Em Brasília, ele vende seus livros na rua.
Em: 05/02/2015, às 09H20
Desde criança, Marcelo Oliver, 26 anos, dava a entender que gostava de brincadeiras mais imaginativas. Muitas vezes, sentado no telhado da sua casa no Maranhão, perdia-se explorando mundos que só existem na cabeça das crianças. Assim, foi desenvolvendo a capacidade de criar histórias e universos que culminaram na escrita do conto A caneta, vendido no Eixo Monumental, no sinal de retorno em frente à Câmara Legislativa.
Nascido em Tocantins, o escritor foi criado no Maranhão e morou em Mato Grosso antes de se fixar em Brasília, há três anos. Marcelo, que já tinha vários contos guardados na gaveta, trabalhou em outras áreas até decidir se dedicar exclusivamente à escrita. A mãe, Maria da Graça Pereira de Carvalho, professora de 57 anos, conta que, quando o filho ainda trabalhava como açougueiro, ele mostrou o conto que viria a ser impresso e disse que, a partir daquele momento, adotaria a profissão de escritor. Isso foi em abril do ano passado. Incentivado pela mãe, Marcelo fez a primeira impressão do livro, que já está na quarta tiragem, com 1.200 exemplares vendidos.
A ideia do conto surgiu durante uma visita ao Museu Nacional. “Eu não sei ao certo o que eu sabia naquela hora, mas tinha certeza que, enquanto olhava os quadros pendurados, alguma coisa estava tomando forma dentro de mim”, conta Marcelo. Enquanto via uma tela com riscos de tinta, ele pensou: “Nossa, isso só pode ter sido feito por alguém que acabou de descobrir a caneta”. Pronto, o conto tomou forma: um bebê, chamado Arthur, arranca a pena de um pássaro, pinta-se com o sangue do animal e mostra ao pai uma nova possibilidade que aquela pena trazia. O homem encontrou elementos que produzissem tinta na floresta em que moravam e começou a escrever, até chamar a atenção do rei, que se surpreendeu com a descoberta. A família ganhou prestígio na corte e o pai de Arthur continuou disseminando a criação da caneta pelo reino.
Marcelo precisou contar não só com o apoio emocional da família, como também com o financeiro. Ele conta que a cobrança para devolver o dinheiro do amigo, que é seu empresário, é muita. Para o escritor, o foco agora é pagar toda a dívida e se representar por conta própria. E depois de quitar a dívida? “Eu quero ir para a televisão, escrever roteiros para filmes, desenhos, novelas”, sonha Marcelo. Enquanto isso não acontece, o escritor espera vender todos os exemplares restantes de A caneta, para imprimir e começar a vender um novo conto
Fonte: Correio Brasiliense, 24.01.2015