é quase tão velho quanto o cinema, nem se pode dizer que tenha momentos de exuberante talento. Mas sem dúvida era um terreno escorregadio e arriscado que foi contornado com eficiência".
(http://noticias.r7.com/blogs/rubens-ewald-filho/2011/03/22/critica-de-bruna-surfistinha/)
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O PROF. DR. MANUEL BRITO-SEMEDO
(Ilha de S. Vicente, Cabo Verde) - que é
um amigo do Brasil - ESCREVEU
(veja adiante, sobre esse estudioso:
NOTAS BIOGRÁFICAS):
Dois livros de uma assentada, que juntam 3 coisas que mais gosto: cinema, literatura e culinária.
O Cinema Vai à Mesa
Existem Filmes deliciosos e livros para serem devorados. Mas pela primeira vez essas duas formas de arte se juntam em O Cinema Vai à Mesa de Rubens Ewald Filho e Nilu Lebert.
Convidar os amigos para ver um filme em casa e depois oferecer-lhes um jantar é algo bastante comum. Mas que tal surpreendê-los com os pratos vistos no filme?
Melhor ainda se as receitas forem ensinadas por alguns dos maiores Chefs do Brasil como: Adriano Kanashiro, Alessandro Segato, Allan Vila Espejo, Benny Novak, Calors Siffert, Emmanuel Bassoleil, Erika Okazaki, Fabrice Lenud, Hamilton Mellão, Juscelino Pereira, Luciano Boseggia, Mara Salles, Maria Emília Cunali, Mariana Valentini, Marie - France Henry, Mukesh Chandra, Roberto Strôngoli, Silvia Percussi, Thompson Lee e Waldete Tristâo.
Este saboroso livro, além de muitas receitas detalhadas, traz informações e curiosidades sobre os filmes, seus atores e diretores. E fotos de dar água na boca!
Bebendo Estrelas – Histórias e Receitas
Você já se imaginou tomando um Cosmopolitan em um badalado bar nova-iorquino ao lado das quatros amigas de Sex and City, ou um Dry Martini em algum país europeu na companhia de James Bond, ou até mesmo uma caipirinha no Rio de Janeiro imperial ao lado de Sherlock Holmes?
(http://brito-semedo.blogs.sapo.cv/27250.html)
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BRITO-SEMEDO é natural de S. Vicente, onde nasceu em 1952. É Doutorado em Antropologia, Especialidade de Etnologia, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL), em 2003.
É Professor Universitário e autor de Na Esquina do Tempo – Crónicas de Diazá, Praia (2009) (Crónicas Autobiográficas); A Morna-Balada – O Legado de Renato Cardoso, Praia, 2008 (Estudo Poético e Sociológico da Balada Cabo-verdiana); A Construção da Identidade Nacional – Análise da Imprensa entre 1877 e 1975 (Investigação Científica), Praia, 2006; Caboverdianamente Ensaiando, Vols. I e II, S. Vicente, 1995 e 1998, respectivamente (Ensaios sobre a Literatura Cabo-verdiana); e A Colocação dos Clíticos no Português em Maputo, Maputo, 1997 (Estudo Linguístico).
Organizou: Pedro Cardoso: Textos Jornalísticos e Literários – Parte I, Praia, 2008; Memórias dum Pobre Rapaz, de Guilherme Dantas, Praia, 2007; e Não há Sol que Morra na Sombra do Poente – Homenagem a Manuel Duarte, Praia, 2006.
Prefaciou: A Sexagésima Sétima Curvatura, de Oswaldo Osório, Praia, 2008.
Figura nas seguintes publicações: Claridade. A Palavra dos Outros, Praia, 2010; Simpósio Internacional sobre Cultura e Literatura Cabo-verdiana, Praia, 2010; Dicionário Temático da Lusofonia, Lisboa, 2005; Cabo Verde, 30 Anos de Edições, 1975-2005, Praia, 2005; Cabral no Cruzamento de Épocas. Comunicações e Discursos Produzidos no II Simpósio Internacional Amílcar Cabral, Praia, 2005; Dicionário de Autores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Lisboa, 1997; e Cabo Verde. Encontro com Escritores, Porto, 1992.
Por ocasião do 35.º Aniversário da Independência Nacional foi condecorado com a Medalha do Vulcão, 1.ª Classe, pelo Decreto Presidencial N.º 11/2010, “em reconhecimento pela sua importante contribuição para a promoção e o desenvolvimento da cultura nacional” (conferir aqui).
Em 2010 foi-lhe atribuído a Comenda Joãozinho da Goméia pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB).
Brito-Semedo participa activa e frequentemente em múltiplas actividades culturais, através dos meios de comunicação social – Ver RTP-África, "Programa Nha Terra Nha Cretcheu", (Jan.2009 - Parte I e Parte II);"TV Galicia - 'Eugénio Tavares, O Filho do Mar'" (2010 - Parte I); "Telejornal TCV" (20.Jan.2010; 05.Jul.2010; 07.Out.2010; 19.Out.2010); RCV, Programa "Perfil" .