Escritos em tempos sombrios de pandemia e solidão(Conclusão)
Por Cunha e Silva Filho Em: 17/10/2021, às 15H23
O tema do Simbolismo, no Brasil e no exterior, sempre me foi muito caro e não foi gratuita a sua retomada no meu período de doutorado. O professor de literatura da UFRJ, Godofredo de Oliveira Neto, romancista apreciado e ensaísta muito respeitado, pessoa muito estimada, no segundo semestre de 1997, ministrou um curso sobre Cruz Sousa(1861-1898)), porém não centralmente focado na poesia do autor de (Broquéis 1893), mas num texto basilar em forma de ensaio, cujo título é “O emparedado.”
Ora, para desenvolver uma monografia sobre o citado texto de alta relevância ao entendimento da gênese estético-poética cruz-e-sousiana, implicaria, por si só, na (re)leitura em profundidade de toda a obra do grande vate catarinense, a par das leituras adicionais da bibliografia fornecida pelo orientador, constante de variados e, alguns deles, fundamentais ensaios de analistas do universo poético de Cruz e Sousa. O meu trabalho resultou na minha monografia, sob o título ”Cruz e Sousa: os limites do emparedado”( Faculdade de Leras da UFRJ, 2º semestre de 1997, 27 p.).
Voltando ao que vinha anteriormente comentando sobre o querido amigo Valmir, como tributo à nossa amizade, bela e leal, transcrevo. A seguir, uma cartinha do professor Vilmar, escrita em inglês, e expressa no seu habitual modo fidalgo e delicado de se dirigir a mim:
Duque de Caxias, April 14th, 1988
To my friend Francisco, a very special friend
These words are being written to say that I’ve received the book and I also thank you very much for your kind words about both the book and me.
I’m very glad that you’ve enjoyed the book and I hope I may send you other books like this one.
Best of luck to you, too.
Yours faitfully
Vilmar
P.S.: Sorry, but my English is not so good as yours What a pity!
Tradução:
Ao me amigo Francisco, um amigo muito especial
Escrevo-lhe estas palavras para informá-lo de que recebi o livro e lhe agradeço muito pelas amáveis palavras não só a ele referentes, porém a mim igualmente.
Sinto–me jubiloso por haver apreciado o livro e espero enviar –lhe mais outros semelhantes a este.
Sinceramente,
Vilmar
Tudo de bom para V.também.
P.S.: Me desculpe pelo meu inglês não tão bom quanto o seu. Que pena!
Essa cartinha de Vilmar está guardada há conforme se vê, pela data da escrita, há muitos tempo. Entretanto, ao lê-la, após trinta e três anos, não resisti a lhe dar uma resposta ainda que tenha decorrido esse longo lapso temporal.
Por outro lado, ao lhe dar uma resposta, agora, não em forma igualmente epistolar, mas como um texto-homenagem à sua pessoa, um destinatário póstumo, sei bem o quanto o sentimento da saudade me foi um lenitivo a fim de, posto que palidamente, mais uma vez, retribuir a minha sinceridade e admiração recíproca por alguém que se foi em razão da efemeridade da existência humana. Eis a texto que lhe dirigi com algumas palavras provocadas pela leitura da já envelhecida cartinha de 1988:
To my friend Vilmar:
Vilmar was a good friend of mine. He was my great colleague when we both worked together in two schools: one, a public school, and the other, a private school very near the former one. I was invited by him to work in the private school. This dates back to the decade of 1980, better saying, at the end of the 80s.
He was a very simple English instructor, but, underneath his simplicity, he hid an excellent mastery of the English language.
He died prematurely when he was still working at the above mentioned Instituto de Educação Governador Roberto Silveira, and in another school, as also cited before, a private middle-class high school, which mantained both the junior and senior high school. At the private school he was the coordinator of courses and at the same time he taught English, while I taught Portuguese language and Brazilian literature.
However, at the Instituto de Educação Governador Roberto Silveira I taught both English language and Brazilian literature. Unforatunately, I was not working any longer at both schools where he and I worked for quite a good time.
I had to move to another school in Rio de Janero, located nearer my home address. Besides, I had already started my academic studies to get a Master degree in Brazilian literature from Rio de Janeiro Federal University ( UFRJ, in the Portuguese acronym).
I ’ ve never forgotten such a good bosom friend and excellent teaching actvity coleague. If you per chance want to learn what real friendship is about, please read Vilmar‘s short letter addressed to me.May he live forever in my long teaching activity memoirs. Requiescat in pace, my dearest friend Vilmar. Rio de Janeiro, February 11, 2020
Tradução :
A meu amigo Vilmar
Vilmar foi um grande amigo. Um excelente colega durante o período em que trabalhos juntos em duas escolas,uma, pública, a outra particular e pertinho da primeira. Fui para esta última por ele convidado. Isso remonta à década de 1980, mais precisamente, ao final dos anos de 1980.
Era um professor de inglês muito desprendido, no entanto, por sob essa capa de simplicidade, se ocultava um mestre com excelente domínio da língua inglesa. Infelizmente, não mais estava lecionado nas duas escolas onde ele e eu convivemos por bom tempo.
Tive que me mudar para uma outra escola estadual no Rio de Janeiro, por ser mais perto da minha casa. Além disso, já estava fazendo o meu Mestrado em literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Vilmar faleceu prematuramente quando ainda trabalhava no Instituto de Educação Governador Roberto Silveira, já mencionado, e na também citada escola particular ,um estabelecimento de ensino de classe média, dos níveis fundamental e médio. Nela ele foi coordenador dos cursos e ao mesmo tempo professor de língua inglesa, ao passo que eu lecionava apenas língua portuguesa e literatura brasileira. Todavia, no Instituto Governador Roberto Silveira ensinei tanto língua inglesa quanto literatura brasileira
Jamais esqueci esse amigo do peito e excelente colega do magistério.Se, por acaso, alguém desejar saber o que é uma amizade autêntica, por gentileza, leia esta breve missiva de Vilmar a mim dirigida. Que ele permaneça indelevelmente nas minhas longas memórias de docente. Requiescat in pace, meu queridíssimo amigo Vilmar. Rio deJaneiro,, 11 de fevereiro de 2020.