Cunha e Silva Filho
 
 
 
     Como no Brasil, a sociedade  norte-americana está clivada. De um lado  os que  apoiam o governo  Trump, os nacionalistas, os racistas, os preconceituosos, os  inimigos dos imigrantes, até daqueles que já constituíram famílias nos território americano. De outro lado,  os seus adversários que, junto às vozes do  imigrantes,  desejam  viver num país aberto  e democrático. Trump fez um ano de sua   desastrosa  administração  questionada  por muita gente  fora dos Estados Unidos, que não aprova nada do que tem feito  o trapalhão Trump (aliterei  sem querer).
    Praticando  um  nacionalismo estreito e    perigoso – haja vista o ameaçador período de Guerra Fria após o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) vivido entre russos e americanos -  e tendo  sua  vitória   envolvida  com uma suposta  ajuda   do governo  russo temperada com  espionagem e traição, o que, por si só, soa estranhamente   mal a um país que nunca  foi  tão  próximo  da política  russa, Trump, nesse  breve período de (des)governança, tem infernizado   a vida   de muitos americanos, sobretudo  de imigrantes.         
   Trump, que não tem  preparo intelectual e político  algum  para ser presidente de uma nação do porte dos Estados Unidos, tem tudo feito para desagradar grande  parte dos americanos natos e dos imigrantes, agora chamados de dreamers (sonhadores)  lutando, a todo custo,  a fim de  permanecerem  no país  que já teve  grandes e  honrados presidentes, como, só para mencionar um exemplo,  o grande Abraham Lincoln. Como o nível de presidentes  americanos caiu tanto ao ponto de  levar ao posto mais  alto da nação um  magnata,  xenófobo,   sem perfil  para exercer  a função  a que o alçaram   para a infelicidade  de tantos na América!
 Desejando, sem responsabilidade, desconstruir algumas conquistas sociais  alcançadas por  Obama, sendo a mais badalada  o  sistema de plano de saúde universal, beneficiando, assim,  os mais  desfavorecidos,  Trump tem-se distinguido apenas por  atitudes  e ações  impensadas e desconexas. Um jornalista brasileiro  com razão  já o comparou a uma criança. Eu diria a uma  criança  mimada, cheia de caprichos que parece estar brincando de presidente para servir de motejo  dos povos civilizados.  
   A meu ver,Trump governa de improviso, atabalhoado, sem direção, ou melhor,  em direções  perigosas, diz  besteiras,  usa de fake news nas redes sociais e tem  projetos mal formulados  que só agravarão ainda mais  a imagem dos  Estados Unidos  mundo afora. Não vejo muito futuro no seu mandato a menos que dê uma guinada  saudável abdicando de seus  planos  controversos  e  prejudiciais ao povo. Diria: ainda é tempo, Sr. Presidente,  de  começar  seu  governo  from scratch, voltando a   sua atenção à convergência e não à divisão de uma sociedade multifacetada  como a americana.
    Sua ideia de construção de um muro separando (modelado  a ideias nazifascistas do Muro de Berlim, o “Muro da Vergonha”)  o seu  país do México é estapafúrdia e vai na contramão das conquistas  de direitos humanos dos  tempos atuais  tão necessitados de paz, união e solidariedade entre os povos.
    Não pense que,  insuflando a divergência e a desunião da sociedade americana  vai  conseguir  realizar  uma administração boa   que possa tornar  o EUA uma nação acolhedora, que trate  os imigrantes e os estrangeiros  de forma  civilizada, com respeito e dignidade, não  revistando  pessoas  só porque não sejam  brancas, de olhos azuis e cabelos lisos.
    O Sr. não vai  colher bons frutos de seu governo  chamando nações mais pobres  de países "de merda" Nada disso,  é pela compreensão  que o Sr.  vai  unir os  americanos, quer  os adeptos de suas ideias  nacionalistas  e retrógradas, quer  os que  estão a favor  de uma sociedade  mais igualitária,  não aquela com a qual    conduz a sua vida de  milionário e capitalista   empedernido.
   Trump não deve perder  de vista aquele velho   lema  que dizia ser os EUA the land of  opportunity. Obama governou o país  numa direção bem mais democrática e com  objetivos   centrados  nos mais humildes e numa nação  mais humana. Ele próprio, sendo o primeiro  presidente negro,  foi exemplo de que os americanos   também  são contra qualquer forma de apartheid. Tal demonstração dos americanos é prova inconteste de que esse povo empreendedor historicamente tem um passado   de que seguramente se orgulha.
   Se Trump conhecesse as biografias de um George Washington, de um  Lincoln, de um Jefferson, de uma Benjamin Franklin, de um  Franklin Delano Roosevelt  certamente  teria  uma visão  séria,   madura  e responsável  da qual tiraria  lições de como  conduzir  uma nação com acerto, com  espírito democrático e com a aprovação da grande maioria do  povo americano.
 Todavia, Trump não quer uma biografia  honrada, reverenciada  e  aclamada  livremente  pela  nação,  cuja índole é ter sido, até agora,  democrática.   
  Expulsar  aleatoriamente  imigrantes  que há tanto tempo  moram  no pais,  prender   autoritariamente  pessoas  com aparência de  imigrantes,  infelicitando tantas famílias bem formadas e adaptadas às leis americanas,  pessoas  já deram  sua contribuição ao progresso dos EUA, não é a maneira  justa e  democrática de tratar  imigrantes.
  As passeatas, s manifestações contra o autoritarismo do governo Trump são sinais evidentes de que ali não estão  pedindo   algo  que tipifique   qualquer  infração  à Constituição  dos EUA. Reivindicam  esses imigrantes apenas o que  por justiça lhes cabe  reclamar: o  direito e a vontade de viver  na América, alguns com filhos já fluentes em inglês e  com  hábitos  adquiridos  por qualquer americano  nato e branco.   
  O presidente Trump deveria ter em mente  que não se governa apenas para os  ricos e os influentes.  A sociedade, embora com níveis de renda  diferentes, segundo   o sistema capitalista, nem por isso deve   cair no erro   imperdoável de  tratar  com desprezo os imigrantes. Além disso,  os EUA  são  historicamente um país de imigrantes e é por essa razão  que Trump deveria, se quiser continuar no poder,   mudar  suas  posição  de  considerar  o estrangeiro, o de fora como  se todo  mundo  fosse terrorista,  bandido  e cidadão de segunda categoria.