E o setor de segurança do novo governo federal?

Cunha e Silva Filho

Vou-me repetir alhures sobre o meu país político que anda muito mal  das pernas, Me recordo que, nas campanhas petistas e bolsonaristas, um dos problemas mais prioritários - a segurança pública - não foi debatido por nenhum dos dois concorrentes e adversários mortais. E julgo que foi de propósito. Parece que ambos os candidatos à Presidência da República não o fizeram porque o que é gravíssimo deve ser posto de lado. Alguém me questionaria: E a fome não é prioridade número 1? Sim, é. Por outro lado, a fome é mais urgente? É, sim. Porém, os dois temas se imbricam e, portanto, têm equivalência axiológica.

É óbvio que qualquer Chefe de Estado se preocupe  com  o que acontece pelo mundo afora, sobretudo num mundo globalizado,   neoliberalizado e heterogêneo quanto às premissas de toda a sorte. No entanto, o Brasil precisaa é de olhar para o seu  próprio território de proporções continentais e se aprofundar em seus sérios e variados problemas que necessitam com urgência urgentíssima, tal como a segurança da sociedade civil diante da avassaladora onde de violência e selvageria nas ruas, nos bairros , nas chamadas “comunidades ( a língua portuguesa tem um gosto,  não linguístico,  mas social e antropológico para os eufemismos de não dizer a palavra certa por pura hipocrisia das pessoas,  tentando suavizar tudo com bom mocismo que não serve para nada senão para esconder as misérias e as atrocidades que o país vem sofrendo em todo o território nacional.

Como explicar o medo sempre presente de as pessoas irem aos centros, por exemplo,da maior cidade brasileira transformada em cidade na qual persistem as chamados Cracolândias que, numa corrida de gato e rato, entre ela e  a polícia paulistana, permanecem sem solução para debelar de verdade esse contingente de párias que se reúne em ruas ou praças praticando o que bem entendem,  ora usando in loco todo tipo de drogas a céu aberto, ou à noite, ora vendendo drogas ali mesmo numa troca de ações deletérias entre traficantes e usuários Isso é uma vergonha a mais a ser acrescida à vida social degradada em São Paulo, sobretudo no centro de uma metrópole que deveria dar exemplo de cidade civilizada, limpa e segura.

Onde estão o prefeito e o governador de São Paulo? Por que não têm firmeza de solucionar essa chaga maligna social que macula o cerne da sociedade brasileira? O que vejo são viaturas policiais e nada mais. O problema do tráfico continua rondando e assombrando moradores e comerciantes . E nada de sério da parte de seus governantes e da Justiça se tem visto a fim de dar cobro a essa calamidade pública. Isso me envergonha e a todo brasileiro de bem.

Vivemos num país acéfalo em vários setores da sociedade. É só blá-blá-blá tanto do governo federal quanto dos  estaduais e municipais. Cada vez mais me convenço de que o nosso país não quer reformar-se, tornando-se de verdade uma Nação da qual possamos ter orgulho. O Presidente atual, o Sr. Lula, como em outros mandatos, só sabe é viajar. Agora, vai à China. Ora, pra que temos os nossos diplomatas a fim de dirimirem questões relevantes econômicas e de outra natureza entre os dois países?

Tenho tido conhecimento de que o caso da devastação da Amazônia ainda persiste e, desta forma, não nos resta senão ficarmos atentos para os resultados dos exploradores de garimpos clandestinos e de desmatamento, além de não se ter ainda como resultados, a curto prazo, a punição do espírito de avidez de empresários à procura de ouro e de madeira.

“Too many cooks spoil the broth”, diz um provérbio inglês. O gigantismo de ministérios é outro falha do governo. Pra que Ministério da Mulher se pode haver, no próprio Ministério da Justiça, um setor ou departamento de dimensão menor, mas eficiente para cuidar dos graves problemas relacionados ao feminicídio e a vidas ceifadas por homens covardes e psicopatas que maltratam e trucidam mulheres indefesas ? Daqui a pouco, vão criar um “ministério dos homens.” Isso é uma piada nacional. O Presidente Lula deveria se preocupar não como pretenso líder internacional com propósitos de mediar a guerra deplorável entre a Ucrânia e a Rússia, assunto que ele não domina. 

Os grandes, complexos e prementes problemas braileiros  se encontram aqui e não lá fora, como a fome, a questão do garimpo e dos índios ianomâmis, e principalmente a gravíssima situação da violência infestando o país inteiro, nas cidades e nos campos, além do último problema que atravessamos: os massacres de crianças nas escolas, a atualização do Código Penal, a leniência de nossas leis penais, a fome, o desemprego, a educação ainda não reformulada, a mendicância, o alto custo de vida , principalmentae  para as  classes despossuídas e  a classe média, o transportes de massas  ruim, a saúde pública  precária, a falta de médicos, de hospitais  públicos de qualidade para os  brasileiros menos favorecidos  e o pavor de  sair à rua, confirmando, para concluir, uma frase lapidar do contista paulista João Antônio (1937-1996): “O perigo é a rua” ou estoutra do grande Guimarães Rosa (1908-1967): “Viver é perigoso,” a que acrescentaria e me valendo do autor de Grande sertão: veredas : Viver, agora, no Brasil, é muito perigoso.

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