DOIS CULPADOS  PELOS DESMANDOS  GOVERNAMENTAIS?

 

Cunha  e Silva  Filho

      

       Encontraram   malandramente, pelo menos,   dois  bodes  expiatórios  para os  desgovernos  e autoritarismos   da crise  brasileira em vários aspectos:  1) a inflação  em  países   importantes   e ricos,  como os Estados  Unidos,   a Inglaterra.2)  a guerra na Ucrânia. Com  esses dois    trunfos   o governo   brasileiro    se desvencilha  de maiores  críticas  e  palavrões  dirigidos aos  políticos  e  ao governo  central no que diz respeito dos desmandos  dos nossos  dirigentes  palacianos.  Postos nestes  termos, não vou  discutir  aqui  esses dois  bodes  expiatórios,  mas   vou   expor  temas que,  indiretamente,  a eles estão transversalmente  associados.  Meu temas  em crônicas  não são  uma exploração   únivoca,   mas confluem  ou defluem do chamado eixo central.  São, antes, formas  metonímicas   sob o manto das digressões possíveis  e convenientes  no ato da  escrita.   

      Ora, isso  não deixa de  configurar   cinicamente  duas fake News  impostas, goela  abaixo,  na sociedade  dividida  em fanatismos dangerosísssimos (me inspirei,  nessa expressão,  no  grande  Carlos Drummond de Andrade (1902-1987),  que foi  um  dos cronistas mais   argutos e atuais  do seu tempo, célebre pelos  seus  corajosos    artigos  publicados no    saudoso  Jornal  do Brasil)  bolsonaristas   e  petistas.

      Para suavizar ainda mais   a indignação geral da nação   surgiu,  ontem, na tela  da TV  uma  manifestação   popular   em diversos   lugares   da  “Marcha de Jesus,”  numa das quais  não faltou a presença indesejável e  ambígua   do  presidente da República    atual, assim como  um  comício   em que o  Lula,   mais uma, vez,  tenta  recuperar   um partido  já ruído e desacreditado.

    Ora,  quanta alienação    arquitetada  nos subterrâneos de manipuladores ocultos em palácios  ou  lugares   (in)determinados   a fim  de    de,  mais um  vez, engabelarem  a sociedade  cindida  propositalmente   a  fim de manterem   seus privilégios eternos    e autoritários  e  convivendo  com   milhões de   famintos  e analfabetos funcionais uma  população carecente   de  maior  tranquilidade   paz interior   num país   assolado  por   crimes e  violências  diárias,  particularmente nos grandes centros   urbanos.

        Não só de  fé  vive uma nação   depredada  por  politicagem    oportunista e ávida de abiscoitar   uma fatia de  poder  em mandatos  conseguidos   por  vários tipos  de   indivíduos  que  querem  dar continuidade  a seus  projetos  pessoais   quando  assumirem   os altos  cargos   de mandatos. E , mais um vez, serão    os vitoriosos  de  eleitores  despreparados  ou   que   se reparam   para  escolher   candidatos  sem  as mínimos  condições orais  e intelectuais  de exercerem funções  públicas.

    Um nação  que se preza  cuidaria   incontinenti  de seu   locus   de prioridade   mais relevante :a educação  de seus filhos.  Não a educação edulcorada  que  vemos  em   eventos efêmeros   cuja   continuidade   pode,  muitas vezes,  se reduzir   temporalmente  ao dia   alegre e festivo dos eventos  e debates   que têm mais  o   poder  de  dar  aparência   de aprimoramentos eficazes  e certeiros nos seus  objetivos   traçados   no âmbito da educação de  crianças,  jovens e adultos.

      Ora a ferida  crônica, secular   não  reside nesses  eventos  de cunho  elitista  e falsamente   agregadores  das reais carências   de instrumentos  eficazes   e efetivos  que só  mudanças     políticas públicas  sérias  e comprometidas  com o bem-estar social poderiam    colimar. 

     A escola  pública brasileira,   ou seja, as estaduais e municipais,  estão  no mesmo  passo  de cágado de determinadas  décadas (inclusive  durante  o  longo período da ditadura militar, quando  o ensino  era precário  e os  professores  sofriam privações  decorrentes de  salários  aviltantes   e indecorosos).Isto  porque as escolas pública,  geralmente  seriam supostamente  destinadas  aos pobres   enquanto   que aos ricos   havia  as renomadas  escolas  particulares  conhecidas  dos que lidam  com   ensino e educação ne  nosso país.

   Era um verdadeiro apartheid  de  formas  de  ensino-aprendizagem. Por outro lado, é também   verdade que,    aproximadamente,  nas décadas   que vão até os anos de  1960 ou 1970, havia  colégios (Liceus)   públicos  nas capitais ou mesmo  em  cidades  mais  desenvolvidas  do território  nacional   um ensino de alta qualidade   comprofessores    que eram respeitados  pela sociedades locais.

   Eu citaria  o antigo Liceu Piauiense,   onde, no início dos anos de 1960,   cursei  o científico. Nele havia  professores de  altíssimo  nível   educacional, professores catedráticos  do hoje  ensino  médio,    escritores, intelectuais, autores de livros  que   lecionaram    ali durante muito tempo.

    Hoje,  tem-se  maior  instrumental   técnico-científico,  mas isso   não atinge  a maior parte do ensino  público    estadual ou municipal. Da mesma forma que a remuneração dos professores continua aviltante para vergonha  clamorosa  de  governadores e  prefeitos de plantão. A sociedade  afluente  não tem  apreço aos professores, os quais são até motivos  de  motejos   no que    tange aos seus  crônicos salários   baixíssimos para a alta relevância de sua missão   educativa. Grosso  modo, a  Escola  Tradicional  ainda  é melhor  do que  a Escola dita Moderna, visto que  de moderna  só tem  o nome,   uma vez que  o ensino-aprendizagem  é deficiente em  repetindo  os salários dos docentes  são   baixíssimos.

    Neste país  assimétrico  social   e culturalmente,   o que   se vê  são falácias  no campo  da educação e do ensino.  Por  exemplo,   é o caso  de  se citar,    na Pasta da Educação, ali    haver passado   uns três ou quatro    ministros   que  tão-só deram exemplos de como  não ser  ministro da  educação,  sobretudo   porque,   no  atual   governo   federal,   a educação  sofreu  uma  desvalorização sem precedente e com um agravante, sinais de corrupção   e de propina  num conluio entre  o  último  ministro  e  pastores  evangélicos que nem mesmo pertenciam  aos quadros  do funcinalismo  federal  no setor  da educação. Que péssima imagem    no exterior de um país  que tem dado as costas  não somente para   a educação  mas notadamente  para os magnos  problemas  sociais,   culturais,  financeiros, assim como  retrcessos estruturais   na saúde,  na segurança   pública, nos transportes,  e no recrudescimento da fome  de milhões de  brasileliros. 

     Um país  onde  a fome   reacende  com vigor     fora do comum para vergonha   da  sociedade   brasileira dividida,    individualista, cúmplice, dissoluta, hedonista   e hipócrita e indiferente às grandes questões   que nos desafiam: criminalidade galopante,  insegurança, injustiça social e, para concluir,  uma sociedade  decadente, indiferente, vivendo do instante   glamuroso sob a ameaça do medo e da impunidade crônica.