Esdras do Nascimento em entrevista de O-Bule

"Alguém se lembra daquela moça chamada Simone de Beauvoir, como romancista? Nunca teve qualquer importância nessa área, embora tenha se esforçado muito. Chegou a publicar um romance de qualidade pouco abaixo da média, Os mandarins, que fez muito sucesso devido às suas características de documentário jornalístico. Não passou disso. Aparecia muito na mídia, contribuiu para a conquista de alguns direitos das mulheres, ocupa lugar indiscutível na história dessa luta. Mereceu os aplausos recebidos. Deus a tenha. Ou o Diabo. Já que a moça era ateia. Isso nada tem a ver com literatura. Algumas das minhas obras foram discutidas em círculos feministas. Principalmente o conto Olhar de bicho doente. O olhar era sempre extra literário. Valioso, talvez. Mas fora do meu campo de interesse. Não sou psicanalista, nem sociólogo, nem cientista político. São atividades humanas relevantes. Sem dúvida. Mas não posso me dedicar como gostaria a todas as vertentes do pensamento. O centro de gravidade da minha vida é a prática literária. Se o mundo vier a me creditar por algo — o que talvez jamais aconteça e não me fará a mínima diferença - esse algo será aquilo que eu tiver criado com meu trabalho de escritor."
 

Esse é um trecho da entrevista do romancista piauiense  Esdras do Nascimento, Ele nasceu em 1934, em Teresina, Piauí. Passou a infância e adolescência em Fortaleza e Natal. Viveu depois em Crato, Porto Alegre, Santa Maria, Rio e Brasília. Esteve dez anos no Exterior: Amsterdã, Londres e Nova York. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela PUC-Rio, Mestre em Comunicação e Doutor em Letras pela UFRJ. Antes de criar condições para se dedicar exclusivamente ao seu trabalho de romancista, Esdras do Nascimento foi comerciário, professor, jornalista, tradutor, bancário e gerente de empresa financeira internacional. Em 1998, com Lição da Noite, ganhou o prêmio "Melhor romance do ano", da Associação Paulista de Críticos de Arte". Dirige, no Rio, uma Oficina de Criação Literária, voltada para o conto e o romance.

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Suas principais obras são: ROMANCES - "Solidão em família", 1963; "Convite ao desespero", 1964; "Tiro na memória", 1965; "Engenharia do Casamento", 1968; "Paixão bem temperada", 1970; "Variante Gotemburgo", 1978; "O ventre da baleia", 1980; "Jogos da madrugada", 1983; "As surpresas da paixão", 1986; "A dança dos olhares", 1993; "Minha morte será manchete", 1994, e "Lição da Noite", 1998. CONTOS E NOVELAS: "Vinte Histórias Curtas", 1960; "Quatro num fusca", 1974; "Aventuras do Capitão Simplício", 1982; e "O Barba Azul de Ipanema", 1988. ENSAIOS: "O mundo de Henry Miller", 1969, e "Teoria da comunicação e literatura", 1975".
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O seu próximo romance, A rainha do calçadão, sairá ainda neste primeiro semestre pela Editora Global.
 
Para ler a entrevista na integra visite o site de O-Bule. Entre os colaboradores da Revista Literária, Geraldo Lima, que também colabora com o Portal Entretextos. È de Geraldo a pergunta que deu origem às declarações de Esdras do Nascimento na abertura deste texto.
 
Eis o endereço da entrevista em  O-Bule: