Rui Moreira
Ministro Edson Santos - Seppir
Zózimo Bubul - também homenageado
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Por Flávio Bittencourt Em: 27/02/2010, às 21H24
Estórias de Dona Helena - As desditas da Senhora Vovó
Em Barra Mansa, Estado do Rio, há 55 anos, uma pobre avozinha só contou desditas.
(http://paginas-com-sentimentos.blogspot.com/2009_07_01_archive.html)
O negrinho, pintura de Almeida Júnior
(José Ferraz Almeida Júnior, 1850 - 1899,
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Almeida_J%C3%BAnior_-_O_Negrinho.jpg)
(http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/foto/0,,21654710,00.jpg,
onde se pode ler: "O burburinho sobre a morte de Michael Jackson criou uma nova geração de fãs do cantor. Um menino de 2 anos foi filmado pelos pais imitando a cara de mau de Jackson e berrando “Beat it! Beat it!” toda vez que um celular tocava esse hit do cantor. A fofura foi vista 200 mil vezes" [Revista Época])
"Léa Garcia faz Mãe Santinha em "O Maior Amor do Mundo", filme de Cacá Diegues
Foto: Divulgação "
(http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2778,1.shl)
(http://www.minharte.com/logocasadavo.jpg)
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(Foto de cena: Memórias da Chibata, filme em curta-metragem dirigido por Marcos Manhães Marins, exibido no 3º Festival de Cinema e Meio Ambiente de Guararema (24 a 31.8.2008), Ação Cultural: Instituto Votorantim / VCP Votorantim, Seção "Curtas para adultos", 28.8.2008, 19h00 [*])
[*] - Em http://www.imdb.com/title/tt0831918/fullcredits, cast, consta, no elenco do filme: Leonardo Bandeira (Juca) e Léa Garcia (avó de Juca); o curta-metragem Memórias da Chibata (Brasil, 2006) serviu de inspiração à elaboração de roteiro de um - ainda em fase de pré-produção - longa-metragem, Chibata, como informa o verbete biográfico 'Marcos Manhães Marins' da Wikipédia: "(...) Em 2007, Manhães Marins trabalha em seu projeto de longa metragem Chibata, que é um desenvolvimento do tema dominação do homem pelo homem, a partir da extensa pesquisa feita desde 1997 para seu premiado curta Memórias da Chibata. (...)", http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcos_Manh%C3%A3es_Marins
(http://ointojo.blogspot.com/)
(http://ecosdotelecoteco.blogspot.com/2009/12/papo-de-teleco-teco-uma-discografia.html,
onde se pode ler: ""(Sargentelli) Era também botafoguense doente. Falar mal do Garrincha
ou do Nilton Santos era xingar a mãe dele (...)".
"A atriz Léa Lucas Garcia de Aguiar, conhecida como Léa Garcia, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de março de 1933. (...) Léa tinha apenas 11 anos quando sua mãe morreu. Foi morar com sua avó materna, D. Constança, que era tão elegante quanto a filha e trabalhava como "governanta" para a rica e tradicional família Godoy. A menina passou a usufruir do conforto da nova casa e foi estudar em conceituados colégios cariocas. Tinha 16 anos quando conheceu Abdias do Nascimento, que, juntamente com Guerreiro Ramos, fundara o Teatro Experimental do Negro. Encantada com aquele mundo novo, Léa passou a 'matar aulas' para desfrutar de tardes de poesia e assistir a espetáculos de teatro. O pai de Léa, irado ao descobrir as faltas das filhas no Colégio, deu-lhe uma surra no meio da rua. Revoltada, Léa fugiu de casa e passou a viver com Abdias, 20 anos mais velho, não voltando jamais. O caso teve ampla repercussão na imprensa carioca da época. Abdias, por sua militância a favor dos direitos dos negros era muito visado e perseguido. Nas manchetes dos jornais era acusado de ter 'violentado' uma estudante ainda menina. Esses fatos foram decisivos na formação da personalidade guerreira de Léa Garcia, que enfrentou o feroz preconceito de parte da conservadora sociedade carioca da década de 50. Estreou como atriz em 1952, com "Rapsódia Negra" de Abdias do Nascimento, no Teatro Recreio, recitando o poema "Navio Negreiro" de Castro Alves. Atuou simultaneamente no teatro, cinema e televisão. No teatro participou de grandes sucessos como "Orfeu da Conceição" em 1956, "Casa Grande e Senzala", "Cenas Cariocas" e "Piaf", entre outros. Na história do cinema nacional seu nome também merece destaque. "Orfeu do Carnaval" (2º lugar como atriz no festival de Cannes), "Ganga Zumba", "Ladrões de Cinema", "A Deusa Negra" e recentemente "Cruz e Souza", foram alguns dos muitos filmes onde atuou. Na televisão, Léa sempre teve destaque em suas atuações, vivendo grandes personagens em novelas que marcaram época como "Selva de Pedra", "Escrava Isaura" e "Marina", além de participações em especiais e minisséries. Um de seus papéis de maior destaque na TV foi Rosa, da novela "Escrava Isaura". Era o segundo papel feminino da novela e o seu maior sucesso internacional, até hoje. (...) Por suas opiniões e questionamentos, Léa foi escohida pelos alunos do Guilford College, nos Estados Unidos, como uma das dez mulheres que, durante o século 20, contribuíram para a luta pelos direitos humanos e civis no mundo. Léa Garcia foi a única brasileira escolhida para receber esta homenagem. Por conta de Orfeu, Léa Garcia, aos 24 anos, foi indicada para concorrer ao Leão de Ouro, prêmio do Festival de Cannes. Conquistou o segundo lugar, perdendo o título de melhor atriz para a francesa Simone Signoret e ficando à frente da fabulosa Ana Magnani, de quem a jovem Léa Garcia era fã. (...) Fontes: Revista Raça, Site Portal Afro, Imdb. Fotos: Site Gilberto Braga sites diversos e Comunidade 'Por onde anda?', do Orkut. (LR)",
http://ondeanda.multiply.com/photos/album/66; O GRIFO EM '2º lugar como atriz no Festival de Cannes' é desta Coluna "Recontando...")
"Premiação do 32° Festival de Gramado (16 a 21 de agosto / 2004) - Cinema Brasileiro e Latino - (...) 6) Melhor Atriz - LÉA GARCIA & RUTH DE SOUZA / (filme) FILHAS DO VENTO (...)"
(http://www.festivaldegramado.net/noticia/93 [A célebre atriz Taís Araújo, nessa mesma ocasião, dividiu o prêmio de melhor atriz coadjuvante com Thalma de Freitas; minha ex-colega do IACS/UFF - e venerada amiga do coração - Luelane Loiola Corrêa recebeu o prêmio de melhor montagem, pelo perfeito corte da película O QUINZE])
Homenageando a grande atriz brasileira Léa Garcia, que
já conquistou o prêmio de melhor atriz no Festival de
Cinema de Gramado (Estado do Rio Grande do Sul, Brasil
[http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9a_Garcia]), ficou em
segundo lugar na disputa pelo prêmio de melhor atriz
no Festival de Cannes (França) e trabalhou em produção
cinematográfica que ganhou o Oscar de melhor filme
estrangeiro, nos Estados Unidos; se esta estória fosse filmada -
e se coubesse a esta Coluna o privilégio da escolha da atriz
para interpretar A AVÓ DO MENINO SONOLENTO -, seria ela
a escolhida;
ao menino, hoje adolescente, Leonardo Bandeira, que
interpretou Juca, o neto da Vovó, no curta-metragem Memórias
da Chibata; a Marcos Manhães Marins, o realizador do filme;
a Carlos Diegues, Oswaldo Sargentelli (in memoriam), Pinah,
Sua Alteza Real Charles Philip Arthur George Mountbatten-Windsor,
Príncipe de Gales e Duque de Rothesay, Ruth de Souza, Taís Araújo,
Thalma de Freitas, a amiga Luelane Corrêa e
a também amiga Sra. Helena, contadora de estórias autobiográficas
de evidente valor literário e cinematográfico
28.2.2010 - Início da noite de domingo de Carnaval, em Barra Mansa, há 55 anos: todos os blocos carnavalescos estavam convergindo para onde dezenas de ônibus lotados também chegavam, na mesma hora, no Centro daquela cidade fluminense - Esta estória foi contada por Dona Helena (65 anos de idade, em fevereiro de 2010), que mora em Brasília, na Asa Norte. É minha vizinha e amiga.
Dona Helena nasceu e foi criada em Barra Mansa.
Quando ela era pequena, num domingo de Carnaval, ao voltar da chácara de seus avós, nos arredores rurais da cidade, para a sede do Município, aconteceu o que agora se começa a narrar.
A mãe de Dª Helena, que era casada com um senhor conceituado na cidade, sentou-se num ônibus abarrotado de passageiros, ao lado de uma senhora afrodescendente, cujo netinho estava em seu colo. O guri estava morrendo de sono (a noite já havia caído) e ele, sofridamente, cabeceava em seu colo.
Foi quando a vovó do menino começou a conversar com a mãe de Dª Helena, contando desditas sobre desditas. A mãe do menino havia caído no mundo, para tentar sobreviver, depois de ter sido abandonada pelo marido. O fardo da grande responsabilidade de criar o menino caíra sobre ela, portanto.
Como se não bastasse tanto peso de responsabilidades, gastos e afazeres, o menino ainda pedira para que ela o levasse ao Carnaval de rua do Centro de Barra Mansa, naquele dia. Como acima se assinalou, era desdita sobre desdita!
Dª Helena, nesse trecho do relato, refere-se ao fato de que ela não se lembra das palavras exatas daquela vó, possivelmente muito cansada, que fazia o sacrifício de levar o neto ao Carnaval. A estória foi transmitida à Dª Helena por sua mãe, que foi sentada ao lado da avozinha negra, mas a filha se lembra do dia e do cenário quase dantesco, só não se lembra das palavras daquela cansada vozinha (assim, a estória é verdadeira, mas as outras desditas da senhora que com sua mãe conversava, dessas Dª Helena não se lembra mais...).
Pois bem, ocorre que o menino não parecia absolutamente concordar com a avó, quando esta dizia que a culpa por ter de levar o sonolento menino - que tinha, talvez, 8 ou 9 anos de idade - ao fulcro da confusão (o Carnaval de Barra Mansa era muito concorrido!) era do próprio garoto.
"O ônibus parecia um vestibular do inferno", lembra Dª Helena. Todos muito apertados, ninguém falava nada, até mesmo porque os passageiros estavam interessados em ouvir as tristezas da vida daquela idosa senhora.
Assim é que, em certo momento, o ônibus chegou ali onde aquele e outros veículos formavam um cerrado engarrafamento, já que todos se dirigiam para o mesmo local, no Centro daquela cidade. Como se não bastasse ninguém conseguir se mover dentro daquela verdadeira "lata de sardinhas", a rua também estava assim: completamente lotada.
"Estávamos muito cansadas, eu e minhas irmãs, que gastáramos todas as nossas energias em brincadeiras e correrias sem fim, na casa de meus avós". Só pensávamos em dormir, naquele desconfortável momento, acrescentou Dª Helena.
Foi nessa hora que a performance da velha se iniciou. Ela não estava perto da porta do coletivo, mas, puxando o menino ("que já estaria do 18ª sono, se estivesse em sua cama"), aos trancos, rodopiando com um verdadeiro pião, ganhou rapidamente a rua.
Minha mãe só se lembra daquela sofrida pessoa, sambando espetacularmente, com os braços levantados, rodando para evoluir no meio de uma massa compacta de pessoas. E, todos parados, só ela conseguia avançar, andando. Andando e rodando, rodando e andando, deslizando para o meio do Carnaval.
O menino sumira da visão de mamãe, por causa de sua altura, mas a sofrida senhora, sambando freneticamente, como uma verdadeira Pinah de vinte e cinco anos depois, rodopiando como só ela conseguia fazer, lá adiante continuava a ser vista, com seus braços erguidos, na euforia louca do Carnaval: todas as suas desgraças acabaram quando ela se levantou da cadeira do ônibus. Minha mãe contava que o samba corporal da velha começara antes de ela ganhar a rua, já evoluindo dentro da "lata de sardinhas", onde ninguém - menos ela - conseguia se movimentar. E ela girava e girava, encontrando uma forma de adiantar-se, ali mesmo, por onde não passaria nem mesmo uma agulha, ainda que girando sem parar.
Quando ela se levantou, suas desditas terminaram. Era Carnaval, um balacobaco-telecoteco-ziriguidum de fazer inveja aos músicos do show do finado Oswaldo Sargentelli já se fazia ouvir no interior do coletivo - e as desgraças da velha desapareceram instantaneamente. Ela até se esqueceu de se despedir de mamãe.
P.S. - Quando ingenuamente perguntei à Srª Helena como é que o menino poderia, mexendo a cabeça, manifestar discordância com relação à idéia de que foi ele quem teria pedido para ir ao Carnaval de Barra Mansa, uma vez que o guri estava cochilando, respondeu-me ela, prontamente: "MAS ELE ACORDAVA, QUANDO OUVIA ESSA GRANDE MENTIRA!".
http://pontape.net/peixepalhaco/?p=357)
(http://niltinhovieira.zip.net/images/carnaval1.JPG)
(http://www.diariodopara.com.br/imprimi_noticiav2.php?idnot=74493)
Pinah: À frente da Beija-Flor de 1977 a 1990, Maria da Penha Ferreira foi uma das mais exóticas rainhas da história do Carnaval carioca – sua marca registrada era a careca. Em 1978, encantou o príncipe Charles e foi apelidada de Cinderela Negra.
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(http://revistaquem.globo.com/Quem/0,6993,EQG1670742-2157,00.html)
Foto: Ernesto Rodrigues/AE
(http://odia.terra.com.br/Carnaval/htm/memoria_da_folia_herois_de_ontem_e_de_hoje_157142.asp)
(http://farm1.static.flickr.com/9/16678219_055909fd29.jpg)
LÉA GARCIA, merecidamente homenageada em evento cultural
ocorrido em julho do ano passado (2009)
(http://blogdovila.blogspot.com/2009_07_01_archive.html)
(http://www.africaeafricanidades.com/imagens/menino%20negro%20lendo.jpg)
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"Quinta-feira, 9 de julho de 2009
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"Orfeu do Carnavaltitulo original: (Orphée Noir) lançamento: 1959 (França) direção: Marcel Camus atores: Breno Mello, Marpessa Dawn, Lourdes de Oliveira, Léa Garcia, Alexandro Constantino duração: 103 min gênero: Drama |